Bitcoin volta a se valorizar e puxa demais criptomoedas

Muito se comentou sobre Bitcoin (BTC) no início deste ano, contrariando seu maior crítico, Warren Buffett, que prefere investimento em ações. Com recordes de cotação, a criptomoeda chegou a ser comerciada a US$ 50 mil, no final de fevereiro. Além das manobras do empresário Elon Musk, CEO da Tesla (TSLA34), que comentou sobre o Bitcoin (BTC) em seu Twitter, manipulando a cotação da criptomoeda, há uma série de fatores que explicam sua alta.

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Cada vez mais aceita por investidores institucionais, o Bitcoin está se tornando um ativo indispensável nas discussões sobre mercado financeiro. Para compreender melhor seu percurso e como a criptomoeda chegou a esse patamar, convidamos Isac Honorato, fundador do Cointimes e Coingoback, para que ele explique mais sobre o valor do Bitcoin (BTC) e até onde pode chegar.

O que explica a alta do Bitcoin (BTC), que chegou a bater US$ 50 mil?

Em 2017, quando o Bitcoin saiu da faixa de R$ 1 mil e foi aos R$ 70 mil, ele começou a chegar ao mainstream, ou seja, começou a ser discutido em outros lugares. Era uma moeda ainda utilizada por pessoas que tinham conhecimento na área de tecnologia, como os geeks, ou as pessoas de games. A moeda era utilizada para comprar skins e roupas nas plataformas de videogame.

No entanto, em 2017, isso estourou. Esta popularidade criou um FOMO (fear of missing out) muito grande. Neste momento, o Bitcoin começou a aparecer em reportagens de grandes emissoras, o que impulsionou a imagem da criptomoeda no Brasil. O restante do mundo também estava discutindo o Bitcoin, que era tema de muitas notícias de agências internacionais de notícias. Desse modo, uma FOMO foi criada, e as pessoas passaram a comprar o ativo sem nem ao menos conhecer o que era a criptomoeda.

As pessoas não queriam ficar de fora da subida do Bitcoin. Então, a criptomoeda subiu, mas houve uma correção acentuada, uma vez que parte das pessoas que compraram decidiram vender sua posição no ativo e realizar o lucro. Dado isso, o Bitcoin começou a cair, sendo que em 2018, chegou a valer US$ 3 mil. Nesse caso, o mercado ficou muito em lateral durante este período.

O que é o halving?

O Bitcoin é uma moeda deflacionária, portanto, a cada quatro anos, ocorre um halving, ou seja, sua emissão cai pela metade. Essa emissão já é programada e feita de modo automático. Ela chegará a 21 milhões de unidades, o que durará até o ano de 2140. Quando esse corte pela metade ocorre, cria-se uma escassez no mercado, já que há menos Bitcoins sendo gerados e circulando pelo mercado.

Em 2017, havia acabado de ocorrer um halving, o que impulsionou o preço da moeda. Em 2020, um halving ocorreu novamente. Agora, podemos ver outro comportamento, que não é mais realizado por pessoas físicas, mas jurídicas. Muitas empresas estão preocupadas com o momento econômico e político do mundo. Passamos por uma pandemia, por eleições americanas conturbadas e conflitos asiáticos, com a China virando uma potência global e derretimento do dólar em certos países. Isso motivou as empresas a adotarem um novo mecanismo, focado na proteção do capital próprio, com o direcionamento de recursos às reservas de emergência.

Antes, usava-se o ouro para proteger o capital; agora, muitos usam Bitcoin, que em certos pontos, possui mais benefícios que o ouro. Se você pensar que o ouro é um bem físico, que necessita ser testado para verificação de sua validade, enquanto até US$ 20 milhões em Bitcoin podem ser transferidos facilmente. Assim, a proteção se torna mais fácil, uma vez que se trata de uma moeda deflacionária, com uma aceitação mundial crescente. Portanto, as empresas começaram a deixar parte de seu caixa investido em Bitcoin, uma vez que se ele subir será positivo, e se ele se manter estável agirá como reserva de emergência.

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Hoje, o principal motivo para a alta do Bitcoin é a compra por parte das empresas?

Exato. Unimos o fator do halving à compra por parte das empresas. O Elon Musk, por exemplo, comprou US$ 1,5 bilhão em Bitcoin. A MicroStrategy, uma empresa de software americana, está sendo uma porta de entrada para que outras empresas invistam em Bitcoin. O Michael Saylor, CEO da empresa, está impulsionando esta prática. Recentemente, ele realizou uma live para investidores institucionais, na qual ele mostrou seu playbook, demonstrando o porquê e como ele investiu na criptomoeda, que o ajudou a dobrar seu capital.

A Coinbase, que é uma das principais corretoras americanas, falou que cinco empresas listadas no S&P 500 se tornaram clientes. Portanto, há cada vez mais empresas comprando Bitcoin, sendo que o investidor institucional não aloca somente R$ 1 mil no ativo, mas milhões.

Como você vê a interferência de Elon Musk da Tesla na cotação do ativo?

Por vezes podemos ver certa manipulação do mercado por parte do empresário. O que ele está fazendo com a Dogecoin , por exemplo, parece uma piada. A moeda, que foi concebida como um meme, foi elogiada por Musk, que disse que ela seria o futuro e que faria parte do seu plano quanto à base no Texas. A Dogecoin é uma moeda sem fundamentos, assim como a sua rede.

Por outro lado, ele destinou parte dos recursos da empresa dele ao investimento em Bitcoin. Depois, ele fala que estará interessado em adquirir novos ativos e aceitar Bitcoin como meio de pagamento. Como um dos homens mais ricos do mundo, ele endossa a validade da criptomoeda como um bom investimento. Assim, após o anúncio do investimento da Tesla em Bitcoin, vemos a alta na cotação do ativo.

Não sei se ele chegou a intencionar a alta da moeda. Ele já havia comentado algumas vezes sobre o Bitcoin no Twitter. Como um homem ligado à tecnologia, que participou da fundação do Paypal (PYPL34), seria difícil acreditar que ele não notaria o Bitcoin. Acredito que ele sabe o que está fazendo e o porquê de suas ações. Na minha opinião, acho que ele acredita que realmente há pontos fundamentalistas na criptomoeda.

O que esperar do Bitcoin em 2021?

Estamos vendo uma mudança na concepção dos bancos sobre as criptomoedas. Em 2017, eles diziam que o Bitcoin era como um tijolo, agora, vemos que muitos são pró cripto. Os grandes bancos fizeram as projeções mais ousadas quanto ao Bitcoin. O Citibank (CTGP34) disse que o ativo chegaria aos US$ 300 mil. Eu, que conheço o mercado, não acredito que isso vá acontecer, esse aumento vertiginoso em um curto espaço de tempo.

Recentemente, a Visa (VISA34) e a Mastercard (MSCD34), as maiores bandeiras de cartões do mundo, disseram que desejam implementar criptomoedas dentro de seus serviços. Imagine, então, uma aceitação global do ativo, com Elon Musk declarando que aceitará a moeda como forma de pagamento dos carros da Tesla (TSLA34). Se isso se expande para outras empresas, tal como a Amazon (AMZO34) ou a Apple (AAPL34), veríamos uma grande explosão na cotação do ativo. Hoje, ainda há poucas pessoas físicas em contato com as criptomoedas.

Portanto, vejo boas projeções de crescimento do mercado, mas não imagino situações de extrema valorização, tal como a projeção do Citibank apontou. Imagino que pelos pontos fundamentalistas, da escassez e aceitação do mercado, o Bitcoin pode chegar ao patamar dos US$ 100 mil até o fim do ano.

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