Pense em um país que gera 520 Kg de resíduo de construção civil por habitante. Pense, ainda, que este país é da turma do BRICs e que, num repique de crescimento, produza mais, impulsionando a indústria da construção civil. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente – cujos cálculos o setor, como um todo, aceita – 520 Kg de resíduos é o que cada brasileiro gera, por ano. Trata-se de uma média aritmética, evidentemente, mas dá para bem para se medir o tamanho da discussão.
Se os números são aproximados, e absorvidos, estão longe de ser precisos. Isto porque nada menos que 70% do total dos resíduos provêm de reformas e pequenas construções. Em linguagem popular, poder-se-ia dizer então que, “por baixo”, 100 milhões de toneladas/ano é o que estamos gerando. E nesta cesta vai de tudo: de finas torneiras banhadas a metais preciosos, a restos de madeiras comidas por cupim, passando por esquadrias, tijolos, cerâmicas, louças sanitárias, telhas de amianto, ferro, aço, plásticos de toda ordem, fios, restos de cimento etc. Como se fossem pouco os lixos doméstico, hospitalar e eletrônico, mais toda sorte de resíduos industriais, tem também o RCC – Resíduo de Construção Civil para a nossa conta.
Isto posto, o que fazer para termos uma vida minimamente organizada, e digna, do ponto de vista ambiental? Foi este o tema da webinar da qual participamos, na semana que passou, promovida pelo Comitê de Meio Ambiente do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil) São Paulo. De acordo com os especialistas, os 70% dos resíduos gerados são de baixa periculosidade, apesar da quantidade alta. No Brasil, 4.031 municípios (do total de 5.564) fazem manejo de RCC, licenciando caçambas, destinando áreas apropriadas para depósito e, tb, promovendo reciclagem de parte desse material. Mas e a fiscalização? Este é sempre um capítulo à parte, em se tratando de Brasil, convenhamos.
Patrícia Iglecias, presidente da Cetesb (companhia estadual de saneamento, de São Paulo), falou sobre o Plano Estadual de RCC e representantes da indústria a apoiaram em sua exposição. Hoje o estado possui 77 usinas e 67 aterros RCC “Classe A”, mas é preciso olhar melhor para as prefeituras e a Cetesb se compromete a ajudá-las na busca de recursos, promovendo soluções regionais. O aperfeiçoamento da rastreabilidade é uma questão importante – e foi debatida também. Uma discussão que certamente outros estados deverão ter igualmente. Mas, a propósito, você aí que é parte desses 70% de geração, como está efetivamente tratando o seu resíduo?
VALOR
A consultoria Economática analisou 243 empresas não financeiras, listadas na B3. Em dezembro/19, estas tinham valor de R$ 3,32 TRI. Com a desaceleração econômica, em março último valiam R$ 2,28 TRI.
Analisado o mesmo grupo, no dia 14 último o valor subiu para R$ 4,4 TRI. Por segmento, quem mostra o maior EV (Enterprise Value) é o de exploração, refino e distribuição (leia-se Petrobras, com peso majoritário), seguido pelo setor elétrico.
CPFs
Comparado setembro último com o mesmo mês de 2019, o número de pessoas físicas na B3 cresceu 114%, ultrapassando a marca de 3 milhões de investidores – segundo boletim emitido pela Bolsa, na última sexta-feira.
VOLUME
O volume financeiro médio diário bateu nos R$ 27 milhões, em setembro, contra R$ 31 milhões do mês de agosto, na própria B3, representando recuo de 10,8%. Atualmente existem 401 companhias listadas.
AUDITORES
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) colocou em audiência pública a proposta de reforma da Instrução 308. Objetivo é eliminar exigência para que auditores independentes constituídos como PJ se organizem sob o tipo de sociedade pura e simples e prevejam a obrigação dos sócios responderem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais.
PATROCÍNIO
A Unipar, maior produtora de soda, cloro e PVC na América do Sul, definiu os 10 projetos que receberão mais de R$ 4 milhões em patrocínio direto e, também, via Lei Rouanet. A empresa tem expectativa de impactar mais de 4.000 pessoas em bairros de Cubatão (SP), cidade encravada na Serra do Mar.
Entre os projetos, destaques para a área de esportes e de música erudita, além de um específico para a sustentabilidade, denominado “ConsCiência”.
ELÉTRICO
“Integração dos ODS no Setor Elétrico Brasileiro: indicadores e metas” é o nome da publicação que acaba de ser lançada, de iniciativa da Rede Brasil do Pacto Global. Foram analisados os impactos, desafios e oportunidades para o setor, com base na Agenda 2030.
Veja mais em https://lnkd.in/egRtck2 .
DIREITO
Reunindo o Portal Acionista como parceiro de mídia, a Associação Brasileira das Companhias Abertas realizará o 7º Encontro Abrasca de Direito das Companhias Abertas entre os dias 24 e 27 de novembro.
