Ibovespa
O Ibovespa, principal índice da bolsa, na segunda-feira (04), registrou forte alta, operando acima dos 130 mil pontos. Todas as atenções se voltaram, na terça-feira (05), para a eleição nos Estados Unidos, marcada por uma grande incerteza sobre quem levaria a cadeira presidencial à Casa Branca: Kamala Harris ou Donald Trump. Em meio a um clima agitado, o mercado mostrou cautela. Por aqui, o Ibovespa caiu. A terça-feira foi meio “zero a zero” para saber o que vinha de proposta sobre os cortes de gastos pelo governo brasileiro e qual seria o resultado nos EUA.
O Ibovespa, na quarta-feira (06), reduziu o ritmo de perdas, acompanhando a virada do dólar, que passou a cair na sessão. No caso do Brasil, os ativos locais até conseguiram destoar diante desse ambiente global um pouco mais adverso para os ativos de risco.
O Ibovespa abriu a sessão da quinta-feira (07) em alta de 0,36%, aos 130.815 pontos. As atenções se voltaram para dois fatores locais: repercussão da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e o anúncio do pacote de corte de gastos. Mais uma vez, os diretores do Banco Central (BC) sinalizaram que os juros devem voltar a subir nas próximas reuniões, mas não se comprometeram com um percentual específico e nem com o tamanho do ciclo de alta. Em comunicado, os membros do colegiado alertaram para os riscos fiscais no Brasil. Esse comunicado mais firme leva a crer ou consolida uma visão de que o Copom vai adotar um ciclo rígido de altas de juros daqui para frente para a Selic.
China frustra
Na sessão desta sexta-feira (08), o Ibovespa abre em forte queda com o mercado repercutindo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) acima do esperado, além da frustração em relação às novas medidas anunciadas pela China. O índice foi puxado para baixo por ações ligadas a commodities, especialmente por Vale ON, após a decepção com o anúncio de estímulos da China. Além das incertezas sobre o cenário fiscal do Brasil.
Pela tarde, apesar da alta observada nas ações da PETR4 após divulgação de resultados e anúncio de dividendos, o Ibovespa recuava 2,07%, aos 126.993 pontos. Em mais alguns movimentos para tentar alcançar a meta de crescimento de 5% para o Produto Interno Bruto (PIB) ainda neste ano, a Comissão Permanente do Congresso Nacional do Povo da China aprovou um grande programa para refinanciar as dívidas dos governos locais.
Este pacote, que soma 10 trilhões de yuans (aproximadamente R$8 trilhões), foi ampliado em relação às projeções iniciais e é considerado uma resposta ao cenário econômico interno e à eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. Apesar desse movimento, o mercado financeiro ainda demonstrou insatisfação, o que se refletiu na queda das ações de empresas chinesas no exterior. A decepção também reflete na expectativa pela demanda do minério de ferro, o que pressiona as ações da Vale (VALE3).
Câmbio
Depois de um encerramento complicado na semana passada, com o dólar cotado a R$5,87 – o maior valor no terceiro governo Lula -, o mercado financeiro demonstrou estar um pouco menos “tumultuado” na segunda-feira (4). Após um anúncio feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o governo vai apresentar proposta de corte nos gastos, a moeda americana passou por uma forte queda nas primeiras horas do dia, chegando a R$5,769 no início da tarde. O anúncio agradou aos investidores porque, para estes, o governo precisa ajustar as despesas para garantir a longevidade do arcabouço fiscal. O dólar à vista (USDBRL) enfraqueceu pelo segundo dia consecutivo na terça-feira (5) com os agentes financeiros monitorando as reuniões do governo sobre o corte de gastos públicos. As eleições à presidência nos Estados Unidos e o primeiro dia de reunião do Copom também pressionaram a divisa. No exterior, a expectativa pelos resultados das eleições à Casa Branca pressionou o dólar.
Já na quarta-feira (6), com a vitória de Trump, o dólar chegou a R$5,86 pela manhã, com uma valorização de quase 2% no intradia. Depois, a moeda recuou e encerrou o dia abaixo de R$5,70. O dia também foi de valorização da bolsa de valores de Nova York. Em Wall Street, o S&P 500 subiu 2,4%, ao passo que o Dow Jones avançou 3,4%. A apreciação do dólar frente ao real se deve, na maior parte, às expectativas de maiores juros na gestão Trump, especialmente pelo lado fiscal expansionista de seu governo, com os ambiciosos cortes de impostos.
Na quinta-feira (7), o dólar à vista acelerou os ganhos ante o real na tarde, renovando a cotação máxima do dia após notícia da CNN Brasil de que o pacote fiscal do governo Lula pode ficar entre 10 bilhões e 15 bilhões de reais. Nos últimos dias, é notada a necessidade de cifras mais altas, em torno de 50 bilhões de reais. O fato de o pacote poder ficar abaixo do esperado impulsionou o dólar e as taxas dos DIs.
O dólar subia de forma acentuada frente ao real nas primeiras negociações da sexta-feira (8), à medida que investidores analisavam dados de inflação mais fortes do que o esperado no Brasil, enquanto seguiam no aguardo do anúncio de medidas fiscais pelo governo. Diante desse cenário de inflação corrente pressionada, creio que o Copom (Comitê de Política Monetária) certamente continuará subindo os juros. A Bolsa de Valores de São Paulo operou em queda e o dólar subiu. Os investidores repercutem negativamente o aumento da inflação no Brasil.
O mercado também se frustrou nesta madrugada com o pacote de estímulos à economia divulgado pela China. A inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) fechou outubro em 0,56%. Houve uma aceleração do ritmo de alta em relação a setembro, quando o índice registrou 0,44%. O resultado do mês ficou acima da expectativa, que era de avanço de 0,54%. Em 12 meses, a inflação acelerou de 4,42% para 4,76%. É uma situação que preocupa, pois a inflação corrente já roda acima do teto superior da meta do Banco Central, que é de 4,5% ao ano.
Por Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank, uma das 15 maiores soluções de câmbio do Brasil. Trabalhou em multinacionais como Volvo Group e BHS. Além disso, criou startups de diferentes iniciativas e mercados tendo atuado no Founder Institute, incubadora de empresas americanas com sede no Vale do Silício. Residiu na Noruega e México e formou-se em administração de empresas pela FAE Centro Universitário, de Curitiba (PR), e pós-graduado em finanças empresariais pela Universidade Positivo.