CENÁRIO EXTERNO: INVESTIDORES ARRISCAM NOVAS ALTAS NA ESPERA POR DECISÃO DO FED
Mercados… Mercados asiáticos iniciaram mais uma semana com desempenhos predominantemente positivos. Na zona do euro, ativos reduzem perdas após abertura no vermelho: o Stoxx 600, índice que abrange ativos de diversas regiões do bloco europeu, recua 0,2% até o momento. Em NY, índices futuros retomam sequência de altas, caminhando para zerar as perdas no ano. Na contramão, o dólar (DXY) opera de forma errática contra seus principais pares, oscilando em torno do patamar em que iniciou o ano. No plano das commodities, ativos também resumem tendência da semana passada. Como principal desataque, o preço do petróleo (Brent crude) avança 1,1%, negociado próximo dos US$ 43,00/barril; alta que reflete a decisão da OPEP+ de estender cortes na produção para julho neste fim de semana.
Investidores arriscam novas altas… Mercados globais iniciaram mais uma semana com viés predominantemente positivo, reflexo do otimismo de investidores com relação à recuperação econômica após o choque da pandemia. Após um relatório de empregos americano que surpreendeu com a criação líquida de mais de 2 milhões de postos de trabalho em maio; bolsas caminham para estender o rali de recuperação que já perdura por mais de uma semana, e o S&P 500 se aproxima de zerar as perdas no ano. De qualquer maneira, já verificamos uma leve deterioração do quadro técnico, com alguns já procurando proteção após a acumulação de fortes ganhos nas últimas semanas.
FOMC no meio da semana… Nesta 4ªf, o FOMC anuncia seus planos para a política monetária na maior economia do mundo. O consenso de mercado aponta para a manutenção da taxa de juros na banda de 0,00% a 0,25%, mas investidores buscarão saber se os membros do comitê voltarão a reforçar seu compromisso de utilizar todas as ferramentas que têm à sua disposição para sustentar a economia americana. Mais: a reunião de junho conta com a apresentação das projeções dos diretores do Fed que abrangem crescimento econômico (PIB), taxa de desemprego, inflação e, de maior importância, taxa de juros – esta última é ilustrada no famoso gráfico de pontos (DOTS) do BC americano.
Mais agenda… Mais cedo (3h), a produção industrial alemã registrou uma queda histórica de 17,9% em abril; mês que marcou o pior momento da crise econômica na maior economia europeia. Ao longo da semana, além do FOMC, o mercado se atentará às divulgações da leitura final do PIB do 1T20 na zona do euro (3ªf), os índices de preços ao consumidor na China e nos EUA (3ªf e 4ªf), os novos pedidos de auxílio desemprego nos EUA (5ªf) e o índice de confiança do consumidor americano da Universidade de Michigan (6ªf). O resultado da balança comercial chinesa de maio também sai ao longo da semana, ainda sem data específica definida.
BRASIL: MANIFESTAÇÕES CONTRA O PRESIDENTE OCORREM EM 11 CAPITAIS, MAS COM BAIXA ADERÊNCIA
Atos contra Bolsonaro ocorrem em 11 capitais… Manifestações contrárias ao governo, até então adormecidas durante a quarentena, voltaram às capitais brasileiras. A aderência foi relativamente baixa, mas é difícil contestar se isso ocorre porque o movimento não tem apelo ou se os temores em torno da COVID-19 ainda limitam os protestos. Também houve atos em prol do presidente, mas como Bolsonaro pediu que os seus apoiadores não comparecessem, o público foi ainda menor do que os que protestaram contra o governo.
Principais pautas da semana… A presente semana deve ser dominada por processos jurídicos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no STF. Na terça-feira, o TSE deve determinar desfecho de um uma ação contra a chapa presidencial que envolve o hackeamento de um grupo no Facebook intitulado “Mulheres unidas contra Bolsonaro” que foi alterado para “Mulheres COM o Bolsonaro”. O parecer do relator sugere que não foi estabelecido vínculo entre os hackers e campanha do então presidenciável Jair Bolsonaro, fato que deve resultar no arquivamento do processo.
STF julga suspensão do inquérito das fake news… Na quarta-feira, o Supremo deve iniciar a sua análise de um pedido de suspensão do inquérito das fake news. A expectativa é que a solicitação do procurador geral República não seja acatada pelo colegiado. O inquérito, que está sobre o comando do ministro Alexandre de Moraes, pode vir a fundamentar uma ação de cassação de chapa que acusa a campanha do presidente de efetuar disparos em massa com informações falsas para prejudicar outros candidatos.
Governo altera divulgação de dados do COVID-19… Pouco antes do final de semana, o Ministério da Saúde alterou a maneira como publica atualizações sobre o coronavírus. As mudanças foram criticadas por pessoas que acusaram o governo de “maquiar” os dados durante o pico da epidemia. Entre as alterações estão a mudança do horário (17h para as 22h) e a remoção do acumulo total de mortes.
Justificação e reação… Em sua conta do Twitter, Bolsonaro justificou que o atraso evita a subnotificação e explicou que a divulgação exclusiva dos obtidos nas últimas 24 horas permite um foco maior na situação atual do país. As explanações do presidente não foram o suficiente para conter a reação negativa às alterações. O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) pretende levar a “falta de transparência” ao STF.
Na agenda… No Brasil, a agenda econômica da semana tem início com a divulgação do boletim Focus pelo Bacen; que traz as atualizações das projeções de mercado da semana passada. Nos próximos dias, o investidor ainda avaliará o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (3ªf) e o IPCA (4ªf) referentes à maio.
E os mercados hoje?… Bolsas internacionais resumem tendência de recuperação verificada nas últimas semanas. O otimismo com o ritmo da recuperação econômica após a reabertura dos negócios continua levando investidores a buscarem maiores retornos em ativos de risco no mercado. Por aqui, as atenções deverão se voltar aos processos jurídicos em trâmite no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no STF. Enquanto isso, o Ibovespa poderá continuar se beneficiando do movimento de forte recuperação que se consolida nos mercados. Na fronte cambial, enquanto o dólar (DXY) segue em baixa, operando próximo dos níveis em que estava no início do ano, o real deve continuar se situando em patamares mais próximos de R$ 5,00/USD. Assim, esperamos um dia de viés positivo para ativos de risco brasileiros.