A Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou que a confiança empresarial continuou avançando em agosto, atingindo o maior nível desde junho de 2013. A confiança dos consumidores recuou após quatro altas seguidas. A distância entre os dois índices é a maior da série (20,6 pontos).

O índice que mede a percepção sobre a situação atual subiu em agosto atingindo o nível neutro de 100 pontos pela primeira vez desde outubro de 2013. Após sofrer com o impacto da segunda onda de covid, o Índice de Expectativas Empresariais acumula alta de 18,7 pts desde abril, com alguma acomodação em agosto. A alta discreta da confiança e a piora das expectativas na ponta podem sinalizar um enfraquecimento da tendência favorável iniciada em abril.

Em agosto, a confiança subiu nos dois setores que estavam com os índices abaixo dos 100 pontos e caiu nos dois setores que estavam acima. Com o movimento, reduz-se o grau de heterogeneidade setorial. A recuperação do otimismo nos setores de serviços que dependem de consumo presencial é um dos destaques dos últimos meses. Importante observar se uma piora do quadro da pandemia com a variante delta pode afetar esta tendência.

A distância entre o nível de confiança da Indústria e o da média dos demais setores vem caindo desde abril de 2021, alcançando 7,5 pontos em agosto, menor nível desde julho de 2020 (8,1 pts.)

Entre os consumidores, as expectativas em relação ao futuro próximo acomodaram em agosto, enquanto o índice que mede a percepção corrente da economia recuou pela segunda vez seguindo, retornando a um nível inferior a 70 pontos. O patamar muito baixo do ISA-C reflete o elevado grau de insatisfação do consumidor com os níveis elevados de desemprego e inflação, além do quadro ainda incerto com relação à pandemia.

O Indicador de Incerteza-Brasil do FGV IBRE sobe 0,3 ponto em agosto, para 119,6 pontos, se distanciando da média de 115 pontos vigente entre 2015 e 2019. A alta foi influenciada pelo aumento da incerteza política e fiscal, pela inflação ascendente e pelo risco de avanço da nova variante Delta, que pode afetar o ritmo de recuperação da atividade econômica.

Com o avanço da vacinação e maior controle sobre a pandemia, as expectativas dos segmentos do setor de Serviços que mais sofreram durante a crise melhoraram, puxando a recuperação da confiança do setor. Ainda assim, Serviços Prestados às Famílias ainda apresenta o menor nível de confiança entre os principais segmentos. Em agosto, houve recuo apenas nos segmentos de Serviços Prestados às Famílias e de Serviços de Transportes, um possível sinal de preocupação com o risco da variante delta.

Após a pandemia as empresas buscaram se adaptar ao comércio eletrônico e aumentaram expressivamente suas vendas por este canal. Em 2021, as vendas online continuaram ganhando espaço em muitos setores.

A confiança das empresas comerciais com participação mais expressiva de vendas online recuperou-se mais rápido que a das demais no ano passado e sofreram um impacto menor na 2ª onda de covid. Mais recentemente, esta situação parece estar mudando, possivelmente devido à maior circulação de pessoas nas ruas.

A percepção sobre a situação atual continuou evoluindo favoravelmente nos setores de Serviços e Construção, mas registrou queda na Indústria e Comércio. A percepção sobre a situação atual é ainda bem melhor entre as empresas que para os consumidores.

Em agosto, a Indústria e a Construção revisaram suas expectativas para baixo. O setor de Serviços avançou ligeiramente e é o setor mais otimista no momento. Apenas Comércio e Consumidor estão com índices de expectativas abaixo dos 100 pontos (nível neutro).

Após três altas consecutivas, o NUCI industrial recuou em agosto em 0,4 ponto percentual, para 79,7%. Apesar da queda, o indicador está 3,5 p.p. acima do nível de fevereiro de 2020 (76,2%), último mês antes da chegada da pandemia ao país.

Em agosto, o nível médio da confiança de consumidores com renda mais baixa (faixas 1 e 2) subiu 0,8 pts, para 73,2 pts. A dos consumidores com renda mais alta (faixas 3 e 4) caiu 2,1 pts, para 89 pts. A distância entre as faixas, que havia registrado o recorde histórico no mês anterior, é agora de 15,9 pts.

Apesar do recuo na ponta, nos últimos meses houve aumento expressivo de consumidores das faixas de renda mais altas que pretendem viajar nos meses seguintes, embora a perspectiva ainda não pareça normalizada.

Após alcançar o maior nível da série histórica trimestral em abril passado, em julho houve redução de citações ao fator escassez de matéria-prima como limitativo à expansão dos negócios. O nível de julho continuou sendo um dos maiores da série.

O problema de escassez de matérias primas continua muito relevante para as empresas produtoras de bens de consumo duráveis e bens de capital.

O saldo dos estoques (proporção de excessivos menos insuficientes) aponta que o nível de estoques da indústria continuava abaixo do desejável em agosto, refletindo em parte os problemas de abastecimento de insumos. Apesar do aspecto negativo da questão, o desequilíbrio tende a impactar favoravelmente a produção para fins de reposição no curto prazo.

O Indicador de Clima Econômico (ICE) da América Latina da Fundação Getulio Vargas (FGV) avançou no terceiro trimestre de 2021 alcançando 99,7 pontos, o melhor resultado desde o 1º trimestre de 2018 (101,5 pontos) O ISA subiu 30,9 pontos, ao passar 28,2 para 59,1 pontos, mantendo-se em nível historicamente baixo. O IE recuou 5,4 pontos para 150,6 pontos, e permanece refletindo otimismo em relação ao futuro próximo.

Apesar do avanço de todos os países na avaliação da situação atual, todos permanecem na zona desfavorável. O Brasil é o primeiro colocado na lista das maiores variações positivas do ISA, com 51,6 pontos, seguidos por Chile e Peru com variações acima de 40 pontos.

Em relação às expectativas, variações positivas foram observadas no Paraguai (41,7 pontos), seguido do Equador, Uruguai e Argentina. A Bolívia permaneceu com o mesmo indicador. Nos demais países, houve recuo do IE, com a maior queda sendo registrada no Chile, país que apresentou a maior divergência entre os resultados de ISA e IE, com avanço de 45,8 pontos na situação atual e piora de 44,5 pontos nas expectativas.

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