(*) Onara Lima
Ao contrário do que muitos pensam, o tema não é tão novo quanto parece, ele apenas tomou uma proporção maior por aqui (Brasil) nos últimos dois anos, devido ao olhar do mercado financeiro para esses três pilares, que podem representar riscos ou oportunidades para seus investimentos. A sigla ESG nasceu no relatório “Who Cares Wins – 2005”, produzido pela UN Global Compact, Federal Department of Foreign Affairs Switzerland e a International Finance Corporation (IFC).
Falando em oportunidades, podemos apontar a vantagem de uma empresa que preza pela sustentabilidade, reforçando assim, a cultura interna voltada para a transversalidade e compromisso com o tema de forma estratégica e verdadeira, principalmente no longo prazo, sendo bem vista pelos consumidores e reconhecida como uma marca empregadora que está atenta a atração e a retenção de talentos, viabilizando a geração de valor compartilhado com impacto socioambiental positivo.
Todos os fatores que envolvem o ESG, passam inevitavelmente pelo “S”, onde está o maior diferencial de qualquer negócio: o Capital Humano. As pessoas são as peças mais importantes de todo o ecossistema corporativo, seja qual for o segmento, sendo necessário reconhecer e valorizar o papel fundamental que cada um desempenha na realização das tarefas essenciais para o sucesso da companhia. Quanto maior for o compromisso das pessoas com os valores da empresa e com os seus objetivos, melhor será o seu desempenho e, para isso, fica o desafio de promover um ambiente de trabalho diverso, inclusivo, equilibrado e respeitoso, onde seja possível gerar engajamento de todos os colaboradores.
A pandemia do Covid-19 trouxe um cenário prolongado de crise, o que destacou a desigualdade social, mas, também evidenciou riscos que a sociedade, especialmente o mundo corporativo não conhecia. Isso reverberou sobre a necessidade de repensar o papel da liderança, que assumiu um novo significado com olhar calibrado e atento sobre o cuidar das pessoas e a preocupação principalmente em relação à saúde física e mental. Investidores e consumidores passaram a ter um olhar mais atento para o que as empresas estão fazendo diante desses cenários no viés da gestão do capital humano que, pode ser menos tangível e mais difícil de quantificar, mas é crucial não apenas para a reputação, mas para a saúde de qualquer negócio a longo prazo. Nesse sentido, os investidores consideram e analisam como uma empresa gerencia seu relacionamento com os colaboradores, o que estimula uma demanda por maior transparência em relação às informações não financeiras relevantes para o negócio. Por isso, é imprescindível uma cultura bem estabelecida e reconhecida pela gestão de pessoas, que esteja realmente alinhada entre as ações e comportamentos, para que transmitam o que a companhia como um todo valoriza.
(*) Onara Lima é engenheira ambiental e sanitária, engenheira de segurança do trabalho (com especialização em liderança organizacional), tem MBA em Gestão Empresarial e Curso ESG (IBGC) e Sustainable Business Strategy (Harvard Business School). Nos últimos 19 anos atuou em Gestão Ambiental e Sustentabilidade na Gerdau, Fibria/Suzano, Ambipar e Grupo CCR (atual). É professora convidada e realiza vários trabalhos voluntários.