No encerramento do mês de agosto, colorido com o lilás do mês da conscientização e combate à violência contra a mulher, o retrato trazido pelo Atlas da Violência 2021, produzido pelo Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea) é desolador, com a piora situação para mulher, negros e LGBTQIs:
- Em 2020, 77% das vítimas de homicídio no Brasil eram negras. Em 2019, o percentual era de 69%;
- Entre 2009 e 2019, 50.056 mulheres morreram assassinadas, sendo que 67% delas era negra. Um aumento de 10% em relação à década anterior;
- O Rio Grande do Sul é o estado que mais perde mulheres vítimas da violência: uma taxa de 4,1 para 100 mil frente a 3,5 para 100 mil da média do país;
- A violência contra mulheres dentro de casa também aumentou na última década: 6,1% de crescimento. Por outro lado, houve redução de 28,1% nos homicídios de mulheres fora de casa.
Nos últimos anos também foram vitimados mais integrantes da comunidade LGBTQIs. O aumento foi de 9,8% entre 2019 e 2020 e 5,6% entre 2018 e 2019. Neste ano foram registrados 5.330 casos de violência contra homossexuais e
bissexuais.
Esses dados são acompanhados por uma triste realidade, provavelmente induzida pela flexibilização que tem havido, nos últimos anos, pelo acesso a armas de fogo. Cerca de 70% dos homicídios no Brasil foram por armas de fogo em 2019. Em 11 anos, 439.160 pessoas morreram por esses disparos. Ou 109 pessoas por dia desde 2009.
Este quadro é ainda mais grave por representar o oposto do cenário geral da violência no Brasil, como demonstra o Atlas. Na década pesquisada houve uma redução nas mortes por violência no país. Entre 2010 e 2020, a proporção de homens jovens (entre 15 e 29 anos) assassinados diminui 10,4%. A implementação de ações e programas preventivos e o ganho histórico com o Estatuto do Desarmamento, de 2003, podem explicar esta melhora. No entanto, os pesquisadores do Ipea também observam que houve alguns retrocessos em termos informativos, o que pode dificultar uma impressão meramente positiva.
Fonte: Ipea e Jornal do Comércio | Porto Alegre | Ed. 01.09.21 página 20.