A Super Quarta não teve surpresas, enquanto o FED manteve a taxa de juros entre 4,25% e 4,50%, por aqui, com a pressão da alta da inflação, do dólar e do preço dos alimentos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), após reunião de dois dias, elevou a Taxa Selic em 1 p.p., passando da atual 12,25% a.a para 13,25%. Essa foi a quarta elevação consecutiva da taxa de juros. A votação foi unânime.

Essa foi a primeira reunião sob o novo comando do presidente do BC, Gabriel Galípolo, indicado por Lula no fim do ano passado. Na época, acreditava-se que, como ex-membro do governo, Galípolo poderia amenizar os aumentos da Selic, o que não se confirmou. O BC tem autonomia e independente de quem ocupe a cadeira, o que é considerado é o cenário da economia, e o atual não está nada bem.

Adriana Dupita, vice-chefe Economista de Mercados Emergentes da Bloomberg, havia antecipado esse aumento, aliás, o mercado e a população também esperavam. “As projeções dos analistas e a precificação da curva de juros indicavam que esta seria a decisão. Apesar da recente melhora nos mercados de juros e câmbio, as condições econômicas continuam a apontar para a necessidade de uma política monetária ainda mais apertada.”

O comunicado oficial do BC sinaliza que na próxima reunião ainda terá um novo aumento.

Impacto

De acordo com Felipe Vergasta, Founder & CEO da Finme, “a elevação de 1% na taxa Selic era um movimento esperado para manter a previsibilidade econômica. Contudo, o risco de recessão técnica em 2025, com dois trimestres consecutivos de queda do PIB, preocupa. Caso isso aconteça, o governo precisará lidar com o impacto de eventuais aumentos nos gastos públicos, que poderiam pressionar ainda mais a inflação”, alerta o especialista.

Segundo Vergasta, no mercado de investimentos, a Selic mais alta impacta negativamente a precificação de ativos, tanto na renda fixa quanto na variável. “O fator decisivo será a expectativa futura da Selic, hoje precificada em 15% ao final do ano, com algumas projeções já apontando para 15,75%, o que aumenta a pressão sobre os ativos financeiros”, comenta.

Alta de juros deve encarecer o crédito

Segundo Heverton Peixoto, CEO da Omni&Co, a pressão da inflação e aumento dos juros básicos da economia devem impactar principalmente as classes baixas, culminando em maior inadimplência no segmento de crédito que, em geral, é mais endividado.

“O aumento da inadimplência atinge mais o crédito livre/pessoal nas classes C,D e E, e menos no financiamento imobiliário, consignado, crédito corporativo e estratos AB. Por isso, devemos ver os bancos retraindo neste segmento, gerando um ciclo de menor acesso a crédito. Além disso, crédito mais caro e inadimplência é um círculo vicioso que se retroalimenta”, comenta Peixoto.

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