Ter o nome negativado, ou o ‘nome sujo’, nos órgãos de proteção ao crédito, como Serasa e SPC, pode trazer diversas consequências negativas para sua vida financeira e pessoal. Felizmente, é possível limpar o nome e recomeçar, mas o processo exige planejamento. Saiba como você pode sair dessa situação.
Consequências do ‘nome sujo’
De acordo com João Victorino, especialista em finanças pessoais, ter o nome negativado acarreta graves consequências tanto econômicas quanto psicológicas. “As consequências de ter o nome sujo são variadas e significativas. A pessoa tem dificuldade em obter crédito, com instituições financeiras”, explica Victorino.
Além disso, a pessoa também pode ser impossibilitada de abrir contas bancárias, acesso a crédito com juros mais altos, negativa de solicitações de cartões de crédito, dificuldade em alugar imóveis e até impedimentos para conquistar certos empregos.
Os impactos psicológicos também são significativos. O psicólogo Stephen E. G. Lea aponta que a preocupação constante com dívidas e a sensação de incapacidade de resolver a situação podem afetar profundamente a saúde mental.
Estudos de Elina Turunen e Heikki Hiilamo também dizem que o estresse financeiro pode levar a problemas como insônia, irritabilidade e até depressão. Assim, será mais díficil encontrar soluções e tomar decisões.
Como deixar de ter o ‘nome sujo’
Com mais de 40% da população economicamente ativa no Brasil endividada, o número de pessoas nessa condição ultrapassa 65 milhões, conforme levantamento da CNDL e do SPC. Para superar esse cenário, é preciso iniciar o processo de limpeza do nome identificando as dívidas pendentes e negociando diretamente com os credores.
Participar de feirões “Limpa Nome” pode oferecer condições vantajosas para renegociar dívidas, com grandes descontos e condições de pagamento facilitadas.
Como a Lei do Superendividamento pode me ajudar?
Além disso, a Lei do Superendividamento, em vigor desde julho de 2021, facilita a negociação de dívidas e protege os devedores contra assédio. Esta lei garante que as pessoas endividadas possam quitar suas dívidas sem comprometer seu sustento e o de seus dependentes.
A definição de superendividamento inclui a impossibilidade de pagar todas as dívidas sem afetar o mínimo existencial do consumidor.
Para iniciar o processo de negociação sob a Lei do Superendividamento, siga estes passos:
- Reúna e organize todas as contas em aberto.
- Busque auxílio de órgãos de defesa do consumidor, como Procon, ou do poder judiciário.
- Calcule o “mínimo existencial” necessário para garantir a sobrevivência e de seus dependentes.
- Planeje um pagamento que se ajuste a esse mínimo e elabore um plano de pagamento.
- Apresente o plano aos credores durante as audiências de conciliação.
Custos para limpar o nome
Os custos para deixar de ter o nome sujo podem variar. João Victorino alerta que as despesas incluem o valor principal da dívida, juros e multas por atraso, honorários advocatícios em ações judiciais e taxas administrativas.
Em casos judiciais, os honorários podem variar de R$ 500 a R$ 5.000, enquanto as taxas de renegociação vão de R$ 50 a R$ 300 por transação. Consultores financeiros cobram entre R$ 150 e R$ 500 por sessão, e despesas adicionais, como transporte e emissão de certidões, podem totalizar entre R$ 200 e R$ 1.000.
Victorino enfatiza a importância de um acompanhamento regular da situação financeira e do status do CPF/CNPJ no site do Banco Central. “Após a quitação de uma dívida, principalmente as atrasadas, a pessoa é invadida por uma sensação de dever cumprido, a autoestima se eleva pela conquista alcançada. O orgulho por alcançar uma meta muito difícil, evidenciada pelo grande número de endividados, reforça a capacidade para encarar novos desafios,” afirma.