Depois da alta da Taxa Selic na Super Quarta (29) em 1 p.p., passando para 13,25% ao ano, a expectativa ficou por conta da Ata do Copom, divulgada nesta terça-feira (4). O economista do ASA, Leonardo Costa analisou os principais pontos do documento do Comitê. De acordo com ele, “sem grande alteração em relação ao comunicado da semana passada, buscando tom mais neutro ao elaborar mais sobre o balanço de riscos para atividade doméstica (que ele colocou como risco baixista para a inflação) e do externo (que ele argumenta que as caudas passaram a ter mais peso); de todo modo, ele segue sem guidance para as reuniões depois de março”, comenta Costa.
Ponto a ponto:
- Atualização da conjuntura econômica e do cenário do Copom: O cenário externo segue desafiador, com foco na política econômica dos EUA e na cautela dos emergentes, enquanto, no Brasil, a atividade se mantém dinâmica, mas a inflação e as expectativas seguem pressionadas.
- Cenários e análise de riscos: O BC ponderou mais sobre a atividade doméstica, risco que apareceu no comunicado da semana passada. Na ata, o Copom reconhece a resiliência da atividade econômica, impulsionada pelo mercado de trabalho aquecido, política fiscal expansionista e crédito amplo. Apesar de sinais iniciais de desaceleração, há cautela na avaliação, pois oscilações passadas não alteraram a tendência de crescimento. O Banco Central pondera a necessidade de arrefecimento da demanda para convergência da inflação, mas busca equilibrar a comunicação diante das preocupações do mercado sobre um possível excesso de restrição monetária. O crédito bancário mostra sinais de inflexão, enquanto o mercado de títulos privados mantém forte crescimento, em um cenário de alto endividamento das famílias.
Além disso, no Fiscal, o Copom reforça a necessidade de harmonia entre política fiscal e monetária, alertando que incertezas fiscais podem elevar a taxa de juros neutra e dificultar a desinflação. Também cita que a desancoragem das expectativas de inflação se intensificou, elevando os desafios para a convergência da inflação e aumentando o custo da desinflação: “10. As expectativas de inflação, medidas por diferentes instrumentos e obtidas de diferentes grupos de agentes, elevaram-se de forma significativa em todos os prazos, indicando desancoragem adicional e tornando assim o cenário de inflação mais adverso.”
Segundo o economista do ASA, no curto prazo, o BC reconhece a piora recente, justificando que a inflação de curto prazo segue pressionada por alimentos, câmbio e serviços, com risco de descumprimento da meta.
O Copom ponderou mais o balanço de riscos, que ainda considera assimétrico e com maior chance de inflação acima do cenário-base. A desancoragem das expectativas, o aquecimento da economia e a política econômica externa seguem como riscos altistas, especialmente via taxa de câmbio. “Por outro lado, os riscos baixistas perderam força, mas há preocupação com uma possível desaceleração doméstica mais intensa, agravada por condições financeiras mais restritivas. O cenário externo tornou-se mais incerto, aumentando a probabilidade de choques inflacionários em ambas as direções.”
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- Discussão sobre a condução da política monetária / D) Decisão de política monetária: Após a elevação da Selic em 1% em janeiro, o Comitê manteve a sinalização de alta de 1% na reunião de março, com ajustes futuros condicionados à inflação, expectativas e balanço de riscos (agora sem guidance).