A despeito da crise do novo coronavírus que enredou o mundo, Jeff Bezos, à frente da sua gigante Amazon, não tem o que reclamar de 2020.
Com um modelo de negócio totalmente alinhado aos novos hábitos sociais que se configuraram desde que a pandemia de Covid-19 se consolidou, a empresa vem apresentando resultados cada vez mais surpreendentes.
Prova disso é que os resultados do trimestre superaram as expectativas dos investidores, tendo o lucro líquido por ação da Amazon chegado a inacreditáveis US$ 10,30, diante uma otimista expectativa de US$1,51.
E não para por aí. As cifras da Amazon estão cada vez mais superlativas. Entre abril e junho a receita da companhia foi de US$ 88,9 bilhões.
Para se ter uma ideia, a previsão dos especialistas do mercado financeiro era de um faturamento de US$ 81,24 bilhões no segundo trimestre deste ano.
Tudo isso considerando ainda gastos elevados em função da Covid-19. Apenas neste período foram US$ 4 bilhões do lucro estimado da empresa investidos em equipamentos de proteção individual, limpeza de instalações e aumento de salários dos funcionários.
A previsão é de mais US$ 2 bilhões no próximo trimestre para manutenção das medidas necessárias à contenção da doença.
Além dos serviços de e-commerce que ganharam fortes investimentos desde que a doença se instalou na China, Bezos ainda tem o Amazon Web Services, braço de computação em nuvem, cujo lucro chegou a US$ 10,81 bilhões entre abril e junho.
A causa do sucesso
Diversos fatores se somam para explicar o excelente desempenho da Amazon durante a crise.
Com as relações de compra e venda totalmente mediadas pela tecnologia, as empresas de e-commerce atendem à demanda de consumo sem sair de casa.
E essa é uma tendência que parece ter vindo para ficar. Mesmo nos países que estão tentando retomar as atividades, ainda há a necessidade de compras on-line porque a livre circulação nos moldes que conhecíamos ainda está limitada.
O serviço de armazenamento em nuvem também foi impulsionado pela pandemia que forçou empresas a criarem condições necessárias para o trabalho remoto.
Cenário que não deve mudar muito pelo menos até a descoberta da vacina e a consequente imunização efetiva da maioria da população mundial.
Sendo assim, o e-commerce que já era uma atividade em ascensão, vai se consolidando como prática corriqueira na vida das pessoas.
Uma consequência direta desse fenômeno é a constante valorização das ações da Amazon na Nasdaq, a bolsa de valores norte-americana que negocia os papéis de empresas do setor tecnológico.
Até o dia 31 de julho, a gigante do e-commerce já tinham valorizado 66,7% no ano.
Gestão estratégica
Tudo isso contribuiu, mas o sucesso da Amazon se deve também a um modelo de gestão estratégico e à rapidez no controle da crise logo nos primeiros sinais.
Jeff Bezos foi rápido em garantir estoque quando a Covid-19 ainda estava concentrada na China, seu principal fornecedor.
Paralelamente, enquanto o varejo promovia demissões em massa, e fechava lojas, o e-commerce contratou 100 mil pessoas para atender ao aumento da demanda durante a quarentena.
O empresário também foi sagaz ao mudar o rumo do seu negócio, focando em produtos que atendessem ao que estava em alta no momento. Ou seja, os itens essenciais como medicamentos, produtos de uso doméstico e outros.
E é assim que Bezos se mantém no posto de homem mais rico do mundo, quebrando seu próprio recorde com um patrimônio avaliado em US$ 189 bilhões.
Projeções
De acordo com o anúncio feito pela companhia, a expectativa é de que o terceiro trimestre traga lucros entre US$ 87 bilhões e US$ 93 bilhões em vendas líquidas.
Caso a projeção se concretize, a empresa de Jeff Bezos chegará ao final do período com um crescimento entre 24% e 33%.
Nada mal, mas não é só isso. Há ainda a previsão de uma receita operacional de US$ 2 bilhões a US$ 5 bilhões.
É aguardar cenas dos próximos capítulos para ver se esses resultados serão alcançados. Mas sabendo do panorama geral da Amazon durante a crise, dá para acreditar que tudo sairá como Bezos espera. Quiçá, melhor.