As oposições (sim, são vários movimentos, coordenados ou não) ao governo Bolsonaro sempre estão buscando um fato para tentar enfraquecê-lo, desestabilizar sua trajetória.

Ora são jornalistas militantes (e como tem por aí), classe média elitista e preconceituosa, alguns intelectuais de “butiquim”, a acharem que o Brasil não merece ser governado por esta turma, professores de Universidades Públicas, a acharem que este governo é contrario a eles, militantes, sindicalistas que perderam a mamata do imposto sindical e políticos de “partidecos” de esquerda (Psol, PC do B, etc), estudantes, etc.

Enfim, são vários grupos, contrários pelos mais variados motivos.

Quando não estão tentando “derrubar” o presidente, tentam desestabilizar seus ministros, seus filhos, quadros mais próximos, argumentando que até os bastidores das casernas estão desconfortáveis. É uma histeria que torna difícil a governabilidade. Muitos destes argumentam que o governo é autoritário, por ter conjecturado sobre o AI5, mas como tocar o barco com esta sucessão de intrigas a minar?

Um lado deste embate surge da necessidade de rotular certos personagens protagonistas da cena nacional, como o ministro da Economia, Paulo Guedes. São rotulações com viés ideológico, algo muito usual no passado recente.

Guedes se denomina como um liberal democrata. Argumenta que os heterodoxos governaram o País por 16 anos e todos sabemos o que entregaram. Agora, que deixem os liberais mostrarem a que vieram. Nos debates, o chamam também de liberal, conservador, direitista respeitoso (ou não), (des) honesto intelectualmente, como se fosse possível restringir, um cidadão que seja, a este reducionismo, a esta definição simplista. Tenho lá as minhas dúvidas.

Paulo Guedes se formou na Universidade de Chicago, maior geradora de Prêmios Nobels de Economia da história. Fez lá mestrado e doutoramento, depois de cursar a FGV do Rio de Janeiro. Foi um período nem profícuo de vida acadêmica. Deu aula nas melhores universidades de economia do País, PUC do Rio de Janeiro e FGV, pelo EPGE.

Isso, como dizem os patrícios aqui em Portugal, deveria ser visto como uma “mais valia”. Atuou na sua breve vida acadêmica nas melhores instituições, na fronteira do conhecimento. A FGV, pelo EPGE, vem sendo eleita o melhor mestrado do País, o mesmo acontecendo com o PUC. A Chicago University, por exemplo, sozinha, já conquistou mais de 50% de todos os prêmios nobels da área econômica. É de longe a maior vencedora.

Estamos falando de prêmio Nobel! Não é qualquer coisa!!

Segundo um amigo do meu grupo (Economia Plural, do Facebook) da Universidade de Chicago temos o economista brasileiro José Alexandre Sheikmann, muito respeitado nos EUA, tendo ocupado a lendária cadeira que foi do Milton Friedman. Hoje, depois de passar pela Princeton University, parece que está na Colúmbia University. É um nome com bom trânsito nos meios acadêmicos americanos.

No entanto, toda esta meritocracia é vista como um desvio de personalidade, uma deturpação, “escola do Milton Friedman”, “chicago’s boy”. “Foram estes que acabaram com a economia chilena, aliados do Pinochet, etc, etc.” Discordo totalmente. Os economistas de Chicago estabilizaram a economia chilena por décadas. Fizeram todas as reformas essenciais e inevitáveis, embora muitas adiadas por anos.

Problemas de prumo podem ter se tornado inevitáveis. Ajustes, nestes casos, são sempre necessários. Se nada é feito, crises podem acabar ocorrendo. No entanto, os protestos violentos em Santiago, nas ultimas semanas, não apagam o que foi feito de correto. Muito se comenta que o regime previdenciário chileno, de capitalização, não resolveu o problema da renda mínima dos reformados. Outro detalhe, no caso chileno, no entanto, foi que a social democracia (a centro esquerda) governou o País por mais de 18 anos, depois da ditadura de Augusto Pinochet. Por que não mudaram nada ??

Bom. Querem chegar a conclusão q os economistas de Chicago fracassaram. Dizem que o mesmo deve acontecer no Brasil, na Argentina também…etc, etc…

Tudo isso é de uma torpeza, uma bobagem sem igual.

As teorias heterodoxas também possuem suas fragilidades.

A tola tese de q basta aumentar as despesas, esperar a economia reagir, para as receitas também aumentarem e “cobrirem” estes rombos, possui muitos senões. Isso porque as expectativas, o ambiente econômico não é levado em consideração. Estímulos pelo lado da demanda, também não possuem todas as respostas. Lembremos do esforço no governo Dilma, quando R$ 550 bilhões foram injetados pelos canais de crédito. Parece-me algo preguiçoso, ajustes pelo lado da oferta também são necessários. Na verdade, as intensidades para ambos os lados precisam ser dosadas, tanto pela oferta, como pela demanda.

Além do mais, gestão pública significa responsabilidade e não frouxidão. Capacidade de financiamento de dívida precisa estar atrelada à credibilidade do agente público, ao “estado da economia” e ao “ambiente de negócios”.

Os rótulos precisam ser repensados, assim como certos reducionismos. Nada é tão simples quanto parece.

Os heterodoxos foram poder e estiveram nas principais esferas de tomada de decisão da economia brasileira por 16 anos. Como resultado, só produziram desastres. Lembremos do aloprado do Arno Augustin do Tesouro, na gestão Dilma, Guido Mantega, batendo de frente com Henrique Meirellles, na minha opinião, um dos melhores presidentes de Bacen da história recente.

Os fatos estão ai. A história é clara. Deturpá-la, sim, na minha opinião, é desonestidade intelectual…

Julio Hegedus Netto, mestrando em Évora, Portugal.

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