Promover investimentos verdes de US$ 2 trilhões, ao longo de quatro anos, é uma das promessas do candidato Joe Biden que em janeiro próximo deverá ser confirmado e empossado como presidente dos Estados Unidos. Com a caneta na mão (Montblanc, ou qualquer outra marca), assinará uma série de medidas a serem implementadas nos planos interno e externo e, a confirmar o discurso de campanha, voltará ao tema Amazônia. Se irá ameaçar com boicote (ao pedir uma política mais clara de preservação), ou facilitará investimentos na região, ainda é cedo para se especular.

É previsível que por seu histórico poderio econômico, o país do Norte continuará protagonista em vários campos – em nível global. E com a mudança de direção de um novo governo, de partido diferente do atual, é provável que Biden recoloque os Estados Unidos no Acordo de Paris (que trata das mudanças climáticas) e, assim, volte a acatar e atacar políticas em favor da segurança ambiental do planeta.

A discussão é longa, até porque os Estados Unidos não são propriamente um exemplo no item emissão de carbono (a propósito, leia artigo, abaixo, de Gustavo Souza, do CDP), mas é líquido e certo também que a Amazônia será lembrada permanentemente. Negociador, pragmático, Biden tem poder de diálogo (e persuasão, portanto). Neste sentido, é desejável que o Brasil se enxergue em um sofisticado tabuleiro de xadrez e não em uma prosaica arena romana ou ringue de vale-tudo. Talvez seja este o momento de Hamilton Mourão avocar para si toda a estratégia amazônica, pois  identifica claramente a diferença entre a Mata Atlântica e os biomas da Amazônia, bem como conhece o solo e o subsolo da região. Ele sabe que por ali podem passar, vez ou outra, algumas antas, mas girafas jamais.

DESAFIOS

Dizer que os desafios “são enormes, complexos”, todos já sabem, mas é preciso “fazer as escolhas certas”, como disse Robson Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), dia 4 último, no chamado “Fórum Mundial Amazônia+21”, realizado em Porto Velho, no estratégico estado de Rondônia.

Mais que uma rebuscada e inócua narrativa, se faz necessária uma postura firme, centrada e objetiva. É hora de usarmos a inteligência em favor de uma causa maior: a riqueza do país que, assegurada, influenciará o mundo.  

IPO

Nesta segunda-feira, 9, a novata Enjoei, do e-commerce, começará a ser negociada na B3, sob o ticker ENJU3. Com isto, passará a ser a 158ª empresa listada no Novo Mercado.

CASH

Na semana anterior foi a vez da Méliuz (ticker CASH3), empresa de cashback (modalidade de geração de tráfego, levando o consumidor a comprar via e-commerce e remunerando a loja por isto), a concluir seu IPO. Captou no mercado R$ 661 milhões e já chega à B3 valendo R$ 1,2 BI. Foi a 157ª companhia do Novo Mercado.

OTIMISMO

A B3 fechou a primeira semana de novembro em clima de otimismo, recuperando as perdas da semana anterior e ultrapassando os estigmatizados 100 mil pontos. Segundo analistas de mercado, a vitória do democrata Joe Biden, com a maioria republicana no Senado, deixará os Estados Unidos politicamente equilibrados – o que significa (em tese) estabilidade para os mercados.

OUTROS 500

Neste dia 10, 3ª, acontece o Bradesco Day – encontro do board do banco com analistas, investidores e convidados. Na oportunidade, o banco comentará seus resultados e, certamente, a aquisição do BAC Florida, instituição de quase 50 anos, nos Estados Unidos a fim de oferecer um portfólio de investimentos mais generoso a seus correntistas e simpatizantes.

O valor da compra é calculado em US$ 500 Milhões.

FISCAL

Que a reforma tributária foi empurrada com a barriga todos já sabemos (e a coluna Via Sustentável também cantou essa bola), mas ainda há muito o que ser discutido neste ano, assim como os desafios profissionais das áreas de controladoria em meio à era digital, bem como um Update do IFRS.

