Caro Investidor!
Você faz parte dos que protegem patrimônio investindo em ouro (que vale mais do que dinheiro)? Não falamos aqui em comprar uma barra de ouro e colocar embaixo do colchão. Mas sim investir nos papéis de uma empresa que produz ouro e paga dividendos estratosféricos? O Acionista traz hoje a Aura Minerals (AURA33), uma empresa que não vê tempo ruim há tempos e que tem o objetivo de crescer com custo baixo e claro, pagar dividendos (praticamente recordista no Brasil).
Conversei com o CFO da empresa, Joao Kleber Cardoso (foto), no último dia 13 de dezembro e, entre outras coisas, ele falou sobre o crescimento da companhia, os projetos e os desafios para 2025.
Reprodução Linkedin
Há 6 anos na Aura, João Kleber destaca que 2024 está sendo um ano muito bom para a companhia que tem, como proposta de valor desde o seu IPO em 2020, crescer pagando dividendos. “Crescer com qualidade. Buscamos novos projetos com perfis de custos até mais baixos dos que os projetos que temos, porque na medida que crescemos, conseguimos aumentar a nossa margem. 2024 é um ano bom neste sentido, ano a Aura está crescendo”.
Joao Kleber conta sobre a operação de Almas, que começou no fim de 2023, e foi a quarta mina da Aura. “Este ano é o primeiro que ela produz o ano completo. A produção está dentro das expectativas, dos estudos, de produzir 50 mil onças, que era o esperado. E é a operação de menor custo. No terceiro trimestre (3T) foi mais baixo que as outras três”.
Além disso, “a Aura vai entregar guidance de produção, em 9 meses estamos no meio do guidance. Na guidance de custo, está bem na faixa de baixo; então há expectativa de que vamos entregar produção, com um baixo custo até melhor”, explica o CFO.
Conforme ele, o que não está nas mãos da empresa é o preço do ouro e que não dá para reclamar, já que aumentou. Logo, para o executivo, tudo está indo muito bem para a mineradora, em todas as vertentes. O 3T foi melhor que o 2T e os custos da Aura estão menores que em 2023.
“Isso está chamando bastante a atenção, porque a maioria do mercado, e nossos pares estão no movimento de que os preços do ouro estão aumentando, mas os custos estão aumentando também. Estamos conseguindo fazer essa abertura, a chamada ‘boca de jacaré’, que é quando a receita aumenta e se consegue baixar os custos”, comenta João Kleber.
Dividendos
“Estamos caminhando para fechar com dividends yields próximos a 9%. Foi um ano que também mudamos a política de dividendos. Lá atrás, no primeiro ano que pagamos, no IPO, em 2020. Começamos pagando anual, depois mudamos para semestral e agora é trimestral. Então vemos que tem espaço para pagar; 9% de dividends yields é muito bom. Em 3 anos, se comparar a indústria de mineração de ouro, a Aura foi recordista em dividends yields, o ano inteiro”, destaca o CFO da empresa, Joao Kleber Cardoso.
Ele recorda que os dividends yields em 2021 foram de 13%; 2022 e 2023, 6% e, neste ano, está fechando em 9%, como dito anteriormente. “O ano não acabou, mas eu acredito que vamos ficar entre os maiores pagadores de dividendos, devemos fechar com recorde. Lá em 2020, tínhamos muita dúvida se seria possível, porque se ouvia que como a companhia ia crescer, ter projetos e pagar dividendos e não se endividar? Mas a Aura está conseguindo manter, tem uma alavancagem baixa, até caiu neste último trimestre, está 0,6%.”
Investimentos
“Este ano o ouro se valorizou bastante, em torno de 30% até hoje (13/12) e já vem de alguns anos bons, desde a pandemia, quando teve aumento significativo”, comenta o CFO.
Segundo ele, o ouro em termos de uso é de 40 a 50% do consumo mundial ainda para joalherias, mas 80% é para Índia e China. Entretanto, conforme Joao Kleber, não impacta no preço. “É um consumo um pouco mais estável. Mas tem toda a outra parte que é composta por investimentos, banco central, investidores em geral, é raro, mas existem pessoas que compram barras de ouro e moedas, mas a maioria investe via ETFs através de bancos”, afirma.
