Caro Investidor!
A “fé não costuma faiá”, canta Gilberto Gil há décadas e isso vale para todo mundo independente de crença, porque fé é confiança e isso não tem a ver com religião ou doutrina. E é com fé que você investidor em FIAgros já embala 2025 porque o otimismo está no ar depois de um 2024 desafiador para o agronegócio brasileiro.
É de conhecimento geral que o setor enfrentou quebra de safra, preços desfavoráveis, aumento nos custos de produção e elevação do custo de capital, impactando diretamente os resultados dos produtores e investidores. Sem falar das enchentes no Rio Grande do Sul em maio passado, que tiveram impacto direto na agricultura
Para 2025, as perspectivas são mais otimistas. É o que projeta Utcho Levorin, sócio e Gestor da Multiplica Crédito & Investimento. “As chuvas ocorreram no momento certo e com bom volume, garantindo uma previsão de safra sem grandes problemas hídricos. Esse cenário favorável pode levar a um recorde de produção, com ganhos significativos de produtividade. Além disso, a alta do dólar tem contribuído para melhorar os preços internos, enquanto os preços das commodities mostram uma leve recuperação no mercado global.”
EUA e China
As relações comerciais entre os Estados Unidos e a China seguem influenciando o mercado de commodities, segundo Levorin. Durante o primeiro mandato de Donald Trump, as retaliações à China impulsionaram os preços agrícolas. No entanto, no segundo mandato,que começa na próxima segunda, dia 20, mesmo com possíveis novas retaliações, o impacto sobre os preços não deve ser tão expressivo. “Isso porque a China já ampliou significativamente suas importações de produtos brasileiros nos últimos anos, reduzindo a dependência de ajustes comerciais específicos.”
Além disso, o custo de capital continua elevado e deve permanecer em alta, representando um desafio adicional para os produtores financiarem suas lavouras. Os recursos oriundos de dinheiro público e de grandes bancos têm se mostrado insuficientes para atender às demandas do setor. “Nesse contexto, os Fiagros têm se destacado como uma alternativa viável, oferecendo maior atratividade para originação de operações financeiras”, disse Levorin.
Conforme o especialista, os FIAgros apresentam spreads superiores aos de grandes bancos, tornando-se uma opção interessante para investidores. Com o CDI elevado e spreads na faixa de 5% a 6% ao ano, essas operações podem gerar retornos próximos a 20% ao ano. “Também a isenção de IR (Imposto de Renda) sobre os rendimentos torna os Fiagros ainda mais vantajosos para investidores em busca de alternativas competitivas no mercado.”
Pontos de atenção
Apesar do cenário mais positivo para 2025, é necessário atenção à questão da inadimplência. “O impacto das dificuldades de 2024 ainda pode ser sentido, exigindo cautela na seleção de ativos. É fundamental que os investidores compreendam a composição dos fundos em que pretendem investir”, alerta Levorin.
De acordo com ele, para os FIAgros com carteiras bem estruturadas e seguras, “o momento é favorável para aquisição, já que muitos ativos estão precificados com descontos significativos.”
Vários players do setor enfrentaram desafios em 2024, incluindo pedidos de recuperação judicial (RJ), o que impactou a precificação de ativos e abriu oportunidades para investidores. “Atualmente, muitos FIAgros estão sendo negociados com descontos que variam de 15% a 20% em relação ao valor patrimonial”, comenta o gestor.
Para Acilio Marinello, sócio-fundador da Essentia Consulting, um ponto a mais de atenção, é que o agro, apesar de ser uma alavanca econômica fortíssima no Brasil, passou por alguns momentos de dificuldade muito influenciado por fatores climáticos, apesar que esse ano já a safra 24, 25 tende a ter alguns recorde, principalmente em algumas commodities que são mais valorizadas, como a soja por exemplo. “Então é um horizonte interessante, principalmente considerando a alta do dólar. A safra que vai ser colhida agora e comercializada ao dólar nesse nível, deve trazer uma boa rentabilidade para os grandes produtores. Assim, o FII passa a ser um papel atrativo, mas sempre pensando que o mundo do agro tem muitas variáveis, um ambiente complexo, tem a questão climática, mercados globais”, comenta.
