No último domingo, 19, comemoramos o dia mundial do Empreendedorismo Feminino. É inegável que o empreendedorismo feminino no Brasil está em ascensão, mas não podemos ignorar todas as barreiras enfrentadas diariamente pelas mulheres que decidem trilhar esse caminho, especialmente aquelas que além de CEO’s também assumem um papel tão importante e fundamental, o de MÃE.
Os dados da última pesquisa do Sebrae nacional divulgados no dia 19/11/2023 revelaram uma
realidade que merece nossa atenção e reflexão. De acordo com a pesquisa, hoje no Brasil nós somos mais de 10,3 milhões de mulheres donas dos seus próprios negócios. Segundo as estatísticas, as mulheres que são micro e pequenas empresárias além de todo o tempo dispendido com o negócio, ainda investem, em média, três horas diárias em cuidados com os familiares, sejam filhos ou idosos, uma cifra que contrasta com apenas 1,2 hora diária dedicada pelos homens.
Essa disparidade ressalta a presença marcante da chamada dupla jornada (ou seria tripla???), uma equação desafiadora que, por vezes, se traduz em sobrecarga e exaustão. Empreender no Brasil não é para amadores, mas empreender quando se é MULHER e MÃE é ainda mais desafiante, diria até que uma completa odisseia.
Quem cuida de quem cuida?
A necessidade de conciliar os negócios com os afazeres domésticos e os cuidados com os filhos ou idosos da família muitas vezes coloca as mulheres em uma posição delicada, onde a sensação de sobrecarga é uma constante que bate à porta, afinal: Quem cuida de quem cuida? Essa sobrecarga, por sua vez, reflete diretamente nos empreendimentos, como aponta a pesquisa: “73% das mulheres entrevistadas concordaram que enfrentam mais dificuldades para gerir um negócio, uma vez que precisam dispensar mais tempo aos cuidados com a casa e a família em comparação com os homens”.
A maternidade, no entanto, emerge como uma poderosa fonte de inspiração para as empreendedoras. Dos dados revelados, 67% das mulheres que estão à frente de seus próprios negócios são mães, demonstrando que a decisão de empreender muitas vezes está conectada ao desejo de criar um legado para seus filhos e proporcionar-lhes um futuro melhor.
Enfrentar a discriminação
Por fim, a pesquisa também lança luz sobre um aspecto doloroso da jornada empreendedora feminina: A discriminação. Alarmantes 42% das empreendedoras afirmam já terem enfrentado ou conhecerem mulheres que sofreram discriminação em algum momento de suas trajetórias. Esse dado não apenas ressalta a persistência de desigualdades de gênero, mas também reforça a necessidade urgente de transformação em nossas estruturas sociais.
E é nesse cenário, que mulheres e mães saem todos os dias para conquistar seus sonhos, motivadas para construir e impactar a vida de outras pessoas, então é crucial que, como sociedade, nos mobilizemos para construir um ambiente mais igualitário, para que as mulheres possam desfrutar dos mesmos privilégios, oportunidades e reconhecimento.
E você pode me perguntar: como podemos fazer isso? Nós precisamos apoiar outras mulheres no empreendedorismo, o apoio a outras mulheres não é apenas um ato de justiça, mas também um investimento na construção de um futuro mais equitativo e próspero para todos. Ao compartilhar histórias, celebrar as conquistas e enfrentar os desafios de frente, estamos pavimentando o caminho para uma sociedade empreendedora onde cada mulher possa tocar seus negócios, livre das amarras da desigualdade.
Eu não acho que seja utópico. Juntas, podemos construir um futuro onde o empreendedorismo feminino seja mais um pilar do desenvolvimento da nossa economia. Num país onde mais de 10 milhões de mulheres empreendem, nós estamos sim movimentando a economia e gerando renda, realizando negócios que melhoram a sociedade, impactam a vida das pessoas e são um modelo inspirador para as gerações futuras.
Por Aline Yamada, mãe, advogada, empreendedora, pós- graduada em Direito empresarial e societário pela FMU. Possui MBA em informação, inovação e tecnologia para negócios pela UFSCar. Mentora de negócio na Inova CPS e Mentores do Brasil. Fundadora da lawtech Juridtech e CEO da Startup Marias S/A uma Edtech de impacto social para capacitação de mulheres, empregabilidade e transformação de negócios.