Recentemente, Hamilton Mourão, vice-presidente da República e coordenador-mor do Conselho da Amazônia, esteve reunido com investidores estrangeiros (representando cerca de 30 Fundos, gestores de US$ 3,7 trilhões) e, sequencialmente, com um grupo de 36 empresários brasileiros. Depois disso, 17 ex-ministros e ex-presidentes do Banco Central aproveitaram a ocasião e também assinaram carta, dirigindo-a a Brasília.
Objetivo: conhecer os planos do governo brasileiro para evitar queimadas e desmatamentos na Amazônia, sem o que os investimentos podem ser ainda mais reduzidos e ir à míngua. O planejamento nacional para uma economia de baixo carbono, portanto, é agenda premente.
É função do Conselho – que em fevereiro último saiu da esfera do Ministério do Meio Ambiente e foi para a Vice-Presidência – coordenar e acompanhar a implementação de políticas públicas na Amazônia Legal. Resposta de Mourão: “Estamos juntos”. Isto é, o governo alinha-se à preocupação empresarial, mas… fica devendo um plano de metas efetivo. E é preciso ser cobrado, como são cobradas as companhias por suas ações de responsabilidade socioambiental.
Não custa lembrar que governos são passageiros, mas empresas têm propósito e foco na perenidade. Portanto, é preciso zelar pela governança corporativa – em todas as suas nuances.
CHILE
Pra quem perdeu, saiba que o mercado chileno entrou em efervescência na quinta-feira última com a notícia de que a operação do Itaú Unibanco estaria prestes a mudar de mãos. Do Brasil, a sede avisou a imprensa local que não prevê nenhuma OPA no Chile. As ações tiveram um tranco, pra cima, de 85%, em Wall Street.
GOVERNANÇA
Analistas brasileiros andam animados com os cuidados que a Panvel/Dimed vem tomando com a sua governança corporativa.
SAÚDE
O grupo SulAmérica saiu de vez do negócio automóveis. Anunciada a intenção de venda da carteira desta modalidade de seguros, por meio de Fato Relevante em agosto de 2019, a liquidação da operação de Seguros de Automóveis foi concretizada para o grupo Allianz – ao preço de R$ 3,18 bilhões. A partir de agora a SulAmérica se volta integralmente ao Seguro Saúde.
CESP
A Cesp soltou comunicado sobre o recebimento de notícia da Bradesco Asset Management (BRAM) que reduz sua participação acionária na companhia. A BRAM tem agora 10.487.885 ações preferenciais classe B, representando 4,97% do total desta classe de ações.
HEDGE
O Conselho de Administração aprovou e a diretoria de Relações com Investidores da M. Dias Branco anuncia a adoção de política corporativa de hedge, a fim de “proteger, dar previsibilidade e otimizar o resultado da companhia, em função da variação dos preços de moedas e commodities”.
AGRO
A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) promoverá a 19ª edição de seu Congresso anual em parceria com a B3. Em razão da pandemia, evento será online, dia 3 de agosto, sob a temática geral “Lições para o Futuro”. Na abertura estarão ao lado de Marcello Brito (presidente do Conselho da Abag), o presidente da B3, Gilson Finkelsztain; e os ministros Tarcísio de Freitas, da Infgraestrutura, e Tereza Cristina, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
AGRO 2
Painel “O Agro e a Nova Dinâmica Econômica, Social e Ambiental” terá Celso Luiz Moretti (presidente da Embrapa) debatendo com André Guimarães (diretor do Instituto de Pesquisas da Amazônia), o economista José Roberto Mendonça de Barros, e o filósofo da moda Luiz Felipe Pondé.
Inscrições no próprio site do evento: congressoabag.com.br
RELATO
No dia 23 próximo, às 9h, o Ciesp Campinas promoverá uma webinar com os convidados José Roberto Kassai, doutor em contabilidade e coordenador do Núcleo de Estudos em Contabilidade e Meio Ambiente da USP; Sonia Favaretto, presidente do Conselho da GRI no Brasil, VP do Pacto Global no Brasil e VP do CDP América Latina; e Claudio Andrade, mestre em Relações Públicas, coordenador de comunicação da Comissão Brasileira do Relato Integrado e colaborador do Instituto Ethos.