A exemplo dos demais que ocorreram nas últimas semanas, terá formato online. A programação ainda não foi disponibilizada.
VERDE
Anunciando o objetivo de promover o debate e identificar soluções para impulsionar a economia verde no Brasil, o BNDES promove, de 19 a 23, uma série de webinars. Na abertura da “Semana BNDES Verde” o tema será “Crescimento com Sustentabilidade”.
Veja mais no portal www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home
COMÉRCIO
Brasil e Estados Unidos assinam nesta segunda, 19, um acordo comercial com vistas a facilitar a vida de quem negocia bens e serviços entre os dois países. Na pauta, além da diminuição da burocracia será analisado um protocolo anticorrupção.
5G
O Congresso Nacional está animadíssimo com o exercício do protagonismo na vida brasileira. E para não perder nenhum bonde na história, uma vez mais vai se colocar na linha de frente. A bola da vez é o sistema 5G, para o qual Rodrigo Maia (presidente da Câmara) e Davi Alcolubre (presidente do Senado) preparam proposta de Comissão Parlamentar, a fim de debater e, óbvio, participar da escolha da tecnologia para o país. A ideia de parceria com o Executivo será levada ao Palácio do Planalto nos próximos dias.
ARTIGO
Formação de líderes para a sustentabilidade é tarefa urgente.
(*) Luiz Fernando de Araújo Bueno.
“O mundo que temos hoje nas mãos não nos foi dado pelos nossos pais. Ele nos foi emprestado pelos nossos filhos” – provérbio africano.
É razoável se pensar que cada geração deve legar às suas sucessoras um meio ambiente igual ou melhor do que aquele recebido das precedentes, conforme preconiza a Organização das Nações Unidas (ONU), sem que se perca de vista o sucesso econômico pois, como diz o ambientalista Claudio Valadares, “o homem no vermelho não protege o verde”. Assim, a grande meta que sintetiza esse esforço é compartilhar transformação produtiva com equidade social e sustentabilidade ambiental.
De uma maneira bem simples, podemos dizer que ser socialmente responsável significa nos preocuparmos, efetivamente, com os impactos que as atividades econômicas trarão ao nosso entorno – sejam positivas ou negativas.
Logo, não é possível exercer Sustentabilidade e Responsabilidade Social Empresarial isoladamente. Precisamos trabalhar, via engajamento, com os diversos públicos (os stakeholders), para que possamos obter a legitimidade desse processo, respeitando as identidades, os princípios e os valores dos diferentes atores. É a gestão “com” e não “de”, trabalhando a mitigação dos impactos sociais, econômicos, ambientais e culturais de nossas atividades, que nos permitirá chegar ao conceito pleno de Sustentabilidade.
Segundo o filósofo e educador Mário Sérgio Cortella, “cada um tem, na empresa, uma tarefa de líder, em que aprende e ensina, em que lidera pessoas ou processos. E, para tal, são pontos fundamentais: ter humildade e perceber que há outros modos de fazer e pensar; diferenciar os modelos de gestão e produção que não passam de modismos e estabelecer critérios quando o líder sabe para onde vai. Por fim, ele tem de inspirar e elevar a condição do grupo”.
Face ao exposto, dá para concluir que liderança para a sustentabilidade é, necessariamente, um conjunto de valores. E, portanto, não dá para abordar o tema sem esse viés. Quem não teve educação de base em casa, e na escola, não a terá no trânsito, na empresa, no convívio social, em lugar nenhum. Os escândalos e a falta de respeito que vemos todos os dias tipificam a falta de educação em valores.
“Muito mais que deixarmos um mundo melhor para os nossos filhos, precisamos deixar filhos melhores para o mundo no futuro”. Esta é uma frase preciosa, que sintetiza o pensamento.
Certa vez, como diretor de Sustentabilidade do CIESP Campinas, convidei o professor Carlos Sebastião Andriani, então diretor acadêmico do IBE FGV, para falar em uma plenária sobre Educação para Sustentabilidade. Por mais de uma hora ele discorreu sobre “Educação em valores”. Também me recomendou tratar desse tema dentro da `casa da indústria` e me disse: “As academias estão disponibilizando para o mercado caminhões de alunos que estão indo para as empresas se dar bem, custe o que custar, isto é, sem ética, sem princípios e sem valores”.
Assim, o colega Andriani prega – e eu concordo – a formação urgente de líderes que tenham na base de suas tomadas de decisões do dia a dia, a ética, a transparência, a boa governança corporativa e o respeito à diversidade. Precisamos de líderes que atuem no modelo “ganha-ganha” nos aspectos econômicos, sociais e ambientais. O futuro já chegou e ninguém mais questiona: sustentabilidade não é tendência e sim cenário e demanda internacional de mercado.
(*) Luiz Fernando de Araújo Bueno é Administrador de Empresas, Professor da FGV, Diretor Titular do Departamento de Sustentabilidade do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo-Ciesp/Campinas, consultor e palestrante.