O pânico nos mercados trazido pela pandemia do coronavírus, e a consequente iminência de uma recessão mundial, não têm poupado as Blue Chips na bolsa brasileira. As companhias com ações mais negociadas têm sangrado desde a propagação do vírus na China e, posteriormente, no resto do mundo. No acumulado do ano, a Petrobras já perdeu 53% de seu valor de mercado, enquanto a Vale se desvalorizou 23% e o Bradesco viu suas ações despencarem 41%.

Puxadas pelas Blue Chips, em 2020, até 25 de março, a queda do valor de mercado das brasileiras na B3 foi de R$ 1,5 trilhão, conforme a Economatica. “Há um ditado que diz que o mercado sobe de escada e desce de elevador. O coronavírus é, de fato, um motivo de preocupação. De acordo com a velocidade de expansão da doença ao redor do mundo, isso pode afetar as taxas de crescimento e, com isso, o resultado das empresas e o preço dos seus ativos”, analisa Alexandre Amorim, gestor de investimentos da ParMais.

A prova mais viva de que este é um cenário que preocupa investidores no mundo todo é que as principais bolsas asiáticas, europeias e americanas têm sofrido tombos seguidos com a propagação do coronavírus – e estas quedas afetam praticamente todos os setores representados nas bolsas, em particular aviação, consumo, petróleo (neste caso atingido também pela queda na cotação da commoditie) e setor financeiro.

Diante deste quadro, o que esperar das Blue Chips daqui por diante? A avaliação de Fernando Cabral, especialista em Controladoria e Finanças e avaliador de empresas na Gordon Valuations, será preciso aguardar o fim da “pandemia psicológica” para saber o como a crise pesará sobre as companhias.

“Ainda estamos em meio ao efeito manada, em que todos seguem investidores de peso”, afirma o especialista. “Eles atuam como influenciadores e, em situações como essa, se desfazem da posição em países emergentes, desprezando as condições reais da empresa. A lei de oferta e demanda, regida pela pandemia psicológica, derruba o valor das empresas independentemente dos seus fundamentos econômicos”, afirma.

Uma das hipóteses daqui por diante é que investidores voltem a enxergar as ações das Blue Chips quando estas voltarem a operar normalmente, ao final das quarentenas impostas em Estados e municípios Brasil afora. Outra, é que as próprias empresas recomprem suas ações, e voltem a disponibilizá-las quando as cotações apontarem para seu valor de mercado “real”, considerando patrimônio, dívidas, estoques e faturamento. “Este é o melhor momento para as empresas recomprarem ações, principalmente as que estão sendo negociadas com preço abaixo do valor patrimonial”, aponta Cabral.

Já Alexandre Amorim avalia que as ações das Blue Chips tendem a voltar à normalidade assim que a expansão do coronavírus for estancada. “O crescimento mundial pode e deve ser afetado, mas não é uma mudança conjuntural. Ao menos por enquanto, a probabilidade é de que as coisas voltem ao normal assim que a expansão da doença for controlada ou algum tipo de vacina se mostre eficaz”, aponta Amorim.

Valor de mercado das Blue Chips ao longo do ano (em R$ bilhões)

Empresaem 31/12/2019 em 25/03/2020 Variação
Petrobras407,2188,8-53%
Vale273,3209,4-23%
Bradesco282,1165,2-41%
Itaú Unibanco336,2220,3-34%
Banco do Brasil150,682,7-41%
Magazine Luiza77,264,8-16%
Localiza35,826-27%
B2W32,931,3-5%
JBS68,758,7-14%
Eletrobras51,232,3-37%

Fonte: Economatica

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