Rumores e notícias sobre as articulações de possíveis concorrentes da B3 (B3SA3) no Brasil só comprovam a competência da B3 enquanto empresa. Além da Mubadala Capital, dos Emirados Árabes Unidos, de aportar por aqui no ano que vem, a registradora CSD BR aguarda as licenças junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e ao Banco Central, ainda este ano. Conforme reportagem do Estadão, essas autorizações são para operar como depositária de ativos e também como agente de liquidação de operações.
Enquanto isso não se concretiza, e como alguns analistas consideram que essas notícias de concorrência não vão sair do papel, falemos da B3 e sobre o seu desempenho. Empresa Best in Class do Acionista porque atende aos critérios de sustentabilidade da B3 (ela mesma) teve receitas totais somadas em R$ 2,493 bilhões no 4T23, 2,9% inferior ao registrado no mesmo período de 2023, e 0,1% superior ao do terceiro trimestre.
O que recomendam os analistas?
O time do Itaú, depois de incorporar os resultados do 4T, embora dentro com a média do mercado, está mantendo a recomendação “neutra” para a B3. “Ajustamos nossas expectativas de lucro para baixo para 2024 e 2025, resultando em uma diminuição em nosso preço-alvo para R$ 15 (de R$ 16 por ação) ao fim de 2024”, afirmam os analistas.
Destaques dos analistas
- Dado os volumes persistentemente baixos observados até o momento neste ano, revisaram para baixo o volume médio de negociações diárias (ADTV) médio esperado para 2024 para R$ 26 bilhões, de R$ 27 bilhões.
- Os fundos de investimentos em ações ainda precisam de volumes decentes de entrada, enquanto os produtos de renda fixa continuam atraentes nas taxas de juros atuais.
- Algumas pressões de custo advêm de eventos pontuais, como despesas relacionadas ao Desenrola, junto com contribuições à atividade de autorregulação pagas antecipadamente. Mesmo ajustando para isso, no entanto, vê-se os custos crescendo mais rápido do que a receita.
- Revisados para baixo as expectativas de resultados financeiros, o que também pressionou o crescimento do lucro líquido recorrente. Projetam um leve aumento anual de 4%, para R$ 4,8 bilhões, no lucro líquido recorrente.
- Veem a B3 negociando a 15,3 vezes o preço em relação ao lucro (PL) em 2024, acima dos pares locais nos preços atuais. A preferência deles pelos mercados de capitais, o BTG, atualmente negocia a 11 vezes o PL em 2024.
Mirae Asset vê Financial Deepening
Conforme o relatório da Mirae Asset, os analistas acreditam que a B3 está inserida em um cenário de mudança estrutural no mercado financeiro brasileiro, caracterizado pelo aprofundamento financeiro (Financial Deepening).
De acordo com eles, a B3 possui uma posição financeira robusta, permitindo explorar oportunidades com retorno expressivo.
“Destaca-se a expectativa de distribuição contínua de dividendos elevados. Mantemos nossa recomendação de “Compra”. A esperada redução das taxas de juros nos EUA, combinada com melhora macroeconômica em 2024, deverá impulsionar investimentos em ativos de risco, especialmente em economias emergentes. Acreditamos que esses fatores impulsionarão os volumes de negociação e resultarão na reavaliação positiva do valor das ações da B3.”
Na visão da Ágora, as ações da B3 caíram 13% no acumulado do ano (contra queda de 3% do Ibovespa), indicando que o mercado “já previa desempenho de volumes ainda fracos e desempenho operacional mais suave”. No entanto, para este ano, “o momento operacional da B3 continua altamente dependente da melhoria das condições de mercado/volume, o que deve continuar sendo o principal impulsionador para as ações nos próximos trimestres”.
Dividendos
Os dividendos da B3 são um atrativo. As distribuições no trimestre totalizaram R$ 1,4 bilhão, sendo R$ 500 milhões em recompras, R$ 604 milhões em dividendos e R$ 334 milhões em juros sobre capital próprio. Em 2023, as distribuições totalizaram R$ 5,0 bilhões, um payout de 122%. A companhia divulgou um novo programa de recompra de até 230 milhões de ações, válido até fevereiro de 2025 e projeção de distribuição de lucros entre 90% e 120%.
Neste contexto e dado o cenário macro, para os analistas do BB Investimentos, a companhia segue apresentando resultados desfavoráveis em seu core business (segmento Listado). Entretanto, a estratégia de diversificação nos negócios tem sido relevante para compensação de receitas, e se mostrado mais significativa a cada resultado.
“Assim, acreditando em um cenário mais favorável e na retomada do volume de negócios no mercado de capitais, e até incorporarmos os resultados do 4T em nosso modelo, reiteramos nossa recomendação de compra para B3SA3, com preço-alvo de R$ 15,60 para o final de 2024.”
Expectativas
Para 2024, a Genial acredita em um ano de melhoria do lucro e da rentabilidade. “Com a queda das taxas de juros, esperamos uma recuperação no desempenho das receitas – beneficiado por um aumento no ADTV de ações e por outros produtos que prosperam com taxas de juros mais baixas – combinado com um controle eficaz das despesas e o término da amortização de impairment relacionada à aquisição da Cetip no 2T24”, comentam os analistas.
Além disso, somam-se as provisões antecipatórias feitas no ano anterior e acredita-se que a B3 está posicionada para alcançar resultados mais robustos em 2024. Com a perspectiva de redução dos juros que cria condições mais favoráveis para diversos produtos da B3 e redução das despesas, os analistas estão mais confiantes de que a empresa poderá retomar o crescimento de seus lucros a partir de 2024.
“Assim, reiteramos a nossa recomendação de “comprar” com preço-alvo de R$ 17,1 (upside de 35%). Vemos as ações atrativas negociando a um P/L de 14,9x para o ano de 2024 (abaixo da média histórica de 18,5x e abaixo das estimativas de seus pares internacionais de 20,9x 24E). Em 2023, o payout ficou em 122%, já para 2024, estimamos um payout de 100% refletindo um dividend yield de 7%”
Outros números 4T
- Lucro líquido recorrente de R$ 1,057 bilhão, queda de 8,2% frente ao mesmo período de 2022 e de 8,7% na base sequencial.
- O lucro líquido atribuído aos acionistas, que exclui itens não recorrentes, ficou em R$ 915,5 milhões, uma queda de 8,8% em 12 meses e de 14,8% no comparativo trimestral.
- O Ebitda caiu 10,3%, para R$ 1,45 bilhão, se comparado com os três meses anteriores, e apresentou um recuo de 9,8%, na comparação anual.
Sustentabilidade
A B3 tem conexão da sustentabilidade com o negócio, alavancando os objetivos estratégicos da B3, e promovendo um ambiente de negócios resiliente e alinhado às melhores práticas ESG. Para a companhia, sustentabilidade é uma prática essencial de mercado, que gera valor no longo prazo para os stakeholders.
A Estratégia de Sustentabilidade, aprovada pela Diretoria Colegiada, está pautada em 3 pilares:
1- Ser uma companhia alinhada às melhores práticas de sustentabilidade
2- Induzir boas práticas ESG no mercado brasileiro
3- Fortalecer o portfólio de produtos e abrir novas frentes de mercado ESG
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