Se você ainda não se deu conta sobre a exigência deste século XXI, quero lhe dizer que nossa pedra angular será a colaboração.
Com a Catástrofe do Rio Grande do Sul, conforme relatório emitido pelo Banco Itaú existe o risco de perda de 4% da produção de soja nacional, risco de destruição na capacidade produtiva de Porto Alegre semelhante ao que houve durante o período da COVID, risco de alta do preço do arroz porque o Rio Grande do Sul é responsável por quase 70% da produção nacional, além da perda de vidas humanas, de animais, de plantas, e da destruição do solo que estava sendo preparado para o plantio da safra de inverno.
Não precisamos sair do Brasil para entender o que significa resultado de pós-guerra, temos a nossa vista tudo que está acontecendo, e ainda está por vir, assim que a água baixar por completo no Rio Grande do Sul.
Portanto como já disse o prefeito de Bento Gonçalves, ajudar na reconstrução pode acontecer também, pela aquisição priorizada de produtos do Rio Grande do Sul, assim quando as famílias forem fazer suas compras, se puderem olhar rótulos do produtos e comprar produtos gaúchos afim de ajudar empresas a se recuperarem, e pessoas terem onde trabalhar após o caos, estarão ajudando tanto quanto quem enviou mantimentos ou doou dinheiro.
Entender que não se trata do problema de um estado, mas da oportunidade do país aprender a trabalhar de forma colaborativa para sair do caos, contar as perdas, e reconstruir seu legado para ter um presente e futuro diferentes, torna-se exigência de politica pública, de cultura de sociedade e de uma nova forma de enxergar como fazer negócios em rede.
Cada empresa, entidade, academia, governo, população, oferece o que tem de melhor e mais significativo para reconstruir negócios, ajudar famílias e reestabelecer a ordem dentro de um novo cenário de pensamento e comportamento, orientado a um propósito maior, ter um país mais forte e uma sociedade mais unida, segura, digna e justa.
O que as guerras tem a nos ensinar?
Após a segunda guerra mundial o mundo entendeu que precisava se reconstruir, chorar seus mortos, contar suas perdas, levantar a cabeça, se refazer e resignificar as relações globais. Era um tempo de encerrar os confrontos, trabalhar a paz, a saúde, a educação e a dignidade da população.
Se podemos dizer que existe um lado positivo após a destruição é a esperança da reconstrução, um livro em branco com a responsabilidade de escrevê-lo de forma mais sustentável, em prol do coletivo e com o espirito de começar de novo, privilegiando o todo, o trabalho em rede, o desenvolvimento econômico através das parcerias.
O pensamento do conquistador que busca hegemonia geopolítica, ou o politico que trabalha para fomentar a batalha de ideologias perde sentido, afinal de contas não há nada mais precioso do que vidas de toda natureza, e a visão da destruição colabora para resgatar os princípios humanos de qual o nosso verdadeiro papel neste planeta.
Portanto, se aprendemos com a história e os anos de desenvolvimento econômico do mundo após a segunda guerra mundial, entendemos que tudo só foi possivel porque haviam três pilares fundamentais sustentando e movendo o mundo:
- Instituições Econômicas unidas em prol da reconstrução,
- A População empenhada em reconstruir casas, terrenos de plantio, empresas e modelos de negócio e,
- Os Governos imbuídos no fomento a politicas públicas com investimentos, legislação e negociações multilaterais para fortalecer o interesse da reconstrução mundial frente a qualquer outro interesse local ou bilateral.
Este é um momento para trabalharmos em rede e usarmos o que há de melhor na união de grupos descentralizados, trazendo capacidades, competências para entregar de forma diferente, experiências e criatividade que ajudem as cidades se readaptar depois do caos e toda sociedade evoluir na forma de agir e pensar, evitando que uma nova crise destrutiva aconteça.
Uma nova ordem se faz necessária
A Reconstrução não pode ser o resultado de um pico emocional, onde a comoção toma conta de mentes e corações, investimentos são feitos momentaneamente, parcerias são estabelecidas temporariamente e após passado algum tempo todos retomam suas vidas esquecendo o que aconteceu, similar ao que já passamos com a pandemia.
Não se trata de viver um luto e recomeçar a vida com a mentalidade de “o pior já passou”, trata-se de parar, refletir, respirar e compreender que este século exige uma mudança profunda de comportamento, de construção de relações, de fortalecimento no desenho do modelo de negócios, de fomento ao trabalho em rede porque as variáveis não controladas por qualquer ser vivo são enormes.
Precisamos arregaçar as mangas entendendo que concorrência existirá, interesses individuais permanecerão, relações bilaterais ainda serão construídas, porém a teia desenhada no planeta que conecta a todos para o bem e para o mal não desaparecerá, nem se desconectará.
Portanto o planejar, executar e avaliar precisará ser feito em rede afim de prevenir novas catástrofes, mitigar o risco de grandes guerras, mas acima de tudo educar e contribuir para elevar o nível de consciência individual em prol de uma sociedade mais justa e digna para todos.