As elevadas precipitações e o alto teor de umidade do ar, nas últimas semanas no Rio Grande do Sul, ocasionaram perdas tanto quantitativas – de produtividade – quanto qualitativas – referentes à germinação de grãos em espigas de milho, incidência de doenças fúngicas e desenvolvimento de micotoxinas. Novamente, nas poucas oportunidades de colheita, a cultura da soja foi priorizada em relação ao milho. O período apresentou avanço de apenas 2% nas operações de colheita em comparação à semana anterior, atingindo 88% no Estado.Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, a colheita avançou pouco no período em razão das chuvas. A produtividade média da safra reduziu para 6,9 mil quilos por hectare devido às grandes perdas, nas lavouras que ainda estavam por colher, a partir do final de abril, quando se intensificaram as chuvas.As áreas que ainda não foram colhidas apresentam grande número de plantas acamadas, grãos germinados e mofados, reduzindo a qualidade e elevando o risco de presença de micotoxinas altamente prejudiciais para humanos e animais.Na de Frederico Westphalen, a colheita ultrapassa 98%. Contudo, os elevados volumes de chuva, desde o início de maio, causaram perdas significativas nas áreas que ainda seriam colhidas. O impacto só não é mais expressivo, pois restam apenas 2% da área por colher.Na de Ijuí, as lavouras maduras e ainda por colher (2%) continuam apresentando germinação de grãos nas espigas. Já as lavouras de segunda safra estão em estádio de maturação, e há acentuado acamamento de plantas e doenças provocadas por bacteriose.Na de Pelotas, a alta umidade e os dias nublados impossibilitaram qualquer colheita, mecanizada ou manual. As lavouras prontas para colher apresentam perdas de qualidade – grãos mofados e ardidos – em função do excesso de umidade. Há muitos relatos de danos provocados por cigarrinha nas lavouras plantadas mais tarde. Atualmente, 27% estão na fase de enchimento de grãos; 33%, em maturação; e 40% foram colhidos.Na de Santa Rosa, a baixa radiação solar tem limitado o desenvolvimento das lavouras, que apresentam plantas de baixo porte e cloróticas; possivelmente, haverá perdas na produtividade do milho safrinha para a produção de grãos. Os danos causados pelas chuvas nessas lavouras de safrinha foram: tombamento de plantas, perda dos grãos das espigas pela germinação e desenvolvimento de fungos. Durante o período, vários produtores se dedicaram à colheita das plantas na forma de silagem para os animais no intuito de reduzir as perdas.Na de Soledade, os pequenos avanços na colheita ocorreram de forma manual em áreas menores. O excesso de chuva impactou as lavouras tardias, causando a germinação dos grãos, mas a produção ainda é considerada satisfatória. As fortes chuvas aumentaram o acamamento de plantas atacadas por cigarrinha e a pressão de doenças, como bacterioses, elevando as perdas. As operações de colheita alcançaram 67%.Milho silagem – As atividades de colheita e de ensilagem foram retomadas, mas de maneira lenta, com o objetivo tanto de realizar a operação em plantas próximas ao ideal de maturação dos grãos quanto de preservar a condição verde das plantas, antes que ocorra o secamento da palhada e a consequente perda de qualidade nutricional.Porém, a operação foi realizada apenas em algumas propriedades, pois a prioridade é a colheita de outras lavouras de verão. Estima-se que 92% foram colhidos, e a produtividade projetada permanece em 35.518 quilos por hectare. As fortes chuvas acentuaram o acamamento das plantas afetadas pela cigarrinha – fenômeno conhecido como enfezamento – e aumentaram a incidência de doenças bacterianas. Nessas circunstâncias, estima-se que haverá elevado índice de perdas.Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, a atividade de colheita e de ensilagem está tecnicamente encerrada. Contudo, muitos silos foram danificados pelas chuvas ou sofreram infiltração de água, gerando consideráveis perdas no produto armazenado.