É realmente desafiador conquistar a atenção das crianças durante minhas palestras nas escolas, especialmente com a constante distração provocada pelo uso excessivo de celulares. Em geral, elas dispersam, por estarem acostumadas com estímulos proporcionados pelas telas. Essas são atividades nas quais nós mesmos, adultos, nos apegamos sem perceber e inadvertidamente transmitimos esses hábitos aos nossos filhos.

Vivenciei esse contratempo quando fiz uma apresentação para crianças do sexto e sétimo ano do ensino fundamental II. Os professores já haviam avisado que seria difícil fazer com que elas se concentrassem. Por isso, usei uma estratégia de choque e perguntei aos pequenos se sabiam quantos livros um brasileiro lê por ano? Afinal, temos uma média de 2,43, enquanto na Finlândia chega a 17 obras lidas.

Sei que parece uma estratégia um pouco drástica, mas conquistei rapidamente a atenção dessas crianças e deixei meu ponto de vista claro: quando não lemos, todo nosso aprendizado fica comprometido. Sem a leitura, perdemos informações preciosas, diversão e oportunidades de nos tornarmos pessoas grandiosas.

Para manter o interesse nos livros e estimular o gosto pela leitura em crianças que passam horas a fio diante de dispositivos eletrônicos, a resposta não é proibir o uso de telas. Mas, sim, integrar as obras de forma positiva em suas vidas, ensinar que ler também é divertido. Deixar o celular de lado ao menos por meia hora, acompanhar a leitura dos filhos e ler com eles também é legal. Os pais precisam ser exemplos.

Meu amor pelos livros não nasceu espontaneamente

Olhando um pouco para minha própria história, sou filha de livreiros. Até hoje meus pais mantêm pilhas de livros na mesa ao lado da cama. Isso fez com que eu me tornasse uma Publisher e autora de livros infantis. Meu amor pelos livros não nasceu espontaneamente. Ele foi cultivado por toda a minha vida. Ver meus pais lendo com certeza virou a chave para que eu me interessasse pela leitura.

Não ignoro as urgências que a vida moderna nos impõe. Eu mesma, em uma fase complicada, me peguei compulsiva no uso do celular. Ocupada por tarefas inúteis e consumindo toneladas de informação jogadas em sequência pelo aparelho. Logo, meus filhos, praticamente bebês naquela época, estavam fascinados pelo smartphone também.

Isso me deu um estalo, voltei imediatamente a realizar passeios em livrarias com as crianças (uma experiência maravilhosa). Tornei os livros o único tipo de compra sem restrição de orçamento em casa. Disponibilizei tudo o que lhes despertava o interesse, de gibis a contos, até que chegassem aos grandes livros.

Foi essa atitude que me deu a felicidade de hoje ter filhos que leem. Aliás, leem muito mais do que eu lia na minha infância. Algo que cultivei e deu frutos maravilhosos, pois a cada página sinto que os meus pequenos ficam mais preparados para a vida. Afinal, as histórias também ensinam a compreender os sentimentos e o mundo em que estão inseridos. Quem cultiva o amor pela literatura desde cedo, que gosta de aprender coisas novas, pode auxiliar no nosso futuro e torná-lo melhor.

Por Maíra Lot Micales, Publisher e autora de livros-função como “O educado do Eduardo” e “Cocô, xixi e pum”. Ela busca unir o universo lúdico das histórias divertidas ao preparo da criança para a superação de desafios específicos próprios da infância.

(Enviado por LC Agência)

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