Em uma sessão marcada pela baixa volatilidade no mercado acionário brasileiro, a petroquímica Braskem (BRKM5) se destacou como a principal alta do Ibovespa nesta terça-feira (4).
O desempenho positivo da companhia contrastou com o marasmo do pregão e refletiu a expectativa otimista dos investidores em relação à gestão de provisões ligadas ao evento geológico que afetou bairros de Maceió, Alagoas (AL).
O movimento de alta das ações acompanha a expectativa do mercado financeiro de que o aumento das provisões para o evento geológico de Alagoas não vai trazer impactos negativos ao balanço da companhia, cujos resultados do quarto trimestre de 2024 estão previstos para serem divulgados no dia 26 de fevereiro de 2025.
Braskem (BRKM5) detalha o impacto do evento geológico de Alagoas e calcula desembolsos
Na semana passada, a Braskem comunicou um acréscimo nas provisões relacionadas ao desastre geológico que atingiu diversos bairros de Maceió (AL) em decorrência da exploração de sal-gema na região.
O novo montante estimado para cobrir os desembolsos foi estabelecido em aproximadamente R$ 1,300 bilhão, após estudos técnicos realizados por uma consultoria especializada contratada pela companhia.
Do total, cerca de R$ 1,2 bilhão foi destinado a “medidas de preenchimento das cavidades pressurizadas“, que serão iniciadas a partir de 2027, com previsão de execução ao longo de vários anos ou até décadas, a depender da necessidade identificada no monitoramento da área afetada.
Os analistas da Fitch Ratings destacaram que “os desembolsos previstos ao longo de mais de uma década permitirão absorver custos mais facilmente, principalmente devido à expectativa de melhora das margens de produtos químicos de baixo ciclo até 2027“.
A Braskem explorou sal-gema na capital alagoana entre os anos de 1976 e 2019, atividade que resultou na grave instabilidade do solo em bairros como Pinheiro, Mutange, Bebedouro e áreas adjacentes.
A região afetada tornou-se inabitável devido aos riscos de desmoronamento, o que levou ao fechamento de comércios e ao deslocamento forçado de mais de 60 mil pessoas, que precisaram deixar suas residências nos bairros atingidos.
E o que diz a Fitch?
A Fitch Ratings considera que o ajuste no provisionamento reflete a postura proativa da Braskem na gestão de riscos e na prevenção de custos inesperados.
A agência reafirmou que as projeções para 2025 e 2026 apontam para uma “robusta flexibilidade financeira” da companhia, o que sustenta sua atual nota de crédito.
A melhora das margens operacionais e a geração positiva de fluxo de caixa livre (FCF) estão entre os fatores que reforçam a capacidade da empresa de manter sua alavancagem controlada.
De acordo com os cálculos da Fitch, a petroquímica deve encerrar 2025 com uma relação dívida líquida-EBITDA em 4,50x, e reduzir esse indicador para 3,00x em 2026.
No mercado doméstico, a Braskem detém um rating nacional AAA, com perspectiva estável, o que representa o mais alto grau de investimento concedido pela Fitch.
Já no cenário internacional, a companhia possui um Ratings de Inadimplência do Emissor (IDRs, na sigla em inglês) de BB+, considerado grau especulativo, com perspectiva negativa.
Essa classificação reflete o ambiente macroeconômico global desafiador e a necessidade de monitoramento contínuo sobre as obrigações financeiras da empresa em um contexto internacional.
