Brasil: IPCA (novembro)
• O IPCA de novembro apresentou variação de 0,51%, marginalmente acima da mediana das projeções da Bloomberg (0,47%).
• Apesar da surpresa para cima e da própria leitura em nível mais elevado do que o observados nos últimos meses, essa divulgação continua sendo muito positiva em sua composição.
• A pressão altista sobre preços continua sendo exercida exclusivamente pela parte de alimentação, em particular os preços de carnes. A perspectiva é que essa pressão aumente ainda mais no mês de dezembro, levando o grupo de alimentação no domicílio para um patamar em torno de 3,5%.
• Por outro lado, os núcleos de inflação seguem na direção oposta, surpreendendo para baixo, quando já se encontravam em nível próximo ao piso da meta de inflação. Para frente, continuamos sem perspectiva de recuperação nesse segmento, seja por meio de atividade econômica mais aquecida ou por meio de possível transmissão da alta dos preços de carnes para outros preços da economia, de forma que esse número apenas reforça o espaço que a política monetária tem para continuar ajustando os juros e manter a porta aberta em sua próxima reunião para novos cortes.

EUA: Payroll (novembro)
My take:
• Payroll vem muito acima do esperado pelo mercado em 266k (esperado: 180k) com revisão significativa no mês anterior de 128k para 156k.
• Em termos de política monetária, o dado de hoje reforça a perspectiva para o FED de que os riscos para a economia americana e a desaceleração do setor manufatureiro ainda não tiveram efeito perceptível no mercado de trabalho. Assim, a retórica on-hold salvo uma revisão significativa no cenário segue valendo.
• O Payroll aumenta a expectativa de que o crescimento econômico nos EUA permanecerá sustentado pelo lado do consumo ao longo do próximo ano. Ao mesmo tempo, a perspectiva de uma aceleração inflacionária por conta de elevação dos salários parece contida. Assim, a reação que vem se desenhando no mercado é de um cenário goldilocks: crescimento sem inflação.

Comentários:
• Payroll vem muito acima do esperado pelo mercado em 266k (esperado: 180k) com revisão significativa no mês anterior de 128k para 156k.
o Por dentro, destaque para a parte de bens, que criou 48k vagas em comparação a destruição de 25k no mês passado. Grande parte deste movimento é explicado pela criação de 41k vagas na parte de automóveis, compensando a destruição de -43k no mês passado por conta da greve da GM.
o A parte de serviços está em evidente aceleração ao longo dos últimos meses, criando 206k vagas após 188k no mês passado. O destaque por dentro foi na parte de serviços de saúde com +74k vagas.

• Pelo lado dos salários, a aceleração (MoM) foi marginalmente menor do que o esperado em 0.248% (esperado: 0.3%). No entanto, parte do erro é explicado pela revisão na leitura do mês passado de 0.2% para 0.4%.
o Tanto a parte de bens como a parte de serviços contribuíram para a aceleração de salários, com um avanço significativo na parte de bens de 0.24% p/ 0.34% (MoM)
o Na parte de serviços, destaca-se a parte de utilities, que parece outlier com um avanço de 0.623% no mês após dois meses seguidos de queda. Por outro lado, education and health services mostrou queda de -0.108% após o forte desempenho no mês passado.

• No comparativo anual dos salários, observa-se o ganho de dinamismo na parte de bens enquanto a parte de serviços mostra desaceleração no comparativo anual. O índice parece não ter sentido claro considerando-se as médias móveis, mas é possível especular por estabilização no curto prazo.
• Destaque para as taxas de desemprego (U3 e U6), ambas melhores do que a expectativa do mercado e retornando ao low deste ciclo.
• Em termos de política monetária, o dado de hoje reforça a perspectiva para o FED de que os riscos para a economia americana e a desaceleração do setor manufatureiro ainda não tiveram efeito perceptível no mercado de trabalho. Assim, a retórica on-hold salvo uma revisão significativa no cenário segue valendo.
• O Payroll aumenta a expectativa de que o crescimento econômico nos EUA permanecerá sustentado pelo lado do consumo ao longo do próximo ano. Ao mesmo tempo, a perspectiva de uma aceleração inflacionária por conta de elevação dos salários parece contida. Assim, a reação que vem se desenhando no mercado é de um cenário goldilocks: crescimento sem inflação.
Felipe Sichel,
Estrategista do banco digital Modalmais

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