“Não me vejo na sua marca. Logo, não consumo seus produtos.” 

Esse é um exemplo de feedback de um cliente insatisfeito, para dizer com todas as letras que o ato de consumir também envolve representatividade. Ou seja, se o consumidor não encontrar na marca itens e serviços que se encaixem nas suas principais necessidades, com certeza não terá a intenção de comprar nada.

Consumidores das comunidades negra, lgbtqiap+, PCDs (pessoas com deficiência), pessoas gordas, indígenas e tantos outros grupos, muitas vezes lidos como minorias, possuem desejos de compra distintos. Isso é diversidade! Para eles, não se trata de gastar mas investir em algo que lhes agregue valor.

É neste contexto que entram as marcas. Toda marca precisa estabelecer estratégias que gerem valor aos seus produtos e serviços. Em outras palavras, precisam desenvolver inúmeros processos que alcancem e satisfaçam seus principais clientes.

Sabendo que as marcas precisam cada vez mais se desconstruir para entender e corresponder a expectativa de compra dos consumidores de diferentes comunidades, trazemos aqui 5 principais estratégias usadas por quem aposta na diversidade como sua principal tática de negócio!

Estratégia #1 – Conhecer seu público – alvo

Não basta movimentar o dinheiro. É importante saber onde está quem movimenta este dinheiro em maior escala. As comunidades negra e lgbtqiap+, por exemplo, representam uma das principais fatias do mercado que geram maior lucratividade para marcas de vários segmentos, principalmente nos setores da moda, beleza, bem – estar, gastronomia, turismo, entretenimento etc

Porém lembre-se: investir em diversidade é uma relação de ganha – ganha, ou seja, onde TODOS ganham. E para que todos ganhem, o foco não é apenas o lucro, mas olhar atentamente para quem vai desfrutar do produto no final do processo. Apoiar a pauta racial e lgbtqiap+ de maneira propositiva, investir e criar projetos que gerem maior empregabilidade para esses públicos e respeitar suas particularidades. Desta forma, a estratégia de negócio de fato acontece e cumpre seu verdadeiro papel.

Empresas que trabalham com responsabilidade social, preparam e orientam seus colaboradores a lidar com a diversidade dos clientes e focam seus esforços no público – alvo, estão mais propensas a ampliar seus mercados de forma mais transparente, confiável e inclusiva. Este posicionamento é o que distingue uma organização da outra e reforça a credibilidade da marca no mercado.

Estratégia #2 – Um nicho de mercado atento a tudo

Chegou o momento de sair do discurso e partir para a prática. Não se trata apenas da comercialização de produtos e serviços para uma comunidade específica, mas atender às necessidades de consumidores atentos a tudo.

Já dissemos aqui outras vezes que investir em diversidade é uma estratégia de negócio que vale ouro. Mas a diversidade não consegue caminhar se não estiver de mãos dadas com a inclusão. O mercado precisa estar cada vez mais sensível a isso e adequar sua abordagem através do marketing, da publicidade, da comunicação, e tudo isso de forma verdadeiramente inclusiva. Um cliente em potencial não vai confiar em uma empresa onde não se veja representado ali, onde não veja pessoas parecidas com ele ou ela ocupando diferentes cargos, liderando e tomando decisões.

O que as marcas têm a oferecer? Essa oferta é suficiente para a expectativa dos consumidores? Elas de fato enxergam o potencial dos consumidores que existem por trás do black money e pink money, por exemplo? Perguntas que precisam ser pensadas de forma estratégica para que suas respostas correspondam ao mundo real que vivemos, imerso na diversidade.

Estratégia #3 – Valorizar a diversidade e respeitar suas interseccionalidades

Diferente daquilo que algumas marcas pensavam ou ainda pensam, o conceito de consumo para grande parte dos grupos de diversidade não se baseia apenas em gastar. É muito mais que isso. São consumidores cada vez mais exigentes e que utilizam o dinheiro para investir em si mesmosrealizar seus sonhos e conquistar seus espaços, cada um conforme sua própria interseccionalidade.

Porém esse olhar interseccional por parte das empresas ainda precisa de alguns ajustes para enxergar seus diferentes clientes de uma forma mais inclusiva.

Na lei da oferta e da procura, marcas que definem suas estratégias compreendendo valores, ideologias, opinião, identidade, representatividade e lugar de fala são as que mais se aproximam do modelo ideal de mercado: colocando o propósito antes do lucro.

#Estratégia 4 – Posicionamento de marca

O posicionamento de marca é tudo, e este posicionamento envolve processos contínuos para que essa marca seja sempre lembrada e associada a qualidade de entrega, excelência, comprometimento com seus clientes, satisfação e confiança.

Para uma empresa que decide investir em diversidade, essa tarefa é ainda mais desafiadora. Um ótimo exemplo é a marca Fenty Beauty da cantora Rihanna.

A Fenty revolucionou a indústria da beleza através de um marketing totalmente inclusivo, ao trazer diversidade para a paleta de cores das suas maquiagens.

Com  mais de 40 tonalidades de base que atendem aos diversos tons de pele existentes no mundo e de pessoas com diferentes culturas, gêneros e orientação sexual, a marca reforçou o fato de que a beleza é plural e é para todos, sem distinção.

#Estratégia 5 – Aprender com os feedbacks

Para as marcas o feedback é uma importante ferramenta de comunicação, que através da opinião dos clientes pode revelar o que está indo bem ou não tão bem assim na sua estratégia de mercado. Esta é a etapa crucial para quem aposta na diversidade: o momento da escuta.

A partir desse lugar de escuta que as empresas têm a chance de realinhar processos internos, a comunicação e entender se a expectativa de negócio está no caminho certo. E nada melhor que a experiência do próprio cliente para jogar luz exatamente onde é preciso ajustar, refazer ou pensar novas estratégias.

Carla Araújo

Carla Araújo é Analista de Comunicação no ID_BR – Instituto Identidades do Brasil, graduada em Letras Português – Inglês (UFF) com extensão em Fundamentos de Marketing em Mídias Sociais (PUC-Rio). É uma apaixonada pela escrita criativa e de impacto, alguém que enxerga no final da zona de conforto o lugar ideal para o recomeço e para os desafios. Gosta de escrever e compartilhar conteúdos relevantes, sobre cultura corporativa, atualidades, causas sociais, meio ambiente, diversidade e pauta racial. Na vida pessoal e no trabalho, é uma pessoa destemida, resiliente e que acredita no poder da oportunidade!

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