🌎 CENÁRIO EXTERNO
De olho nos Yields (2)
Mercados
Mercados asiáticos encerraram a sessão sem direção única, com destaque para o retorno das negociações na China após o feriado do ano novo lunar chinês. Na zona do euro, bolsas amanheceram em tom predominantemente negativo: o Stoxx 600; índice que abrange uma gama de ativos de todo o continente, registra queda de 0,4% até o momento. Em NY, índices futuros operam na mesma direção, com baixas da ordem de 0,5%, enquanto o dólar (DXY) se desvaloriza contra os seus principais pares. Na contramão, commodities têm nova manhã de valorização. O preço do petróleo (Brent Crude – ICE) opera estável, negociado em torno dos US$ 64,30/barril após um apagão no Texas que congelou 40% da produção da commodity nos EUA.
De olho nos yields (2)
Ativos de risco têm início de manhã de realização, onde os principais índices acionários operam com viés predominantemente negativo. Na Ásia, bolsas chinesas retornam após o feriado do ano novo lunar, acompanhadas de uma manhã forte para commodities, com destaque para os metais. O principal tema em foco segue sendo o movimento de “reflação” nos Estados Unidos, que tem preocupado investidores pela pressão recente que tem colocado sobre os juros futuros. Após o rendimento do título do governo americano de 10 anos superar níveis não vistos desde fevereiro do ano passado, o mercado busca entender até onde este movimento levará o custo de financiamento na maior economia do mundo, e se tal patamar será suficiente para prejudicar a retomada da economia e dos resultados corporativos e, consequentemente, pressionar os mercados.
Fed boys veem risco reduzido
O Federal Reserve divulgou a ata da sua reunião de política monetária realizada nos dias 26 e 27 de janeiro; e o documento abordou o tema discutido acima. Para os membros do FOMC (Comitê de política monetária do BC americano) as condições para que o banco central inicie o processo de tapering (normalização do seu balanço) não serão atingidas em um futuro próximo. Apesar da economia dar claros sinais de recuperação, o mercado de trabalho segue pressionado pelas sequelas deixadas pela pandemia e, portanto; dá base de sustentação para que o Fed siga em frente com o seu extenso programa de compra de títulos.
Na agenda
Após a indústria e varejo trazerem surpresas positivas para a economia americana em janeiro; o investidor recebe os pedidos de auxílio-desemprego da semana passada na maior economia do mundo (10h30). Enquanto isso, na zona do euro, o destaque fica com a leitura preliminar de fevereiro do índice de confiança do consumidor da Comissão Europeia (12h).
CENÁRIO BRASIL
Lira busca solução para impasse em torno da prisão de Silveira para retomar assuntos econômicos
Em busca de um acordo
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), passou o dia de ontem tentando costurar um acordo com ministros do STF para reverter a prisão em flagrante do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), que publicou vídeo nas redes sociais defendendo a ditadura e ameaçando cúpula do Judiciário. O assunto precisa ser saneado antes que a Câmara possa reverter a sua atenção a pautas econômicas; como o auxílio emergencial e a aprovação do Orçamento.
Precedente perigoso
Apesar de não compactuarem com as opiniões do deputado, lideranças do Congresso temem que a prisão em flagrante – inicialmente determinada pelo ministro Alexandre de Moraes e referendada de forma unanime pelo restante de Corte – estabelece um precedente perigoso que pode se voltar contra outros membros do Congresso no futuro. Em vista desse temor, o presidente da Câmara negocia uma saída para lidar com o assunto internamente, através do conselho de ética da Câmara; assim evitando que os deputados analisem a prisão em plenário e anulem a decisão do STF – fato que pode gerar uma crise entre os dois poderes.
