O Acionista destaca duas gigantes do setor: Copel (CPLE6) e Eletrobras (ELET3), cabe a você investidor escolher. As empresas do setor elétrico sempre foram preferência de investidores pela resiliência e pelos dividendos. Naquela ideia “barsista” de colocar na carteira empresas que emitem boletos. No entanto, mesmo com o sucesso dessas empresas na bolsa, nos primeiros meses de 2024 o cenário não esteve tão favorável.

Segundo reportagem do E-Investidor, do Estadão, isso vem ocorrendo porque houve uma combinação de fatores macro, “com a abertura da curva de juros e uma piora na percepção de risco, somada à falta de encaminhamento de temas políticas e regulatórios do setor”. Analistas do mercado ainda veem as ações do segmento com bons olhos, diz a matéria, principalmente por causa dos proventos, “mas é preciso escolher as oportunidades em meio à pressão de curto prazo em alguns nomes”.

Copel (CPLE6) tem valuation atraente

O time de analistas do Itaú BBA  elevou as estimativas e preço-alvo da Copel (CPLE6) para R$ 13,30 por ação ao fim deste ano,  com base no aumento na curva de preços de energia desde a última atualização e na inclusão do benefício fiscal de Juros sobre Capital Próprio (JCP).  Segundo os analistas, a empresa negocia com um valuation muito atraente, com taxa implícita de retorno (TIR) de 12,2%, “com riscos de execução relativamente baixos, forte crescimento orgânico no negócio de distribuição e alguns potenciais catalizadores de curto prazo, como o próximo leilão de reserva de capacidade”, comentam.

Outro ponto a favor é que a Copel não está exposta ao processo de renovação de concessão das concessões de distribuição de energia. “Ressaltamos ainda que a ação caiu 5,6% no acumulado do ano, apresentando um desempenho inferior ao do setor, o que, em nossa opinião, parece exagerado dado o risco relativamente menor. Reiteramos nossa recomendação de compra.”

Destaques da Copel, conforme o Itaú

  • Possui um volume considerável de energia não contratada a ser vendida nos próximos anos. Porém, o impacto para cada redução de R$ 10/MWh no preço de energia de longo prazo é inferior ao de outras geradoras mais contratadas devido à participação em outros segmentos (2,3% para Copel vs. 2,7% para Engie e 4,2% para para Auren);
  • A empresa pode pagar mais de R$ 1 bilhão/ano de JCP no médio e longo prazo, gerando um valor presente líquido (VPL) de R$ 5,6 bilhões (R$ 1,9/ação para CPLE6); 
  • A Copel guiou o mercado para uma redução de custos de 15% a 25%, após a privatização. 

Ativa diz que empresa se superou

De acordo com o relatório da Ativa, as receitas da Copel superaram a projeção de seus analistas em função dos maiores volumes e tarifas médias. “Apesar dos custos também terem sido superiores ao que estimávamos, a obtenção de uma PMSO (ex-PDV) inferior ao que projetávamos permitiu que a companhia reportasse um Ebitda superior frente ao que esperávamos neste 1T24.” 

Além disso, conforme os analistas, com um melhor resultado financeiro YoY, seu lucro líquido também foi superior em relação ao que eles projetaram. Temos uma impressão positiva dos sólidos números deste 1T24. Junto aos resultados, Copel anunciou que pretende desinvestir de 13 pequenos ativos da Copel GeT. Acreditamos que a direção do movimento seja correta, mas não esperamos grandes impactos para o papel oriundos deste movimento”, ressaltam.

Sobre distribuição, a Ativa destaca que a Copel atingiu maiores volumes distribuídos, tarifas médias e menores perdas não-técnicas. “Acreditamos que os resultados já dialogam com o fato de Copel ter se tornado uma empresa de capital disperso e que os desdobramentos positivos deste processo ainda não se encontram totalmente valorados em seus múltiplos. Assim, a recomendação de compra seguirá mantida.” 

A gigante Eletrobras (ELET3)

A maior de todas, no Brasil e na América Latina, a gigante Eletrobras (ELET3), é líder de mercado que carrega as iniciais do nome do país e também suas características, como abundância de fontes renováveis de energia e a dimensão continental, formando uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo. Por isso e muito mais, os analistas do BB Investimentos recomendam compra, “em função do potencial de valorização até o preço-alvo que estimamos em R$ 51,10 para o fim de 2025, e também pelo potencial de remuneração aos investidores via dividendos no longo prazo”.