Marinello acredita que é preciso analisar muito bem as principais commodities produzidas no agro, não somente grãos, mas também proteína animal entre outras, pois elas têm muita volatilidade no mercado.
“O investidor que quer investir nesses fundos precisa entender um pouco mais, acompanhar o setor e avaliar com bastante cuidado, que apesar das perspectivas de bons resultados da safra 24 ou 25, isso não garante que a safra 25 ou 26 pode ter uma performance similar ou melhor, então há os critérios de volatilidade que são fora do controle. São variáveis mais difíceis de serem previsíveis.”
Cenário econômico e oportunidades de investimento
Sobre o cenário econômico brasileiro, Levorin diz que ele segue sem grandes avanços no ajuste fiscal necessário, “o que reduz o interesse de investidores no mercado acionário e em títulos atrelados à inflação”. Nesse contexto, a renda fixa de crédito se apresenta como uma alternativa sólida e atrativa para diversificação de portfólio.
“Os Fiagros têm despontado como uma oportunidade interessante, especialmente para quem busca exposição ao agronegócio com um perfil de risco controlado. Algumas opções de destaque no mercado incluem: EGAF11, RURA11, KNCA11 e BTAL11, que apresentam boas condições para investimento, aliando segurança e potencial de retorno.”
Para Felipe Paiva, sócio na área de Mercado de Capitais de TozziniFreire Advogados, as perspectivas para os Fiagros no início de 2025 são de recuperação gradual após um 2024 desafiador, marcado por condições climáticas adversas e inadimplências.
“Com previsões de clima mais favorável e câmbio elevado, espera-se um impacto positivo nas exportações e maior estabilidade para o setor, embora a retomada deva ser lenta, com sinais mais evidentes no segundo semestre”, comenta.
A Selic em alta continua desafiando a captação de recursos via Fiagro, tornando a renda fixa mais atrativa e restringindo o crédito ao agronegócio. Podemos esperar investidores priorizando fundos com ativos sólidos e gestão com histórico de performance, aproveitando as oportunidades de longo prazo, mas com atenção às particularidades do cenário macroeconômico.
RZAG11
O Riza Fiagro seleciona ativos nas cadeias produtivas agroindustriais com foco em originação própria visando um portfólio que melhor se adequa às perspectivas de risco-retorno-liquidez.O fundo RZAG11 registrou um rendimento de 16,43% nos últimos 12 meses, correspondendo a um valor de R$ 7,85 por cota. Esse FIAgro é a recomendação destacada de Max Bohm, estrategista de ações da Nomos Investimentos para janeiro.
O que esperar do Agronegócio?
Conforme relatório do Itaú BBA, o estudo de projeções do agronegócio brasileiro entre o período de 2023/24 a 2033/2034, realizado pela Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária, aponta um relevante aumento da produção agropecuária brasileira no próximo decênio, com relevância ainda maior das principais commodities agrícolas. Entre elas, estão:
▪ Grãos: a produção de deve crescer +27% no período, impulsionada sobretudo por milho (+32,3% no período) e soja (+35,3% no período), sendo ambos favorecidos pela maior demanda internacional – exportação crescendo +61,9% para o milho e +41,5% para a soja. ▪ Açúcar: a produção de açúcar deve atingir cerca de 55,2 milhões de toneladas na safra de 2033/34, um crescimento estimado de 20,8% em relação a 2023/24. Vale destacar que a produção de açúcar pode ser afetada pela demanda por etanol, em função da dinâmica do setor sucroenergético.
▪ Carne (Bovina, Suína, Frango): a expectativa no período, é de um crescimento da produção anual de 2,4% ao ano para frango e suínos e de 1,1% ao ano para bovinos, totalizando um crescimento da produção de +28,4% (frangos), +27,5% (suínos) e +10,2% (bovinos) até 2033/34.
“Este crescimento é devido principalmente pela maior demanda internacional de proteínas, além de um maior consumo nacional de frangos e suínos. Em resumo, o potencial de crescimento do setor agropecuário é enorme, devendo demandar contínuos investimentos no setor e uma participação relevante na geração de riqueza do país”, diz o relatório de dezembro passado.
(Colaborou na produção: Márcia Sobotyk)
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