Esses e outros aspectos serão debatidos no 10º Encontro Abrasca de Contabilidade e Auditoria para Companhias Abertas e Sociedades de Grande Porte, dias 16, 17 e 18 próximos, no formato online, com apoio de mídia do Portal Acionista. Inscrições podem ser feitas diretamente no site www.encontrodecontabilidade.com.br

LIVE

A M.Dias Branco resolveu aderir à live para dialogar com seus stakeholders. O encontro, virtual, será neste dia 9, 2ª, com Gustavo Theodozio (VP de Investimentos e Controladoria) e Fábio Cefaly (diretor de RI), mais pessoal da Infomoney, quando serão analisados os resultados da companhia. Acesse o link https://lp.infomoney.com.br/por-dentro-resultados-inscricao?cid=undefined 

DEBÊNTURE

O IRB-Brasil Resseguros informa que seu Conselho aprovou a emissão de Debêntures Simples, não conversíveis, em duas séries (com vencimento em três e seis anos, respectivamente). O total será de 300 mil debêntures, com valor unitário de R$ 1.000,00. 

PACTO

A Ambipar, empresa de gestão ambiental que opera em 15 países e fez seu IPO na B3 há pouco mais de três meses, acaba de entrar para o grupo de empresas signatárias do Pacto Global. Com isto, assume publicamente o compromisso de envidar esforços para atingir os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), seguindo os Dez Princípios Universais ligados a estes.

Antes também signatária do GRI, a Ambipar é uma multinacional brasileira e primeira companhia deste segmento a abrir capital na Bolsa brasileira.

CIRCULAR

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) vai implantar uma usina de reciclagem para produção de base asfáltica, a partir de resíduos de obras de saneamento. Assim, fica alinhada ao compromisso da economia circular, com foco em otimização e reaproveitamento de materiais.

Processo ocorreu por licitação e o consórcio vencedor, “Reintegrar”, investirá R$ 29,6 milhões ao longo de 30 meses. A companhia estima que deixará de depositar 150 toneladas/ano de resíduos em aterros sanitários.

CÂMARA

A Câmara Brasil-Alemanha (AHK Paraná) promoverá nesta 3ª, dia 10, live para debater o tema “ESG: os três fatores decisivos para a retomada econômica”. Estão confirmadas as participações de Cris Baluta, coordenadora do Grupo de Intercâmbio de Experiências em Meio Ambiente, e Augusto Michells, gerente regional, ambos da AHK Paraná.

O encontro está marcado para as 11h e é aberto a todos interessados: https://www.instagram.com/ahkparana

INCLUSÃO

A Universidade Zumbi dos Palmares, referência em inclusão e educação voltada à população negra, lança o portal Afroblack (www.afroblack.com.br) que funcionará como Marketplace para que, especialmente, empreendedores negros possam comprar e vender livremente, além de possibilitar networking para debater empreendedorismo.

Fundada em 2002, em São Paulo, tem o dr. José Vicente como reitor.

 
ARTIGO

Precificação de carbono no mercado: quais os benefícios?

(*) Gustavo Souza

Mudanças climáticas apresentam riscos e oportunidades para os negócios. Muitas empresas estão se comprometendo a tomar medidas para ficar à frente de riscos e aproveitar as oportunidades emergentes de baixo carbono. A precificação do carbono é um mecanismo chave para conter e mitigar os impactos das mudanças climáticas, da poluição dos gases de efeito estufa (GEE) e direcionar investimentos para alternativas mais limpas e mais eficientes.

Segundo estudo publicado originalmente no site The Conversation por Paul Burke e Frank Jotzo da Australian National University e Rohan Best da Macquarie University, países com precificação de carbono têm uma média de taxas anuais de crescimento de CO2 em torno de 2% abaixo de países sem precificação de carbono.