Desempenho das ações

Conforme os analistas do BB, o desempenho das ações vem decepcionando no último ano, “com os riscos se sobrepondo aos principais pontos da tese de investimento e oportunidades disponíveis à companhia”. Segundo eles, os fatores responsáveis por isso são: o questionamento ADI do Governo Federal; risco de revisão do componente financeiro da RBSE; e  cenário estressado para preços de energia frente à sobreoferta atual. “Atualmente, o trâmite judicial da ADI encontra-se suspenso, com tentativa de negociação extrajudicial entre a Eletrobras e o Governo Federal”, esclarecem os analistas.

Expectativas

Os analistas esperam que a  inclusão das hidrelétricas nos leilões de reserva de capacidade seja um primeiro passo na valorização de atributos das usinas hidrelétricas com reservatório, que possuem presença de destaque entre os ativos da Eletrobras. 

“Mas não menos relevante, o processo de reestruturação da empresa ao longo dos últimos anos, intensificado após sua privatização em junho de 2022, tem permitido a geração de valor de várias maneiras”, destacam. 

Além disso, a simplificação da estrutura societária permite redução de custos e ganho de sinergia operacional e gerencial entre os vários ativos da empresa, “e também tem permitido a utilização de créditos fiscais e tributos diferidos em subsidiárias que não conseguiam utilizá-los por estarem muito alavancadas sem gerar lucro e base tributável, bem como de holdings que já possuíam dívida mas não geravam caixa e lucro para aproveitar o benefício tributário do endividamento, a partir de incorporações ou aportes de capital para reduzir o endividamento de subsidiárias”. 

Mais um destaque: a reestruturação em andamento é o descruzamento, compra ou venda de participações societárias que tem permitido à Eletrobras destravar valor de ativos em que não controlava o fluxo de caixa. 

“Em paralelo à reestruturação societária e administrativa, existe o trabalho de reestruturação de passivos, visando a redução do custo da dívida de empresas do grupo que estavam muito alavancadas e/ou tinham sócios com baixa avaliação de risco de crédito, assim como gestão do passivo não financeiro, visando a redução e mesmo reversão de provisões, com destaque para os empréstimos compulsórios”, comentam. 

Mesmo com esses desafios, os analistas do BB acreditam que a “gigante verde se levanta num momento propício para se posicionar como um dos líderes na transição energética”. Isso porque ao longo de sua história, a Eletrobras cumpriu funções de pesquisa e planejamento do setor elétrico brasileiro. “Tendo larga experiência na aplicação de novas tecnologias no setor de energia e hoje possui projetos, estudos e memorandos de parcerias assinados relacionados a tecnologias ainda não viáveis economicamente e sem regulação madura como a produção de hidrogênio verde, mas que podem trazer grande oportunidade de investimento e expansão no futuro.”

Os negócios da Eletrobras

O BTG Pactual destaca no seu relatório sobre a companhia, o anúncio da venda de 12 usinas térmicas em operação e 1 projeto totalizando 2,06GW para a Âmbar Energia por R$4,7 bilhões (jun/24), incluindo um earn-out de R$1,2 bilhão. 

No ano passado, segundo o relatório, as usinas térmicas entregaram R$ 2,4 bilhões em receitas e R$ 1,1 bilhão em Ebitda. “Como parte do acordo, a Âmbar assume imediatamente o risco de crédito dos contratos de energia com a Amazonas Energia, que tem deixado de pagar à Eletrobras quase R$120 milhões por mês”, comentam os analistas do BTG.

Bom saber que no acordo com a Âmbar Energia inclui:  uma opção de compra para que a Eletrobras converta a dívida da Amazonas Energia (~R$7,2 bilhões) em equity, caso a Âmbar adquira o controle da distribuidora; e a alteração de uma opção de compra relacionada à usina eólica da Baleia, permitindo que a Eletrobras receba 100% dos recursos do seguro, ainda em discussão com a seguradora.

Os analistas veem essa transação como muito positiva para a Eletrobras. Isso porque melhora a liquidez da empresa com a venda de ativos não essenciais com retornos geradores de valor, representa um encerramento nas perdas da Amazonas Energia, cria uma solução potencial para a dívida já provisionada da Amazonas Energia no caso de a Âmbar assumir o controle da distribuidora, e está alinhada com a meta de carbono zero da empresa para 2030.

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