A Cemig (CMIG4), Companhia de Energia de Minas Gerais, realizou seu Investor Day 2024 na última terça-feira, 20 de agosto, e reiterou a estratégia estabelecida no evento do ano passado.

O presidente Marcio Utsch deu início ao evento e destacou as limitações da empresa como estatal, mas manifestou otimismo quanto à sua capacidade de liderar o setor de energia por meio de alocação eficiente de capital, excelência operacional e forte foco nas atividades principais no estado de Minas Gerais (MG).

Desde 2019, a Cemig tem passado por uma transformação significativa.

Em relatório, o BTG Pactual destaca que a empresa desfez-se de ativos não essenciais, economizou R$ 7,70 bilhões em economias e evitou injeções de capital, comprometeu-se a reduzir perdas de energia e a melhorar a eficiência operacional, e anunciou o maior plano de investimento de sua história, focado nas operações principais em MG.

A venda de ativos não essenciais adicionais, como a Taesa (TAEE11), pode ser uma prioridade, e possivelmente tende a gerar dividendos extraordinários.

Embora a alavancagem esteja confortável, com um índice de 1x ND/EBITDA no final do segundo trimestre, a Cemig projeta um aumento gradual para 2,5x até 2027 com a execução de investimentos e mantém ainda espaço para oportunidades de crescimento.

Na ocasião, a Cemig revelou um plano de investimento ambicioso de R$ 49,2 bilhões para o período de 2019 a 2028.

Deste total, R$40,4 bilhões serão direcionados a segmentos regulados, como distribuição, transmissão e gás, e R$ 8,8 bilhões para segmentos de mercado livre, inclusive geração e inovação.

Para o período de 2024 a 2028, estão previstos R$ 35,6 bilhões em investimentos, com R$ 13,6 bilhões já aplicados até 2023.

A empresa contratou dois terços do investimento planejado.

A falta de investimentos robustos em energia em MG motivou a Cemig a direcionar uma grande parte desses recursos para a expansão e modernização da infraestrutura de sua rede, com o objetivo de atender aos padrões regulatórios, gerar eficiências de custo e aumentar a demanda por energia.

No setor de distribuição, o BTG Pactual avalia que a Cemig tem demonstrado melhorias significativas na eficiência e qualidade do serviço desde a implementação de uma abordagem centrada no cliente.

De acordo com os analistas, a empresa continua comprometida em reduzir as perdas de energia, que, após dois anos de conformidade, ligeiramente excederam os benchmarks regulatórios no primeiro semestre de 2024.

A maior parte do capital de investimento planejado, R$ 33,2 bilhões, vai ser alocada para distribuição, com R$ 4,4 bilhões destinados a 2024.

As principais iniciativas incluem a construção de 200 novas subestações, a implementação de medidores inteligentes e a expansão da rede trifásica em MG, com o objetivo de melhorar a confiabilidade e capacidade da rede.

A Cemig avalia ainda a viabilidade de uma renovação antecipada da concessão da distribuidora em coordenação com a ABRADEE, já que o contrato atual, renovado em 2015, expira em 2045.

No segmento de Geração e Transmissão (G&T), a Cemig G está focada na renovação de três usinas hidrelétricas (Sá Carvalho, Nova Ponte e Emborcação).

A empresa colabora com o Ministério de Minas e Energia (MME) para manter esses ativos, seja por meio de conversão para o regime de cotas ou outra solução regulatória.

A Cemig está menos otimista em relação à hidrologia e já garantiu toda a energia necessária para 2025 e 2026.

A previsão foi de que os números de comercialização para o ano fiscal de 2024 se normalizem em aproximadamente R$600 milhões em EBITDA (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), após um 2023 excepcionalmente forte.

Novas plantas de geração centralizada serão construídas somente com PPAs associados.

A Cemig SIM, braço de geração distribuída, mantém sua meta de alcançar 600 MWp até 2027.

A Cemig T ressaltou a necessidade de fortalecer a rede da concessão, e destacou o subinvestimento passado e R$ 4,8 bilhões em ativos totalmente depreciados.

Dos R$ 5 bilhões de capital de investimento planejados para 2019-28, R$ 3,5 bilhões já foram aprovados para reforço de capital.

A Gasmig está focada na expansão de sua rede de distribuição e penetração no mercado, especialmente nos segmentos residencial e comercial, e está bem posicionada para desempenhar um papel crucial na transição energética, com o crescimento do biogás e do hidrogênio.

A potencial federalização da Cemig foi um dos principais tópicos do evento, como o projeto de lei PROPAG proposto pelo presidente do Congresso Nacional e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O secretário de Estado para Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, e o presidente Utsch reconheceram que a Cemig poderia operar com mais eficiência se transformada em uma corporação, uma proposta anteriormente apoiada pelo governador Romeu Zema (Novo).

Passalio destacou que o estado vê a federalização com bons olhos, mas ressalta que seria um processo longo, o que exigiria aprovação da assembleia legislativa.

Além disso, mencionou que os direitos de tag-along e a avaliação para a transferência de controle poderiam desencorajar o governo.

A privatização seguida de federalização também foi mencionada como uma possibilidade, mas atualmente a opção mais viável seria a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), em vigor por meio de uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) e que pode ser formalizado por autorização legislativa.

O BTG Pactual mantém recomendação neutra para as ações preferenciais de Cemig (CMIG4), com preço-alvo de R$ 11,00 por ação para os próximos doze meses.

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