O pagamento dos dividendos é o momento mais esperado pelos investidores, e aqueles que decidiriam apostar nas ações dos principais bancos brasileiros no ano passado tiveram motivos para muito ânimo. Isto porque as instituições pagaram quase R$ 50 bilhões em proventos no período, o que deve destacar os papéis este ano.
Conforme levantamento realizado por Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, os quatro maiores bancos listados na B3 – operadora da Bolsa brasileira – desembolsaram cerca de R$ 48,9 bilhões em dividendos e JCP em 2024, um crescimento contínuo pelo 2º ano consecutivo.
Uma das principais razões que tornaram o período propício para esse volume de distribuição foram os juros altos, explicaram especialistas consultados pelo BPMoney. O fato do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) ter adotado uma estratégia contracionista com a Selic (taxa básica de juros) ao longo do ano serviu para ampliar as margens financeiras dos bancos, disse Gianluca Di Mattina, da Hike Capital.
“A gestão eficiente dos custos, a estabilização da inadimplência e o fortalecimento das receitas com serviços e tesouraria contribuíram para a geração robusta de caixa. Grandes bancos, como Itaú, Banco do Brasil e Santander, conseguiram proteger a distribuição de dividendos ao pulverizar suas carteiras de crédito, reduzindo o impacto de inadimplências em segmentos mais arriscados, como crédito rotativo e cartão de crédito”, afirmou.
Essa análise foi reforçada por Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos, que ressaltou o lucro líquido robusto registrado pelos bancos e também a solidez da saúde financeira, que permitiu manter “uma distribuição generosa de proventos”, o que atraiu ainda mais os investidores e fortaleceu a confiança no setor.
“Isso acontece devido à natureza de seus modelos de negócio, que permite uma geração consistente de fluxo de caixa e lucros estáveis. Adicionalmente, o setor bancário frequentemente opera com regulamentações que promovem uma gestão financeira prudente, o que muitas vezes resulta em reservas substanciais de capital que podem ser distribuídas na forma de dividendos e JCP”, comentou Lima.
Por outro lado, nem tudo são flores, e mesmo sendo um dos maiores bancos do Brasil, o Bradesco foi mais penalizado comparado aos demais, segundo o especialista da Hike Capital, por conta da maior exposição ao credito para pessoas físicas e linhas sensíveis, a exemplo do rotativo e cartão de credito, que acabaram elevando a inadimplência e reduzindo a rentabilidade.
O que esperar dos bancos em 2025?
Com a Bolsa brasileira com vistas de entrar em um bom momento e possivelmente recuperar os recordes alcançados no ano passado, ser um bom pagador de dividendos pode fazer do setor bancário um “baú dos tesouros”. Os especialistas sinalizaram que as ações dos bancos devem ter um horizonte positivo.
“Para 2025, acredito que os bancos continuem com uma política sólida de distribuição de proventos, sustentada por expectativas de manutenção ou mesmo aumento da rentabilidade”, disse Sidney Lima.
Já Gianluca Di Mattina explicou que um efeito positivo imediato pode ser gerado sobre o setor, especialmente entre os investidores mais focados em renda passiva.
“Em 2025, espera-se que os bancos mantenham uma política sólida de distribuição de proventos, embora o ritmo possa ser afetado por incertezas sobre a taxa de juros, que impacta as margens financeiras”, apontou Di Mattina.
Apesar dessa expectativa com os juros, a preservação da atratividade dos dividendos dos bancos deve se basear no controle da inadimplência e diversificação de receitas. “Em média, os 4 maiores bancos devem entregar um yield próximo a 9 em 2025”, projetou o especialista.
Além disso, quando comparado a outros segmentos da Bolsa, os papéis dos bancos ganham mais destaque ao passo que as empresas apresentam uma diversificação de receitas entre credito, serviços, seguros e operações de mercado, tendo menos necessidade de reinvestimento em com relação ao volume de lucro gerado por sua atividade, o que supera o demais setores, e permite que mais lucros sejam direcionados aos acionistas.
O post Bancos são o ‘pote de ouro’ dos proventos? Analistas respondem apareceu primeiro em BPMoney.