No mês de setembro, a balança comercial registrou um superávit de US$ 4,3 bilhões, o que levou a um saldo acumulado nos nove primeiros meses do ano de US$ 56,6 bilhões, segundo dados da Fundação Getulio Vargas (FGV). Na comparação entre os acumulados do ano até setembro, o aumento do valor exportado supera o das importações, mas por uma margem pequena. No caso das exportações, o crescimento foi de 37% e para as importações, de 36,4%. Na comparação interanual mensal, a diferença é maior e a favor das importações, que cresceram 51,9%, enquanto as exportações, 33,2%.

Na comparação do acumulado do ano é nítida a diferença entre a contribuição dos preços e do volume para os resultados do aumento em valor dos fluxos comerciais. Para as exportações, o aumento no valor exportado foi liderado pela variação nos preços e, para as importações, pela variação no volume. Observa-se, porém, que, nos últimos três meses, o aumento nos preços das importações tem acelerado, embora ainda inferior ao das exportações. O desempenho das exportações depende principalmente das commodities, que representaram 69,7% das vendas externas brasileiras no período de janeiro a setembro de 2021 e explicaram 75,5% do aumento registrado no valor total das exportações. A elevação dos preços no mercado internacional das principais commodities exportadas pelo Brasil, como minério de ferro, soja, carnes e petróleo, é a principal razão para o comportamento favorável das exportações. Enquanto os preços cresceram 41,1%, o volume recuou em 0,7% na comparação do acumulado do ano até setembro. As vendas de não commodities registraram aumento de volume superior ao dos preços.

As não commodities explicaram 91,7% das importações brasileiras e registraram aumento de 25,3% em termos de volume no acumulado do ano. Embora a participação das commodities seja pequena nas importações brasileiras vale salientar a variação de 60,1% nos preços e de 46,1% no volume, entre setembro de 2020 e 2021, ambos percentuais acima dos observados para as não commodities.

Os preços das commodities exportadas aumentam, mas também os preços das importações. O resultado é um recuo nos termos de troca, desde julho de 2021. Entre junho e setembro, os termos de troca caíram 8,4%. No entanto, na comparação entre as médias dos termos de troca de janeiro a setembro de 2020 e 2021, foi registrado uma variação positiva de 19,5%. O aumento nos preços de exportações continuam contribuindo para o aumento da renda do país em 2021.

Apesar do quadro favorável para as exportações, associado à desvalorização cambial e o aumento dos preços no mercado internacional, os dados analisados mostram a tendência de elevação nos preços importados.

A análise do volume importado de bens intermediários mostra que para a agropecuária, após o primeiro bimestre, as compras desaceleraram e voltaram a crescer no segundo semestre. No caso da indústria, a variação do volume importado em setembro foi a menor, desde março, mas atingiu dois dígitos.

Até julho, era clara a distinção na análise mensal da balança comercial: a liderança dos preços das commodities para explicar o bom desempenho das exportações e do volume para explicar o aumento no valor das importações. O comportamento das commodities continua a determinar a evolução das exportações, mas a tendência esboçada quanto às importações em agosto, se firmou em setembro: aumento de preços próximo ao do volume. A pressão inflacionária mundial e a desvalorização do real explicam esse resultado.

Os índices de comércio exterior

Em setembro, a agropecuária explicou 16,4% do total das exportações, a indústria extrativa, 28,5% e a de transformação, 54,4%. O volume exportado da agropecuária e da extrativa recuou, mas o volume da transformação aumentou em 8,6%, entre setembro de 2020/2021. Nas importações de setembro, a participação da agro foi de 2,3%, seguida da extrativa, 6,5% e da transformação, 90,1%. Todos os setores registraram variação positiva na comparação mensal, sendo a maior a da indústria extrativa, 70,6%. Na comparação dos preços, tanto nas exportações como nas importações, todos os setores apresentaram variação positiva na comparação interanual mensal e do acumulado do ano até setembro. Novamente, se destaca a indústria extrativa com um aumento nos preços de importações de 78,8%.

Destaca-se o caso da indústria extrativa, onde três produtos, gás (participação de 37,5% no total das importações da extrativa), petróleo (27,2%) e carvão (21,3%), apresentaram aumentos acima de 100% na comparação entre setembro de 2020 e 2021.

O volume exportado por categoria de uso da indústria de transformação mostra recuo nas vendas de bens de consumo duráveis em setembro. Nos meses anteriores, as vendas de duráveis lideraram as exportações da indústria, o que explica o resultado na comparação dos acumulados do ano até setembro. A principal fonte de crescimento era a indústria automotiva, mas declarações sobre dificuldades de obtenção de peças importadas podem explicar esse resultado.

Nas importações, a liderança da indústria de bens duráveis na comparação entre os nove primeiros meses de 2020/2021 não se repetiu entre os meses de setembro. Não obstante, o crescimento do volume importado em 42,5% foi o segundo maior, atrás, apenas, dos bens de consumo não duráveis (65,5%). O aumento do volume importado de bens de capital em 10,2% na comparação mensal contrasta com as compras do setor de agropecuária: variação de 48,2%.

O aumento no volume importado de bens intermediários e de bens de capital pela agroindústria em comparação com a indústria de transformação sugere que as expectativas continuam mais favoráveis, relativamente, para esse setor.

O recuo do volume exportado para a China não foi compensado pelo aumento dos preços para esse mercado (35,3%) o que levou a uma queda na participação das exportações chinesas na pauta brasileira de 33,3% para 29,5%, entre os meses de setembro de 2020 e 2021. Por outro lado, o crescimento das exportações para os Estados Unidos levou a um aumento da participação do país de 9,6% para 12,7%, no mesmo período de comparação. A queda das vendas para a Argentina explica o recuo no volume exportado dos bens duráveis de consumo.

Ressalta-se que, no acumulado do ano até setembro, a participação da China recuou de 34,3% para 33,6% e dos Estados Unidos aumentou de 9,7% para 10,4%.

Nas importações, a China e o resto da Ásia lideram as compras externas do Brasil. No acumulado até setembro, a participação da Ásia foi de 36,2%.


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