Recentemente, comentamos sobre as vantagens e desvantagens de investir em FIIs (Fundo de Investimentos Imobiliários) do segmento de Fundo de Fundos (FOF), que você pode conferir aqui. Hoje nós do Acionista traremos para você alguns pontos importantes para você considerar ao analisá-los.
Compartilhamos da ideia principal de investimento, onde todos queremos alto desempenho e máxima performance. Os princípios por excelência, em geral são os mesmos, buscamos entre profissionais e produtos de ponta para que nos aproxime da melhor versão de resultado.
Portanto, enquanto alguns profissionais vão atrás da melhor alocação entre fundos de investimentos, nós traremos aqui, alguns princípios importantes para avaliar as decisões por onde cada escolha acontece.
*Só para não deixar sem contexto, um FOF (Fund of Funds) é um fundo que investe em cotas de outros fundos. Um FOF pode ser tanto um fundo imobiliário quanto um fundo de investimentos qualquer.
Alocações e desempenhos
Ao observar diversos produtos, certifique-se que não só de histórias se confirma um potencial. Quando uma oportunidade está indo bem, é preciso levar em consideração diversos fatores, além de entender que aquilo que está sendo bem feito precisa ser mantido.
Portanto não é apenas um diagnóstico do que aconteceu em etapas anteriores que definirá resultados futuros, em outras palavras, olhar histórico de fundo não é suficiente. É preciso entender onde este fundo ou gestor deste fundo está e onde quer chegar, através da alocação entre as diferentes classes de ativos de modo que seja possível carregar este formato no longo prazo e de maneira sustentável.
Um dos conselhos de gestão de investimento mais antigos é aquele que diz “nunca ponha todos os ovos na mesma cesta”. Harry Markowitz[1] é o pai das finanças modernas, foi um dos primeiros economistas da reconhecida Universidade de Chicago, nos altos de 1950, a estudar e aplicar conceitos de estatística e economia no mundo dos investimentos, dando origem à famosa teoria dos portfólios. Markowitz introduziu, dentre outras coisas, o conceito da correlação, enfatizando que não basta diversificar, é preciso buscar ativos com correlações negativas.
Através deste conceito nasceu a ideia de diversificação, sendo necessário encontrar ativos com bons retornos, com desempenhos diferentes e que caminhem em diferentes direções.
No entanto, se isso fosse tão fácil, todo mundo faria igual. Algumas correlações com mudanças econômicas podem se modificar estruturalmente, portanto é sempre necessário atualizações e reconhecer que não é possível saber o retorno futuro, mas sim, encontrar uma alocação entre ativos preparada para desempenhar em diversos cenários.
Na prática, é preciso observar a alocação dos ativos de forma estratégica, a proporção para cada classe de ativo, olhando sempre para o longo prazo e acompanhando nossas atuais mudanças estruturais (onde bolsa deve assumir um papel importante de agora em diante).
Assim, aqui vão algumas dicas para você se organizar:
- Nunca se concentre em apenas uma classe de fundos (ou de ativos), em geral, alguma de suas decisões vai sempre ir com resultado oposto das demais escolhas, e esta irá fazer a correlação negativa.
- Não tente predominar seus investimentos em uma classe de ativo, quanto mais diversificado for o seu portfólio melhor. Isto é, não é porque hoje a bolsa virou oportunidade que você vai pular de 20% para 50% a exposição em bolsa, se você fez isso, então busque alternativas para proteger essa exposição, como dólar, juros, ouro etc.
Desta forma se você busca alternativas entres os fundos, ou FOFs que atendem a este modelo, entenda que diversificar é possuir alocações em: pré e pós-fixados, indexados a inflação, crédito privado, multimercados, Bolsa, investimentos internacionais, fundos imobiliários, dólar e ouro, basicamente.
Veja este exemplo de alocação de um FOF
Caixa | 5% |
Juros | 10% |
Inflação | 10% |
Crédito Privado | 15% |
Multimercados Macro | 22,5% |
Multimercados Sistemáticos | 5% |
Ações | 15% |
Long&Short | 10% |
Proteção Global | 7,5% |
Total | 100% |
Há muitos elementos valiosos, considerando reserva de segurança, liquidez, ativos de risco e outros com menos presença de correlação. Enfim, um perfil moderado que se precisar tomar mais risco pode aumentar o % de risco e se quiser mais segurança é só alocar maior % nos ativos menos voláteis.
Como escolher os melhores fundos
Existem aproximadamente 600 gestoras no Brasil e cerca de 5.000 fundos disponíveis, sendo assim, é preciso ser criterioso para decidir qual é a melhor estratégia para estar no caminho entre os ganhadores do longo prazo.
Portanto é necessário uma análise qualitativa e quantitativa para escolher os melhores fundos.
A quantitativa envolve a comparação de desempenho entre os pares, isto é, observando desempenho contra outros fundos de mesma classe e contra o índice (indicador) de referência, mesmo que desempenho passado não seja garantia de retorno futuro. Este dado irá demonstrar a consistência e os diferentes comportamentos.
O lado da qualitativa envolve a transparência do produto, bem como o posicionamento dos gestores via cartas dos fundos, posições, clareza da estratégia e a experiência do time de gestão.
Fique atento:
Se você busca algum FOF, busque conhecer a formação deste produto.
Com relação aos FOFs que envolvem os Fundos Imobiliários, evite cair em armadilhas de Yield alto, porque isso pode ter ocorrido por efeitos não recorrentes.
Para análises mais profundas, reunimos em nossa página de FII diversos relatórios das casas de análises.
E para quem quer estar mais por dentro dos Fundos tradicionais, separamos um local específico reunindo as Cartas e os Relatórios dos gestores.
[1] MARKOWITZ, H.M. Portfolio selection. Journal of Finance, v.07, p.77-91, mar.1952.