Os desafios para garantir a segurança alimentar no país foram debatidos durante a quarta edição da Jornada CNA – Eleições 2022, realizada nesta quarta-feira (22) pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). De acordo com o diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sergio De Zen, para se discutir o tema é preciso separar o que é geração de alimentos, com oferta com regularidade, da questão de acesso a esses produtos.

“Temos que gerar as informações sobre a produção onde, quando e o que estamos produzindo em todo território nacional. A partir desses dados, podemos gerar previsões, cenários que possibilitam as decisões do governo e da iniciativa privada de tal forma a evitar a escassez de alimento. Esse é o primeiro pano de fundo. Outra coisa completamente separada e diferente é a questão da renda que permite às pessoas terem acesso ao alimento. Nós temos que ter a noção exata de quem é, onde estão e quais são as melhores ferramentas para atingir essas pessoas”, reforçou o diretor.

No que tange à questão da oferta, o presidente da Agroconsult, André Pessoa, lembrou que o Brasil é um dos maiores players do mundo na produção de alimentos, graças à inovação e à capacidade de geração de tecnologia e aproveitamento de ativos, como terra, máquinas e mão de obra. Para ele, os produtores brasileiros têm otimizado o uso desses ativos, principalmente nas culturas de segunda safra. “Sempre tivemos uma safra de verão muito boa e a segunda safrinha como coadjuvante para a formação de renda do produtor. Mas o que temos visto é uma consolidação da segunda safra como protagonista e, em alguns casos, até mais relevante que a primeira safra, como o milho”, detalhou.

No entanto, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a segurança alimentar não se dá apenas na dimensão da disponibilidade dos produtos alimentares, o acesso físico e econômico à produção está dentre os fatores a serem considerados nas discussões. “Estamos vivendo uma grave crise alimentar, que não são dados pela oferta, e sim pelo acesso”, destacou o representante adjunto da FAO, Gustavo Chianca. “O Índice de Alimentos da FAO atingiu 159,3 pontos no mês de abril, um avanço sem precedentes. Foi o maior aumento nos últimos 32 anos”.

A professora adjunta da American University Washington College of Law, Renata Amaral, lembrou que esse aumento em nível global nos preços é motivado pela combinação de fatores climáticos, elevação de demanda, disrupção de elos importantes de cadeias produtivas agroalimentares em função da pandemia. “. Esse cenário foi significativamente agravado pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. A guerra derrubou dois elos importantes da cadeia alimentar: um grande pedaço de fornecimento de cereais e de fertilizantes para sustentar uma ampla gama de culturas em todo mundo”, reforçou.

Diante desse cenário, o diretor da Conab ressaltou o papel das políticas sociais para reduzir a insegurança alimentar no país. “Nós temos que estudar e avaliar as políticas, com o objetivo de aprimorá-las, para que no longo prazo tenhamos um número menor de pessoas dependendo de renda suplementar, ao mesmo tempo em que se busca incentivar o pequeno agricultor e no sentido de fazer com que as pessoas lá na ponta tenham acesso aos produtos alimentares”.

O professor sênior de Agronegócio no Instituto de Ensino e Pesquisa e coordenador do centro Insper Agro Global, Marcos Jank, por suas vez disse que a atual conjuntura possibilita aos governos oportunidades para pensar em políticas corretas.

“Temos observado vários países tomando decisões erradas. A maioria defende que a solução para a fome é voltar com os subsídios distorcidos e estoques estratégicos, mas a solução para o problema da segurança alimentar é global. É manter mercados abertos, apoiar populações mais vulneráveis, aumentar a transparência e o diálogo internacional”, afirmou Jank.

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