Um dos projetos mais emblemáticos da minha carreira em consultoria foi conduzido por um grupo de mulheres. Tínhamos quase todos os cargos na equipe: assistente, consultora sênior, supervisora e gerente mulheres. Curiosamente ou não, o diretor e o sócio eram homens. Mas quem carregou o piano pesado foram as mulheres. Cada uma ao seu próprio estilo. O projeto durou cerca de um ano e tivemos a habilidade de manter o clima extremamente leve e divertido.

Nosso ritmo de trabalho era pesado, mas não abríamos mão dos almoços especiais, das conversas, compartilhamento de crises pessoais, choros, alegrias e da troca profissional. Teve apoio em briga conjugal, teve acolhimento durante perda familiar e vários happy hours depois do trabalho.

Lembro que precisei de ajuda por ter menos experiência naquele tipo de projeto e, apesar de estarmos bem sobrecarregadas, eu pude contar com elas no final do dia, nas horas extras não cobradas, para testar hipóteses, construir análises e apresentações bacanas.

Lembro também da fala do diretor nesse projeto dizendo “mulheres são competitivas” num contexto de feedback e comparação de performance. Guardei essa “máxima” comigo e, ao refletir agora depois de anos, cheguei à conclusão que construímos ali o que se pode chamar de sororidade ou irmandade. Não houve rivalidade ou competitividade, pelo contrário, nós construímos laços que por anos foram e são mantidos entre nós.

Se quisermos resistir ao sexismo nas grandes corporações, precisamos cada vez mais apoiar umas às outras. Sororidade não quer dizer que temos afinidades com todas ou que somos todas iguais, sequer significa que temos que gostar umas das outras. Sororidade nos permite enxergar nossas batalhas como interconectadas e aprender com as demais experiências, é sobre ter empatia e respeito com outras mulheres.

Destaco portanto alguns reflexões pessoais sobre as relações entre mulheres no ambiente corporativo:

  • Quando houver, vamos superar os aspectos da rivalidade. O sucesso de uma vai abrir portas para as demais. 
  • Precisamos recuperar o tempo perdido, faz muito tempo que as mulheres lutam por direitos iguais e, nesse ritmo lento de evolução, seguimos com um grande e complexo desafio pela frente.
  • Vamos respeitar as histórias e trajetórias individuais, por mais distintas que elas sejam. Cada uma com seu contexto, motivações e possibilidades.
  • Quando em posições mais executivas, vamos ouvir nossas colegas que seguem lutando por isso. Vamos compartilhar dificuldades e barreiras enfrentadas. Nunca é fácil “chegar lá” e o encorajamento faz bem a todas. 
  • Vamos curtir o sucesso das mulheres ao nosso redor, propagar conquistas e espalhar boas notícias.
  • Vamos pedir ajuda, quando acharmos necessário!

Hoje não trabalho mais com as mulheres daquele projeto, mas seguimos nos apoiando, cada uma em sua jornada e, arrisco dizer, foi um dos anos mais marcantes das nossas carreiras.

Portanto, aqui vai minha mensagem para as mulheres que lutam por crescimento e condições de equidade de gênero no ambiente corporativo: Dê suporte às suas colegas, dê suporte às suas líderes, dê suporte e esteja atenta às suas lideradas! Nós fazemos diferença na vida e trajetória das que estão ao nosso redor! 

Catarina Lyra

Administradora e Gerente Sênior de consultoria com experiência em projetos transformacionais. Conduziu várias iniciativas de transformação de Modelos Operacionais e Organizacionais, Planejamento e Desenvolvimento de novos negócios e é apaixonada por Gestão de Capital Humano.

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