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🌎 CENÁRIO EXTERNO

Virando a página

Mercados

Bolsas asiáticas encerraram a sessão com altas generalizadas ao redor da região. Na zona do euro, bolsas também abriram com um claro viés altista: o Stoxx 600, índice que abrange uma gama de ativos de risco da região, avança 1,0% até o momento. Em NY, índices futuros ensaiam nova abertura favorável para ativos de risco americanos; movimento acompanhado pela forte desvalorização do dólar (DXY) contra os seus principais pares. Na fronte das commodities, ativos também ilustram o mesmo bom humor verificado nos mercados acionários. Na ponta negativa, o preço do petróleo (Brent crude) registra leve queda de 0,2%, negociado próximo dos US$ 41,00/barril.

Virando a página

Mercados globais ensaiam mais um dia de apetite pelo risco, a despeito da indefinição que promete pairar sobre os resultados das eleições presidenciais nos EUA. Com Biden a um estado de concretizar sua vitória, a equipe de Donald Trump já inicia a judicialização do processo eleitoral; pedindo a parada da contagem de votos em pelo menos 2 estados. Apesar disso, o mercado, que já parecia ter precificado tal ação vinda do republicano, não mostra sinais de incômodo. Muito pelo contrário, investidores passam a avaliar os benefícios do que antes parecia ser um resultado extremamente negativo para os mercados: uma eleição contestada com vitória de um presidente que não contará com maioria no Senado (Congresso dividido).

Cenário provável

Uma vitória no estado de Nevada, onde Biden ainda sustenta uma vantagem magra (menos de 8 mil votos); será o suficiente para que o candidato democrata alcance os 270 votos eleitorais que marcariam a sua vitória. No caso de Donald Trump, uma virada em Nevada teria que ocorrer ao mesmo tempo em que a vantagem na Pensilvânia e na Georgia se mantém. Assim, por mais que ainda exista uma quantidade extensa de votos a serem apurados, o mercado já passa a apostar no cenário mais provável: uma vitória de Biden acompanhada pela manutenção da maioria na Casa dos Representantes pelos democratas enquanto os republicanos seguirão controlando o Senado.

Olhar otimista

Caso o cenário acima se concretize, cresce a avaliação de que a manutenção da maioria republicana no Senado impedirá a reversão completa dos estímulos implementados por Donald Trump no âmbito tributário – medida que tem ajudado a sustentar os mercados desde 2017 –, além de outras mudanças mais drásticas. Com relação à discussão em torno de um novo pacote de estímulos econômicos, avaliado o início do 2º semestre do ano como forma de combater os efeitos contracionistas derivados da pandemia, a expectativa é pelo avanço de impulsos mais modestos, onde o pacote de mais de US$ 2,0 trilhões defendido pelos democratas tem poucas chances de ser aprovado. Sendo assim, investidores também voltarão suas atenções para o Fed, que, neste cenário, prometeu uma postura extremamente acomodatícia (pelo menos) até 2023.

BOE reforça estímulos

Como surpresa positiva para os mercados na manhã desta 5ªfeira, o Bank of England (Banco Central do Reino Unido) anunciou um reforço de GBP$ 150 bilhões no seu programa de compra de títulos (QE). Ao mesmo tempo em que manteve a taxa básica de juros em 0,1% a.a.; os formuladores de política monetária britânicos avançaram sua meta de compra de títulos do governo de GBP$ 725 bilhões para GBP$ 875 bilhões. Junto com a sua meta de compra de títulos de dívida corporativos de GBP$ 20 bilhões, que se manteve estável, o total do programa ficou em GBP$ 895 bilhões. A medida vem em resposta à forte piora do quadro sanitário na região que, ao forçar a reintrodução de medidas de distanciamento social, voltou a pesar sobre o nível de atividade econômica.

Na agenda

O Federal Reserve (BC americano) também anuncia sua decisão de taxa de juros nesta 5ªfeira, com coletiva de imprensa do presidente da instituição, Jerome Powell, prevista para começar às 15h. Mais cedo nos EUA (9h30), o investidor recebe o número de novos pedidos de auxílio-desemprego mensurados na semana passada, com estimativas apontando para uma nova queda semanal de 10 mil pedidos (741 mil).

CENÁRIO BRASIL

Congresso derruba veto de desoneração da folha de pagamentos

Queda do veto da folha

Após quatro meses de atrasos e negociações improdutivas, o governo cedeu e aceitou a derrubada do veto que visava interromper a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores no final de 2020. Como o veto foi rejeitado pelo Congresso, a desoneração dos encargos trabalhista dos setores que empregam mais de 6 milhões de pessoas será estendida até o final de 2021, fato que deve implicar uma renúncia tributária de R$ 4,9 bi para o governo federal.

Empregos custosos

Se por um lado a derrubada do veto contribuí para a deterioração de um contexto fiscal extremamente desafiador em 2021; a vitória destes vários setores deve evitar um agravamento mais acentuado da taxa de desemprego na virada do ano. Não obstante, a resultante redução na arrecadação do governo imprimi ainda mais incerteza em torno da capacidade do governo de respeitar o teto de gastos em 2021 – principalmente em vista da imensa dificuldade vivida pela equipe econômica em sua busca pelos R$ 30 bi necessários para instaurar o programa Renda Cidadã dentro dos parâmetros estabelecidos pelo presidente Bolsonaro.

Campos Neto “Inflação é temporária”

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, explicou, em uma entrevista concedida pelo YouTube, que a atual alta na inflação é um fenômeno temporário. Segundo o economista, a recente alta foi produto da valorização do dólar frente ao real, tendo um efeito mais expressivo na categoria dos combustíveis. Outros fatores que contribuíram para a alta dos preços apontados pelo presidente do BC incluem a utilização da poupança para o consumo de alimentos, o aumento na demanda de alguns produtos causada pelo auxílio emergencial e a alta no preço de matérias-primas alimentícias causado pela maior demanda na Ásia. Apesar dos vários fatores que pressionam a inflação; Campos Neto ainda insiste que a tendência é temporária e deve se dissipar desde que o governo retorne a uma trajetória de disciplina fiscal.

MP denuncia senador Flavio Bolsonaro por esquema de rachadinha

O Ministério Público do RJ denunciou o senador Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e 16 outras pessoas; incluindo o seu ex-assessor Fabricio Queiroz, pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, apropriação indébita e peculato. Segundo a denúncia, os crimes foram cometidos enquanto primogênito do presidente Bolsonaro era deputado estadual na Assembleia Legislativa do RJ (Alerj). A defesa do senador classificou a denúncia como “desprovida de qualquer indício de prova”, além de adicionar que “todas as contratações feitas pela Alerj; até onde o parlamentar tem conhecimento, seguiam as regras da assembleia legislativa”.

Na agenda

Em dia de agenda esvaziada de indicadores relevantes, o mercado deve voltar suas atenções para mais um leilão tradicional de LTN, LFT e NTN-F do Tesouro, às 11h. Na fronte corporativa, o Banco do Brasil divulga o seu resultado do 3º trimestre antes da abertura.

E os mercados hoje?

Ativos de risco ensaiam dar sequência ao bom desempenho registrado na sessão de ontem, com indefinição da eleição americana deixando de incomodar investidores. No Brasil, o governo acumula mais uma derrota com a derrubada do veto à desoneração da folha pelo congresso; enquanto a inércia com relação à votação do orçamento e da PEC emergencial continuam preocupando o investidor. Assim, esperamos um dia de viés positivo para ativos de risco brasileiros; que deverão continuar se beneficiando da melhora de sentimento generalizada verificada nos mercados ao redor do mundo.

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