🌎 CENÁRIO EXTERNO

Estabilização

Estabilização

Ativos de risco ensaiam uma sessão de recuperação pela manhã, após o receio de que uma nova onda de infecções pela variante delta do coronavírus comprometa o processo de retomada econômica global derrubar índices nesta 2ªfeira. Assim como falamos no MH de ontem, o salto no número de casos verificados no Reino Unido, Europa e em algumas regiões dos EUA entrou no radar do mercado, levando índices globais a registrarem perdas relevantes enquanto o investidor buscava se proteger com ativos mais seguros (dólar e títulos americanos) – por ora, o número ainda baixo de hospitalizações não sugere um problema estrutural, mas não descartamos novos picos de volatilidade. Hoje, a sessão parece trazer uma maior estabilização do mercado de ações, mesmo que ainda com alguns sinais de fraqueza, enquanto o investidor segue ponderando os riscos da pandemia enquanto avalia mais uma bateria de balanços corporativos. No pano de fundo, o receio com a força da recuperação adiciona ao debate sobre a longevidade dos estímulos monetários praticados pelos principais bancos centrais do mundo; com destaque para o Fed, que mantém o compromisso de utilizar todas as ferramentas ao seu dispor para sustentar a economia americana.

Na agenda

Sem surpresas, o BC chinês (PBoC) manteve os juros estacionados pelo 15º mês consecutiva na 2ª maior economia do mundo: o juro de referência de 1 ano ficou em 3,85% e a taxa de 5+anos em 4,65%. Olhando para frente, em dia de agenda econômica vazia na zona do euro, o destaque deve ficar com os números de concessões de alvarás (est.: +1,7 MM) e novas construções residenciais (est.: +1,6 MM) em junho nos Estados Unidos, ambos previstos para às 9h30. Na fronte corporativa, os balanços de Philip Morris International (antes da abertura) e Netflix Inc (após o fechamento) estão entre os destaques da temporada de resultados.

CENÁRIO BRASIL

Bolsonaro promete veto ao fundo eleitoral e valor mínimo de R$ 300,00 para o bolsa família

Descartando o racionamento

O secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia voltou, assim como seu mandante, Bento Albuquerque; a descartar o racionamento como opção para evitar um apagão de energia. Ainda assim, o secretário afirmou que “decisões difíceis” terão que ser tomadas. Não entrou muito em detalhes, mas é evidente que a situação dos reservatórios continua se caracterizando com um risco latente para a recuperação. Com a atividade arrancando com maior vigor a partir da metade do terceiro trimestre, a demanda por energia – principalmente proveniente do setor de serviços – aumentará consideravelmente, tornando o cenário cada vez mais delicado.

Bolsonaro sinaliza veto ao aumento do Fundão

Após receber alta hospitalar e em linha com recentes comentários; o presidente Bolsonaro afirmou que não irá sancionar o fundo eleitoral de quase R$ 6 bilhões aprovado pelos parlamentares na semana passada. O presidente chamou o valor de “astronômico”, e deixou claro que os recursos seriam mais bem utilizados no Ministério de Desenvolvimento Regional ou de Infraestrutura. A postura de Bolsonaro deve ser entendida à luz das recentes pesquisas eleitorais. Com popularidade decadente, é sábio que o presidente sinalize seu compromisso com o eleitor e a verba pública; especialmente em vista dos recorrentes e supostos escândalos de corrupção envolvendo membros do alto escalão de seu governo.

Problemas na proposta de reforma do IR

Ainda que o substitutivo da proposta de reforma do imposto de renda tenha melhorado com relação à primeira versão, ela detém alguns problemas. Um deles é o fato de que não resolve a tributação excessiva do consumo vis-à-vis o da renda. Isto é, a redução considerável prevista tanto no IRPF como no IRPJ não é suficiente para reverter o fato de que no Brasil, ao contrário do padrão internacional, se tributa mais o consumo do que a renda. Tal feito fere, em um primeiro momento, o conceito de progressividade, pois os indivíduos de mais baixa renda consomem mais bens e serviços como proporção de sua renda do que indivíduos de alta renda. É importante recalibrar este quesito, visto que tributar proporcionalmente menos o consumo abriria maior espaço de consumo para boa parte da população; sendo assim um ponto positivo para a recuperação.

Bolsa família ainda mais turbinado

O presidente Bolsonaro anunciou ontem que a nova versão do Bolsa Família contará com um valor mínimo de R$ 300 e será lançada até novembro. Anteriormente, o valor circulava em torno dos R$ 250, o que coloca em dúvida, novamente, a atuação responsável do governo na construção do orçamento público. Claro, o teto de 2022, devido à aceleração da inflação, será maior; mas é importante recordar que o espaço efetivo será dado pelo INPC fechado de 2021. Caso não fique claro como e de que forma esta ampliação de despesa será acomodada – principalmente em vista da perda de arrecadação prevista com a reforma do imposto de renda –, veremos uma nova rodada de risco fiscal colocando prêmio no câmbio e nos juros, o que alimenta a pressão inflacionária e contribui para a manutenção de condições financeiras mais restritivas. Ambos os pontos, é claro, tendem a atrapalhar o processo de recuperação.

Na agenda

Sem indicadores relevantes a serem divulgados na sessão; o investidor deverá voltar a suas atenções para um novo leilão de NTN-Bs do Tesouro nacional, às 11h. Na fronte corporativa, Neoenergia abre a temporada de balanços.

E os mercados hoje?

Mercados globais têm manhã de recuperação, ainda que com alguns sinais de fraqueza; após o receio de que a recuperação econômica global seja comprometida por uma nova onda de contágio do coronavírus derrubar as bolsas e impulsionar o dólar na sessão de ontem. No Brasil, o mercado deve seguir refém ao humor externo, sem ajuda do noticiário local; que não aponta para o alívio da tensão em Brasília mesmo com a chegada do recesso parlamentar enquanto destaca os riscos ligados à crise hídrica vivida no país. No pano de fundo, o investidor começa a avaliar a temporada de balanços no Brasil. Desta forma, o balanço geral dos mercados aponta para uma abertura positiva para ativos de risco locais; nos moldes do que já estamos vendo no exterior.

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