Imagine colocar todo o seu recurso em uma aplicação e ela não só não render o quanto tinha prometido, mas também dar prejuízo? Não é incomum nos depararmos com casos assim no mercado financeiro, quando o investidor decide renunciar à diversificação para focar em um só ativo que ele considera o mais rentável e ideal. Ledo engano cometido por pessoas que pouco entendem sobre como funciona o mercado financeiro, mas também por aquelas mal assessoradas ou que se deparam com o conflito de interesse dos assessores de investimentos.

Este é um ponto relevante. O primeiro passo ao escolher seu assessor de investimentos é observar a política de remuneração e se ela levará a conflitos de interesses ou não. Se o seu assessor, por exemplo, recebe um comissionamento maior por indicar determinado ativo ao invés de outro, qual a garantia de que ele vai defender o que é melhor para seu perfil, mas que paga bem menos para ele?

Para que não haja problemas deste tipo, opte pelo modelo de fee based como forma de remuneração. Amplamente adotado no mercado internacional, mas ainda de forma tímida no Brasil, o fee based tem como base a cobrança de uma taxa pré-determinada sobre o patrimônio. Desta forma, o recebimento de comissão perde importância, pois a performance passa a ser o ponto central da gestão.

Após eliminar o conflito de interesse na escolha do assessor, o segundo passo é a autoanálise. O fato é que aplicar seus recursos exige um estudo mais aprofundado e um conhecimento sobre si mesmo. Quais os riscos que você está disposto a correr? Qual a finalidade de seu investimento? Em quanto tempo você precisará utilizar desses recursos? Perguntas como essas irão definir a composição de seu portfólio. Se você, por exemplo, não suporta ver um ativo desvalorizando um dia por conta da conjuntura macroeconômica, ou notícias pontuais, deve se manter longe do mercado acionário ou fundo composto por renda variável.

Dessa forma, para investidores de perfil conservador, pode ser interessante considerar uma diversificação de investimentos da seguinte forma: alocar 15% do capital em fundos de renda fixa pós-fixados com liquidez, que proporcionam segurança e liquidez; 50% em FIC FIDC e multimercado em crédito privado, que oferecem estabilidade e uma performance superior ao CDI com riscos pulverizados e 35% em fundos de debêntures incentivadas, que são isentos de impostos e proporcionam bons retornos com segurança.

Investidores de perfil moderado, que aceitam um pouco mais de risco, poderiam avaliar a seguinte alocação: 15% em fundos de renda fixa pós-fixados com liquidez para garantir segurança; 35% em FIC FIDC e multimercado em crédito privado, reduzindo a exposição mas mantendo a estabilidade; 30% em fundos de debêntures incentivadas, mantendo uma parte significativa em ativos seguros; 10% em fundos de ações para aumentar os potenciais ganhos e 10% em ações de empresas boas pagadoras de dividendos, dividindo igualmente entre fundos de ações e ações que pagam bons dividendos.

Para investidores de perfil arrojado, que estão dispostos a assumir mais riscos, a seguinte alocação poderia ser considerada: 10% em fundos de renda fixa pós-fixados com liquidez para manter um nível de segurança e liquidez; 30% em FIC FIDC e multimercado em crédito privado, mantendo uma base sólida mas com menor exposição; 10% em fundos de debêntures incentivadas, garantindo segurança com uma menor alocação; 25% em fundos de ações, aumentando significativamente a exposição a ações para buscar maiores retornos e 25% em ações de empresas boas pagadoras de dividendos, investindo uma parcela significativa em ações que pagam bons dividendos.

Dessa forma, cada perfil de investidor pode ajustar sua carteira para equilibrar risco e retorno conforme suas preferências e objetivos financeiros.

Obter a alocação ótima não para por aí. Após selecionar a classe de fundos que desejamos aplicar, é preciso analisar as gestoras desses fundos e observar como é feita a seleção de ativos e o gerenciamento de riscos, como a pulverização dos ativos que compõem as carteiras. Neste sentido, é importante que o investidor esteja bem assessorado.

Buscar renda passiva no longo prazo, protegendo seu patrimônio, é um trabalho que exige esforço do investidor, autoconhecimento e confiança em seu assessor de investimentos. O cuidado com estes três pontos leva a uma alocação ótima e à sustentabilidade de seus investimentos que devem sempre focar na diversificação de riscos.

Por Jonas Carvalho, CEO da gestora de patrimônios Hike Capital

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