A Boa Vista apresentou seus resultados do 4T20. Neste, observamos que, por mais que sua receita proveniente dos serviços de recuperação ainda esteja quase 25% abaixo no ano; esta já vem se recuperando (+36,3% vs. 3T20). Entre os principais destaques:
• A receita de Serviços para Recuperação do trimestre decresceu 11,4% ano contra ano, resultado da contínua migração dos comunicados de meios físicos para digitais, que possuem maior margem de contribuição para a Companhia e melhores resultados de recuperação a nossos clientes. Dessa forma as soluções digitais cresceram 18,2% frente a redução de 26,9% da receita com Soluções Impressas e Relatórios;
• Na comparação ano contra ano do trimestre as despesas de vendas do trimestre apresentaram queda de 33,0%, majoritariamente por menores gastos de pessoal, dado o menor provisionamento da parcela variável de remuneração do Time de vendas, esse efeito também pode ser observado na Remuneração de Parceiros, devido ao menor volume de vendas durante o período da crise do COVID-19, e por menores gastos em outras despesas, relacionadas a menores ações de marketing e de viagens frente ao mesmo período do ano anterior;
• O EBITDA Ajustado do trimestre cresceu 18,8% ano contra ano, resultado do expressivo ganho de margem bruta obtido pela continuidade do plano de migração de Soluções Impressas e Relatórios para as Soluções Digitais, que embora originem menores receitas, incrementam significativamente a margem bruta da Companhia, elevando a Margem EBITDA ajustado para 53,6% no trimestre;
• Na comparação trimestral frente ao ano anterior, o resultado financeiro apresentou melhora R$ 6.700 mil, principalmente pela maior receita financeira no período dado o aumento da posição de caixa e equivalentes dado o ingresso dos recursos do IPO. Na comparação com o trimestre anterior o resultado financeiro apresentou melhora de R$ 5.468 mil; principalmente influenciado por maiores receitas financeiras devido ao maior caixa disponível em aplicações financeiras. O aumento de despesas financeiras é oriundo dos custos de pagamento antecipado de dívidas visando maior eficiência de custo de capital para a Cia;
• No trimestre, a variação da taxa efetiva está essencialmente relacionada a gastos com emissão de ações que transitam contabilmente no patrimônio líquido; no entanto são dedutíveis para fins de apuração. Foi considerado o montante de R$ 21.029 como dedutível pela realização do pagamento do montante que havia sido provisionado no 3T de 2020;
• No terceiro trimestre e no acumulado do ano o Lucro líquido foi impactado pelo efeito não recorrente de despesas ligadas à antecipação de vesting do Plano de Opções de Ações decorrente da Abertura de Capital da Companhia, realizada em 30 de setembro de 2020. O efeito não recorrente sobre impostos é relacionado a gastos com a emissão de ações também correlacionadas à Oferta. Para fins de comparabilidade comentaremos o Lucro líquido ajustado desse efeito. Quando comparado ao ano anterior o Lucro Líquido Ajustado do trimestre cresceu 55,3% influenciado pelo bom resultado do EBITDA Ajustado; aliados ao melhor resultado financeiro no período.
Impacto: Marginalmente Positivo. A companhia apresentou um resultado em linha com as expectativas. Alguns pontos interessantes foram o avanço da receita de serviços para recuperação do 3T20 para o 4T20. No entanto, ainda existem alguns pontos relacionados a gastos com a oferta pública, que ocorreu no 3T20; que impactam no resultado financeiro e logo no lucro líquido. A companhia segue mostrando uma recuperação dos serviços de recuperação após um 2020 difícil, mas acreditamos que o cenário, com a distribuição de um novo auxílio emergencial, pode interferir negativamente nessa recuperação, já que isto influencia a população a aumentar a frequência dos pagamentos e consequentemente reduzindo a necessidade pelos seus serviços de recuperação. Nas demais frentes de crescimento, esperamos um avanço mais expressivo do apresentado nesse trimestre para justificar o Valuation de 23x o Lucro projetado para 2021.