Bolsonaro deve passar longe do assunto
Para o presidente da República, a prisão de Silveira representa uma grande dor de cabeça. O deputado faz parte da ala mais barulhenta do PSL e é considerando um aliado fiel do presidente, mas Bolsonaro sabe que qualquer defesa do ex-pm pode prejudicar o seu relacionamento com o STF. O mais provável é que o presidente atue nos bastidores, mas evite declarações públicas que desagradem a cúpula do Judiciário, a parcela mais radical do seu eleitorado, representada por Silveira, ou outros deputados, que se incomodaram com a prisão em flagrante determinada após a postagem de um vídeo. O desfecho mais célere e benéfico a todas as partes provavelmente envolveria a soltura de Silveira e a abertura de um processo contra o deputado; dentro da própria Câmara, que pode resultar em uma suspensão ou até cassação do seu mandato. Este desfecho representa a via mais célere para um retorno à normalidade no Congresso e a retomada da pauta econômica; mas depende da boa vontade do STF.
231 milhão de doses
Ontem, durante videoconferência com integrantes do Fórum Nacional de Governadores, o ministro Eduardo Pazuello (Saúde) prometeu a distribuição de 231 milhões de doses de diversas vacinas contra o coronavírus aos estados até o fim de julho. Até agora, o governo só tem acesso garantido aos imunizantes da AstraZeneca e Sinovac; mas para entregar o número de doses prometidas será necessário finalizar acordos com outros laboratórios estrangeiros: Gamaleya, da Rússia, e Bharat Biotech, da Índia. Os imunizantes desses laboratórios ainda não receberam o devido aval da Anvisa que liberaria sua distribuição no Brasil. O ministro se tornou alvo de grande pressão após a interrupção da vacinação em vários municípios após o término de doses disponíveis. A expectativa de especialistas é que a interrupção na campanha de imunização seja uma ocorrência recorrente que deve ocorrer de forma intermitente durante todo o resto do ano.
Existe espaço para cortes no Orçamento
De acordo com o diretor da Instituição Fiscal Independente do Senado, Felipe Salto, existe espaço no Orçamento Federal para acomodar o custo de um eventual retorno do auxílio emergencial, mas os cortes só virão se o governo e Congresso estiveram dispostos a assumirem o ônus político a eles associados. O economista apontou uma suspensão do reajuste salarial de militares e a revisão de incentivos fiscais como possíveis cortes que poderiam gerar o espaço necessário para ressuscitar a política assistencialista interrompida na virada do ano. Juntos, a revogação poderia abrir mais de R$ 27 bi no Orçamento, o suficiente para encaixar o auxílio dentro do teto; já que o custo projetado do programa deve ser entre R$ 20 bi e R$ 30 bi.
Na agenda
O boletim Focus abre a agenda da semana, às 12h, trazendo revisões às projeções do mercado para as principais variáveis macroeconômicas do país. À tarde, o investidor ainda recebe o fluxo cambial semanal divulgado pelo banco central (14h30) e o resultado da balança comercial semanal da Secint (15h)Em dia de agenda morna, o destaque fica com a 2ª prévia do IGP-M de fevereiro, que surpreendeu expectativas do mercado ao variar 2,27% no período. O resultado ainda representa uma desaceleração com relação ao mesmo período em janeiro, quando a leitura foi de alta de 2,37%; mas o avanço contínuo dos preços de commodities industriais e agrícolas mantiveram o IPA pressionado, sustentado o patamar elevado do IGP-M como um todo. No que diz respeito ao Índice de Preços ao Consumidor (IPC) a leitura trouxe um decréscimo mais relevante das taxas de variação dos preços, com variação de 0,29% do índice no período (ante 0,42% no 2º decêndio de janeiro). No fim da manhã (11h30), o investidor também acompanha mais um leilão tradicional de LTN, LFT e NTN-F do Tesouro Nacional.
E os mercados hoje?
Mercados globais voltaram a amanhecerem em tom de acomodação, com viés predominantemente baixista. No retorno das negociações na China após o feriado do ano novo chinês marca a manhã, com forte desempenho das commodities e baixa do dólar. No Brasil, a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL) causou um novo tumulto em Brasília; se colocando como um potencial conflito entre os membros do Legislativo e o Supremo. Desta forma, a falta de foco no que diz respeito a uma solução para o auxílio emergencial deve atuar como contrapeso à alta contínua das commodities no que diz respeito à valorização do Ibovespa, que deve acompanhar um exterior mais negativo enquanto o investidor digere a situação.