Em meio à pandemia de covid-19, em que boa parte das empresas precisou se digitalizar, o comércio eletrônico paulista deu um salto expressivo de tamanho: terminou 2020 com alta de 27% no seu faturamento em relação ao ano anterior, como mostra a Pesquisa Conjuntural do Comércio Eletrônico (PCCE) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), realizada em parceria com a Ebit/Nielsen. O setor fechou o ano com um saldo total de R$ 29 bilhões – o que significa uma proporção de 3,6% de todo o resultado do varejo no Estado.

Só na capital paulista, a alta do faturamento do e-commerce foi de 22,5%, fechando o ano na marca dos R$ 10,6 bilhões. No interior, todas as regiões registraram crescimento, das quais os melhores resultados foram verificados em Ribeirão Preto – aliás, o maior crescimento entre todas as cidades da pesquisa (40,1%) -, em São José do Rio Preto (36,3%) e em Sorocaba (33,5%).

Para a Federação, os dados apontam para um processo de antecipação da digitalização do comércio: isso significa que, por causa da pandemia, muitas empresas precisaram acelerar projetos de diversificação de canais de venda, uma vez que, caso contrário, não sobreviveriam. A consequência disso foi uma expansão do tamanho do próprio e-commerce.

Além disso, a pesquisa também reforça, para a Entidade, como o comércio eletrônico foi fundamental para gerar renda e garantir a continuidade dos negócios que tiveram de fechar as portas em meio à crise de covid-19, permitindo não apenas a manutenção de empregos e de renda, como também a geração de postos de trabalho, incentivando, assim, a retomada econômica.

Auge dos duráveis

O resultado do e-commerce paulista se deve, em boa parte, ao desempenho dos produtos duráveis, que aumentou o tamanho em um terço (34,5%) em 2020, chegando muito perto da casa dos R$ 20 bilhões em faturamento.

O número apresenta uma realidade que já se vislumbrava em outras pesquisas da Federação: na quarentena, cresceu significativamente a demanda por itens domésticos que suprissem as necessidades domésticas, como home office e educação a distância, por exemplo. Isso se vê no aumento das vendas de eletroeletrônicos e eletrodomésticos em canais digitais.

O desempenho dos duráveis no e-commerce paulista também fez com que chegassem à proporção de 8,3% em relação ao varejo como um todo. Em outras palavras, o número mostra que quase um décimo de tudo o que foi vendido nesta categoria de produtos saiu dos canais digitais em 2020.

O resultado dos bens semiduráveis também chama a atenção: crescimento de 18,2% em relação a 2019, com faturamento final de R$ 5,4 bilhões. Já entre os não duráveis, a alta foi menor: 6,3%, na casa dos R$ 3,6 bilhões.

Tíquete médio não acompanha crescimento

Se até o início da pandemia as compras do e-commerce eram dominadas, em sua maior parte, pelas classes A e B, agora é cada vez maior a presença das classes C e D entre os consumidores de canais digitais. Isso se deve, entre outras coisas, à maneira como o comércio eletrônico se expande, fazendo com que mais pessoas tenham acesso a este tipo de consumo.

Esta nova realidade explica também a estabilidade do tíquete médio mesmo em um ano de aumento no faturamento: apenas os duráveis registraram alta do valor médio gasto nas compras online no Estado (0,6%). Entre os semiduráveis, a queda foi de 2,3%, e entre os não duráveis, de 14,8%. Desta forma, o tíquete médio do comércio eletrônico paulista manteve-se estável em 0,3%.

Como manter o ritmo em 2021?

Digitalizar uma empresa não é apenas ter um cadastro em uma plataforma online. É preciso uma adaptação completa que passe por um planejamento adequado e, bem como o conhecimento do mercado em que se está inserido. Só assim que se torna possível oferecer uma melhor experiência de compra ao consumidor e, por consequência, faturar mais. Essa é, para a FecomercioSP, a dica mais importante para que os negócios sigam colhendo bons resultados no e-commerce neste ano.

A orientação também vai no sentido de uma gestão mais rigorosa do fluxo de caixa, reduzindo despesas, evitando endividamentos e mantendo os custos operacionais estáveis. Isso passa ainda por um controle dinâmico e estratégico dos estoques, identificando mercadorias que têm menos saída e encontrando táticas de vendas para que elas não fiquem paradas. Uma maneira de fazer isso, para a Federação, é promover liquidações.

Com a expansão acelerada dos modelos híbridos de vendas – em estabelecimentos físico e digitais -, a tendência é que esses números sigam subindo ao longo do ano, mesmo de forma menos acelerada do que foi em 2020. Uma demonstração da relevância que o e-commerce já tem para o varejo paulista como um todo.

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