O preço do carbono revela o custo oculto da poluição por gases de efeito estufa. A TCFD – Task Force on Climate-related Financial Disclosures (Força Tarefa Sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima, em português) – criada em 2015 pelo Conselho de Estabilidade Financeira (FSB) para desenvolver divulgações consistentes de riscos financeiros relacionados ao clima para uso por empresas, bancos e investidores no fornecimento de informações aos stackeholders – determinou o preço do carbono como um rico material que as empresas devem considerar em suas decisões.

O CDP, organização internacional sem fins lucrativos que mede o impacto ambiental de empresas e governos de todo o mundo, tem seus questionários direcionados às empresas alinhados às diretrizes da TCFD, e tem trabalhado visando que o setor público e o privado incorporem o custo das emissões de carbono na estratégia e política de negócios.

Na América Latina, países como Argentina, Chile, Colômbia e México já possuem sistema de precificação de carbono e/ou sistema de comércio de emissões. O Brasil, embora tenha tido avanços em iniciativas em âmbitos governamentais, estudando o tema com mais intensidade nos últimos anos, ainda evolui na agenda para ter o mercado regulado de carbono revendo metas, compromissos internacionais e fazendo estudos analisando setores de energia, indústria e agropecuária, por exemplo. O país tem metas de reduções de GEE em 37% até 2025 e 43% até 2030, segundo as NDCs do país do Acordo de Paris.

Para o governo brasileiro, sob a perspectiva do Ministério da Economia e do projeto PMR, a adoção de um sistema de comércio de emissões passa por garantir a capacidade dos agentes de mercado em desenvolver mecanismos eficientes para promover a produtividade e competitividade nacionais, além de levar ao aumento de investimentos vinculados a tecnologias limpas no Brasil.

O PMR Brasil é o programa que tem por objetivo discutir a conveniência e oportunidade da inclusão da precificação de emissões no pacote de instrumentos voltados à implementação da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) no pós-2020. Estes instrumentos de precificação de carbono poderão complementar e tornar mais custo-efetivo o conjunto de medidas adotadas para alcançar os compromissos de redução de GEE que o Brasil assumiu internacionalmente, no âmbito do Acordo de Paris. 

Ainda que o país não tenha sistemas implementados, as empresas, por meio de uma estratégia de negócios alinhada ao clima, têm implementado a precificação interna de carbono para obter benefícios como uma gestão eficaz do risco de carbono e redução de emissões, fazer investimentos em energias renováveis e eficiência energética e para criar produtos e serviços.

Uma das ferramentas disponíveis para o mercado é o questionário do CDP. Desde 2019, a organização e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações – MCTI estão em fase de estruturação de um Acordo de Cooperação Técnica para apoiar a criação de um sistema de relato de emissões organizacionais no Sistema de Registro Nacional de Emissões – SIRENE. Esta plataforma irá apoiar na estruturação de um futuro sistema de MRV e na implementação de um sistema de comércio de emissões. O Acordo ainda prevê a realização de estudos, pesquisas e eventos, troca de experiências e nivelamento de questões relativas à elaboração de políticas públicas de longo prazo na área de mudança do clima e de reporte de emissões de gases de efeito estufa.

“Mais de 50 empresas no Brasil reportam que possuem essa ferramenta, seja para auxiliar na tomada de decisões estratégicas, redirecionar recursos para inovações em negócios e processos, se preparar para regulamentação e sistema de impostos ou direcionar investimentos para produtos de baixo carbono”, explica Lauro Marins, Diretor do CDP América Latina.

O número de empresas que divulgaram ao CDP que incorporam um preço interno do carbono em suas estratégias de negócios aumentou de 150 empresas globais em 2014 para mais de 627 empresas em 2019, confirmando a crescente necessidade da construção da precificação de carbono no mundo. 

(*) Gustavo Souza é Gerente de Políticas Públicas do CDP Latin America.

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