São esses investimentos que determinam o aumento ou a queda no preço do ouro. “O que vemos nos últimos anos é a demanda aumentando pelos bancos centrais, principalmente da China, que é o país que mais compra ouro, em vista das reservas internacionais gigantes, grande parte é dólar e ela quer diversificar, e é por isso que tem muita demanda, não só ouro, mas imóveis”, explica o executivo.
De acordo com ele, o que atrai o investidor para o ouro é a segurança, a proteção, em tempos de alta da inflação no mundo, do dólar, da dívida dos EUA que deve seguir aumentando.
E mais, o CFO da Aura ressalta que entre as promessas de Donald Trump, que volta à Casa Branca mês que vem, estão o corte de impostos, e que isso poderá colocar em dúvida a médio e longo prazo o dólar “como reserva de valor e ele não tem substituto”.
“Então existe essa preocupação dos investidores com a proteção de patrimônio que acaba os levando para o ouro. Além dos cenários de conflitos geopolíticos, baixo crescimento. Isso também interfere no preço.”
Conforme Joao Kleber, olhando para o futuro, fica difícil saber para onde vai o preço do ouro, entretanto, na visão da Aura, existem elementos que devem segurar o ouro em patamares elevados. “A China se continuar com sua estratégia, ela vai seguir demandando ouro por uns anos; a questão fiscal americana, ninguém falou ainda em resolver, guerras no mundo, vamos ver como serão em 2025. Os elementos que elevaram o ouro parecem que não estão ainda em vias de solução, do curto ao médio prazo. Por isso que a nossa visão é que deve se manter em alta.”
Ações
O ouro subiu em 30% este ano e a ação da Aura (BDR) mais que dobrou. “Porque a Aura é uma produtora de ouro e cobre, mais ouro, então ela está sim exposta ao ouro, mas tem o crescimento. A gente produziu 236 mil onças em 2023. Este ano está indo em direção de 15% a 20% de aumento e dividendos. Você compra barra de ouro, está protegido, mas ele não vai te render nada. É diferente de um título de governo, um investimento e o dividends yields que é relevante.”
Conforme Joao Kleber, essa visão do ouro como reserva de valor, sempre será muito influenciado à receita da Aura. “Mas que uma empresa como a Aura traz de adicional? Traz o crescimento e o pagamento de dividendos. São as vantagens de ter um papel de uma mineradora.”
No 3T24, a Aura Minerals pagou dividendos a US$ 0,24 por ação ordinária. O valor total foi de US$ 17,4 milhões. O pagamento foi feito em 2 de dezembro, com base na posição acionária de 15 de novembro de 2024.
ESG
As políticas ESG são fundamentais para a Aura. Em todos os projetos e minas são implementadas as políticas e boas práticas, no que diz respeito à comunidade, levando desenvolvimento e sustentabilidade para a comunidade local.
Especificamente no projeto de Borborema, no RN, que entra em operação no início do ano que vem, um dos grandes desafios era a restrição hídrica da região e foi firmado um contrato com com a Companhia de Água e Esgoto do Rio Grande do Norte, (CAERN), que vai permitir a captação e tratamento da água de esgoto da cidade para então ser reutilizada na etapa de beneficiamento de ouro na operação.
Além disso, a empresa está investindo em ações e iniciativas de fomento à mão de obra local, oferecendo cursos e vagas que atraem e retêm talentos das comunidades onde atuamos. Em Currais Novos, por exemplo, conta com 80% da força de trabalho da região.
Desafios de 2025
Para o CFO da empresa, a Aura tem tudo para seguir o ritmo de crescimento e valorização. “O que vem para 2025 é um crescimento bem importante, o Borborema (será um dos maiores projetos), entra em operação no primeiro trimestre, e vai produzir 85 mil onças e se considerar o que está sendo produzido hoje, já é um aumento de 20%. E será o menor custo da Aura. 2025 vai ser o ano de Borborema”, comemora Joao Kleber.
Outro projeto desafiador é a aquisição do projeto Cerro Blanco, na Guatemala, que já está com contratos assinados, mas ainda vai para assembleia de acionistas. “É um projeto muito bom, mas tem alguns desafios em licenciamento, é algo para dois ou três anos. Esses seriam os desafios: Borborema operando e fechar essa aquisição”, afirma.
Aura Day 2024: confira aqui.