Desde que as queimadas na Amazônia viraram o foco da imprensa internacional em agosto, o presidente Jair Bolsonaro aguarda ansiosamente a oportunidade de discursar na Assembleia Geral da ONU. O Brasil será o primeiro país a comandar tribuna na Assembleia, logo após a abertura do secretário-geral António Guterres.

O discurso dará ao presidente a oportunidade de definir a crise das queimadas pelos olhos do estado brasileiro. Ressaltar a dificuldade de conciliar a proteção do meio ambiente com o desenvolvimento do norte do Brasil, que tem renda per-capita cinco vezes menor que a mediana francesa, pode gerar empatia na comunidade internacional. Na contramão, um discurso baseado no nacionalismo que proclama a soberania territorial do Brasil para fazer o que bem entende com a cobertura florestal, terá o efeito oposto.

Antes dos ataques à planta de processamento de petróleo na Arábia Saudita, o meio ambiente e as queimadas eram o assunto de maior relevância a ser tratado na assembleia. Agora, uma possível guerra entre a Arábia Saudita, aliada dos Estados Unidos, e o Irã deve reduzir a premência da questão ambiental. De qualquer forma, protestos criticando o governo brasileiro devem ser realizados nos arredores da sede da ONU e o discurso do presidente deve repercutir na mídia internacional.

O resultado ideal seria a regularização dos investimentos europeus ao Fundo Amazônia e o afastamento de qualquer possiblidade de que os incêndios gerem resistência às exportações agrícolas brasileiras, principalmente no tocante ao acordo de livre comércio com a União Europeia, que ainda carece da aprovação do Parlamento do bloco econômico.

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