“Mapear gastos e ter consciência para olhar para o longo prazo”.

São as dicas chave para começar e manter um planejamento patrimonial voltado a investimentos.

Se até há pouco tempo o nome assustava e parecia ser algo exclusivo de clientes private ou de investidores com experiência, em um cenário em que a rentabilidade da renda fixa caiu pela metade em pouquíssimo tempo e que mudanças na Previdência Pública foram consolidadas, saber onde se gasta e fazer sobrar dinheiro para investir virou regra. 

Um planejamento patrimonial pressupõe fazer um acompanhamento constante do quanto se ganha, onde se gasta e o quanto se pode investir.

Você já fez o seu?

Conversei com Daniela Casabona, há seis anos à frente da FBWealth (braço da FBCapital), sobre o tema.

Ela acredita que quem tem entre 28 e 50 anos está no momento mais importante para isso. E me contou que as mulheres, apesar de ganharem bem, não investem porque têm mais dificuldade de guardar dinheiro. E saber identificar algumas razões para isso pode ajudá-las.

Através desta conversa, Daniela esclarece que a expressão Planejamento Patrimonial nada mais é do que planejar a forma de gastar e investir o dinheiro.

E que essa postura é cada vez mais aconselhável diante de um cenário de taxas de juros que derrubaram a rentabilidade das aplicações mais tradicionais e de mudanças nas regras da Previdência Púbica.

As mulheres têm características próprias na sua relação com o dinheiro e com os investimentos?

As mulheres ganham bem, mas não investem o dinheiro tanto quanto os homens. Elas têm dificuldade de ter a filosofia de guardar dinheiro.

Eu vejo uma mudança nesse cenário, mas ainda falta um pouco de confiança, entendimento. Por isso, muitas vezes, um profissional pode ajudar a orientar para esse caminho.

Isso acontece mesmo na etapa de mapear custos, que seria um passo anterior ao planejamento em si. Muitas vezes, a mulher tem um bom salário, mas gasta muito. Trabalha com excessos. E não consegue juntar porque não mapeou isso.

Como começar?

O mais importante é mapear e entender, para diagnosticar em que e como pode fazer economia.

Geralmente, analisa-se o potencial de poupança que tem e trata-se uma meta, que vai se percorrer em um período determinado, como em um ano.

Nem sempre é possível fazer um diagnóstico no primeiro mês. Mas acompanhando constantemente o quanto se ganha e se gasta e o quanto se pode poupar. E se acompanha como está conseguindo guardar dinheiro.

Como é possível fazer um planejamento patrimonial de fato?

No primeiro momento fazemos um diagnóstico do seu patrimônio (incluindo seus bens) e tentamos entender seus objetivos de vida e seus fluxos de caixa. Quanto ganha e no que gasta. E montamos uma estratégia para rentabilizar o que sobra acima da inflação própria, não do Governo.

A partir daí, vamos fazendo um trabalho de acompanhamento do atingimento da meta. À medida que a meta seja atingida, e criam-se outras. E, de períodos em períodos, se revisa esse planejamento.

E quanto à meta, ela deve existir para que o planejamento aconteça? Quais são as mais comuns?

A meta depende muito de cada um – do tempo. A ideia é quanto mais consiga se planejar desde sempre, e ter esta mentalidade, você está preservando o seu futuro. Porque acidentes acontecem no meio do caminho, e sempre falamos que o momento mais importante para fazer este movimento é entre seus 28 e 50 anos. Depois isso, sua energia diminui, podem acontecer imprevistos, como ser demitido, e é importante ter esta consciência financeira.

Você se refere ao planejamento patrimonial voltado a investimentos. Quais seriam os caminhos a serem traçados visando esse longo prazo que você se refere?

Para todos os tipos de investidores nossa sugestão é a diversificação. Para quem, até hoje, estava alocando seus investimentos 100% em renda fixa, viu sua rentabilidade cair mais da metade. E se continuar com essa ideia que até então se tinha como conservador, provavelmente não vai conseguir atingir seus objetivos.

Então, a ideia do planejamento é diversificação. É sempre bom estar posicionado em todos os ativos. Especialmente, no momento atual, que é um bom momento. A bolsa de valores sempre tem que fazer parte dos investimentos. Tem que se ter uma estratégia voltada à renda variável, mesmo que seja em menor proporção.

Dicas da Daniela Casabona:

  • Mapear custos;
  • Descriminar tudo onde se gasta e entender para onde está indo o seu dinheiro;
  • Pedir ajuda para fazer esse mapeamento, se precisar;
  • Ter disciplina para acompanhar esse mapa e esse plano, porque não adianta ter uma planilha, se não seguir;
  • Revisar o seu planejamento, pelo menos, uma vez por ano;
  • Olhar para o longo prazo.

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