O time, de primeiríssima linha, debaterá a evolução dos relatos corporativos diante das crises que permeiam o mundo, desde 1929. A abordagem começará pelos relatórios mais comuns, até chegar ao modelo do Relato Integrado, passando pelos relatórios de sustentabilidade.
www.ciespcampinas.org.br/site/agenda/webinar/
MULHERES
“Perspectivas e Oportunidades sob a Ótica de Executivas do Mercado de Capitais” foi o nome da webinar criada pelo IBRI Mulheres e realizada, na semana que passou, com presenças de Fabiana Arana (BTG), Heloísa Cruz (Stoxos) e Lilyanna Yang (HSBC). Mediação ficou por conta de Marília Nogueira (EDP), diretora de comunicação do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores. É de se elogiar a iniciativa, pois as apresentações e interações ocorreram em altíssimo nível. É a segunda tacada do IBRI Mulheres, constituído neste ano.
A propósito, o número de mulheres engajadas no mercado de capitais só faz crescer. Ao encerrar o mês de junho último, a B3 contabilizava 648 mil CPFs delas.
FUNDO 157
Saindo do fundo do baú… lá vem ele todo fagueiro. É o Fundo157. Lembra-se? Tem gente que vivenciou a experiência e outros conhecem “só de pesquisa”. O fato é que este foi um instrumento criado pelo governo militar, a fim de alavancar o incipiente mercado de capitais no Brasil. Criado pelo Decreto Lei nº 157, de 10.02.1967, facultava a aplicação de parte do IR devido em quotas administradas por instituições financeiras.
Quem aplicou, no período de 1967 a 83, e tinha imposto devido, pode ter uma graninha pra receber.
Vê lá: www.gov.br/pt-br/servicos/consultar-saldo-de-fundo-157-cvm
ARTIGO
Pelo Grande Reset
(*) Sonia Favaretto
“Temos apenas um planeta e sabemos que as mudanças climáticas podem ser o próximo desastre global, com consequências ainda mais dramáticas para a humanidade. Temos que descarbonizar a economia na estreita janela que ainda nos resta e harmonizar nosso pensamento e comportamento com a natureza.” Não, essa declaração não é do representante de uma ONG ambiental ou social. É de Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum Econômico Mundial, refletindo sobre a necessária mudança que precisamos promover no nosso sistema econômico, o chamado “The Great Reset”, tema que dominará Davos em 2021 , na 51ª. Edição do Fórum.
Declarações como essa chegam dos mais variados públicos. Mas um deles, o investidor, tem feito uma diferença fundamental para o avanço da incorporação da sustentabilidade nos negócios. E a pandemia veio explicitar o entendimento de que o mundo é absolutamente interconectado. De que as questões sociais impactam nas ambientais e essas influenciam o mundo econômico. E vice-versa. Os presidentes de empresas ou Conselhos que não estejam percebendo este movimento estão colocando suas companhias perigosamente em risco. Não é mais uma questão de “se os chamados fatores ‘não financeiros’ agregam valor ao business”. É muito mais sobre “como” inseri-los na estratégia corporativa, aproveitando as oportunidades que se abrem a cada dia no horizonte. Estamos falando de volumosos recursos sendo direcionados a instrumentos financeiros com características socioambientais, de consumidores que escolhem seus produtos considerando essas variáveis, de novos talentos que selecionam a empresa em que querem trabalhar a partir de sua atuação nessa agenda. Pois é. Enfim chegou o tempo em que a sustentabilidade se tornou pauta dos jornais econômicos. Que sejamos capazes de aproveitar esse rico momento e aprofundarmos o movimento. Que venha esse Grande Reset.
(*) Sonia Favaretto é jornalista e trabalha há 15 anos com sustentabilidade. É Presidente do Conselho Consultivo da GRI Brasil, Vice-Presidente do Conselho Técnico-Consultivo do CDP LA e SDG Pioneer pelo Pacto Global da ONU.