“Eu acho que em muitas entrevistas as coisas são tiradas de contexto. De um lado, Lula se orgulha de Henrique Meirelles ter sido independente no BC, e de outro diz que acha que não precisa da lei, porque ele garante a independência sem lei. Mas, olhando para o Brasil, vemos que o mercado seria muito mais volátil se não houvesse a independência em lei. Seria uma questão que adicionaria mais volatilidade na curva longa de juros”, respondeu Campos Neto, em palestra na UCLA Anderson School of Management.
O presidente do BC citou o exemplo do Peru, que tem passado por distúrbios sociais e trocas de governo sem que o seu banco central tenha sido afetado. O presidente do BC repetiu que ficará no cargo até o fim do seu mandato, em 2024.
“O Congresso brasileiro votou pela independência e o STF chancelou que essa seria a melhor forma de organização. A independência não é um desejo só do Banco Central. Temos que responder ao desejo dessas pessoas que votaram essa lei e mostrar que vamos seguir independentes”, completou Campos Neto.
Conversibilidade do real
O presidente do Banco Central disse ainda que a instituição busca alcançar a conversibilidade do real, inclusive com a possibilidade de abertura de contas em diversas moedas no País, mas destacou que esse processo é longo e ainda está apenas no começo.
“A conversibilidade da moeda não é algo que se faz, é algo que se ganha com credibilidade e estabilidade”, afirmou Campos Neto.