Bottom-line: Bolsonaro faz péssima sinalização ao afirmar que governo estuda dar parte do “alívio” orçamentário da PEC dos Precatórios para reajuste de servidores. Cenário no qual BC dá 200bps na próxima reunião ganha corpo entre economistas. Moro traz Pastore como guru econômico. Agenda sem destaques.

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Precatórios e reajuste de servidores: Ontem na Europa o Presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou que o governo estuda dar um reajuste linear para dar um reajuste para servidores com a aprovação da PEC dos precatórios.

Fiscalmente nem a PEC dos precatórios tem cabimento, muito menos as pretensões expansionistas do governo, seja com reajuste de servidores ou com a própria elevação do Bolsa Família.

O IFI já estimou que cada ponto percentual que o governo der de reajuste linear terá um custo de R$4bi.

Fora isso a sinalização do presidente é muito ruim em termos econômicos. Primeiro mostra um desconhecimento orçamentário absurdo, mas também traz à mesa pretensões completamente descabidas pela ótica da restrição orçamentária.

Politicamente a situação é um pouco mais delicada. Ainda que o Ministro, licenciado, João Roma tenha afirmado que isso está fora de “elenco”, imaginar que o presidente eleito não conhece de congresso é no mínimo inocente. De todo modo, há quem diga que Bolsonaro está querendo colocar um “bode na sala” para que o horror em tramitação fique relativamente mais “bonito”.

Contudo, opositores ao esfacelamento do arcabouço fiscal pretendido pela PEC aproveitam a retórica para enterrar de vez a matéria. A consultoria de orçamento e fiscalização financeira da casa aproveitou a oportunidade para apontar para a “bola de neve” de mais de meio trilhão de reais gerado pela PEC dos precatórios em 15 anos.

O keyman do texto é o Senador Rodrigo Pacheco, presidente da casa, que por estratégia dominante, ou não, segue defendendo a celeridade na tramitação do texto.

Roma vem tentando articular junto ao Senado que as duas pernas da PEC sejam aprovadas ainda em novembro. Destacando que as chances de que não haja alteração do texto são baixas, o que devolverá a matéria para a Câmara. Isso sem considerar uma potencial interferência judicial sobre a matéria.

Avaliamos que se Bolsonaro faz o aceno político à servidores com vistas eleitoreiras, a ação deverá ser inócua politicamente com a classe e danosa economicamente.

Política monetária: Apesar de a atividade estar dando sinais de enfraquecimento, a inflação, avaliamos, puxada pelas expectativas, vem avançando e contaminando horizontes mais longos.

A consultoria AC Pastore emitiu um alerta de que se a autoridade ainda busca a convergência da inflação de 22 para a meta é necessário o avanço de 200bps nessa reunião e na próxima, o que já contemplamos em nosso cenário.

Diga-se de passagem que nossa perspectiva se reforçou pelo avanço do IPCA para 2022 no focus, mas principalmente para as expectativas para 2023 para o índice. O processo de desancoragem está se fortalecendo e a autoridade não poderá flertar com o descrédito do regime de metas, ou uma meta implícita mais elevada.

Deste modo, como pontual a supracitada consultoria, o canal de transmissão que isso se dará é através da atividade. De maneira sintética, o BC, para manter o regime, que é fundamentado em credibilidade, deverá desacelerar a atividade para conter a inflação, e isso significa manter o desemprego elevado.

Ainda que a diretora da autoridade tenha feito uma declaração relativamente forte, ao dizer que a autoridade não enxerga o cenário de estagflação para o ano que vem, esse desenho vem ganhando corpo nas expectativas de mercado.

Enfim, temos o call de que o juro deverá ter duas elevações de 200bps nas próximas duas reuniões com mais uma de 150bps na seguinte, finalizando o ciclo de alta em 13,25%.

Moro: Ontem o ex-ministro Sérgio Moro participou do programa do Bial, onde de fato revelou, para quem achava o contrário, as pretensões presidenciais do mesmo.

De novidade Moro revelou abertamente a proximidade econômica com Affonso Celso Pastore, que traz um view mais à direita para o presidenciável.

Étore Sanchez
Economista-chefe da Ativa Investimentos

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