Para quem vivencia a sustentabilidade, a pesquisa “Panorama ESG Brasil 2023” da AMCHAM-Câmara Americana de Comércio para o Brasil é um prato cheio. Foram ouvidas mais de 500 empresas, identificados estágios do ESG e apontados caminhos, como a necessidade da educação corporativa – conforme destaca o consultor Ricardo Voltolini, uma vez que “somente 20% admitem ter conhecimento do assunto”.
O fato é que todos querem sair bem na foto (61% pretendem fortalecer a reputação e 57% esperam gerar impactos positivos ao anunciar a política ESG), mas apenas 40% do universo pesquisado (574 organizações, das quais 70% são de grande porte) afirmaram que as práticas adotadas visam a redução dos riscos ambientais, sociais e de governança.
A pesquisa “é, ao mesmo tempo, rica e preocupante” – define Tarcila Ursini, conselheira de várias empresas. Já na opinião de Onara de Lima, head de sustentabilidade da CCR, “não há caminhos curtos ou atalhos para se construir uma empresa sustentável”.
Realizada nos meses de março e abril últimos, em parceria com a empresa Humanizadas, a pesquisa é 100% atual e pode orientar várias ações às companhias (abertas, em especial).
LIDERANÇA
Ainda sobre a pesquisa da AMCHAM, 82% reconhecem a agenda como coletiva, mas esperam liderança e protagonismo dos CEOs.
Das 574 pesquisadas (que, somadas, representam faturamento anual de R$ 762 BI) 75% atingiram maturidade ou buscam reinventar o modelo de negócio.
Por atividade, 52% dedicam-se a serviços, 31% indústria, 9% tecnologia, 5% varejo e 3% ao agro.
GOVERNO
As companhias – cuja maioria localiza-se em São Paulo (40%), Campinas (13%), Porto Alegre (7%), Curitiba (7%), BH (7%) e Rio (5%) – entendem que é seu papel investir em educação corporativa mas esperam incentivos do governo, a fim de estimular as práticas ESG.
ACELERA
Para Andrea Moreira, consultora e professora de sustentabilidade, “durante e depois da pandemia, as grandes empresas aceleraram a adoção das práticas ESG. Já as médias corporações não tiveram disposição e tempo ao longo das últimas décadas para desenvolver maturidade e integrar as práticas ESG no planejamento estratégico e negócio, por isso, o processo ainda está em desenvolvimento tanto no âmbito interno quanto externo”.
D&IN
Diversidade e Inclusão é tema obrigatório no mundo corporativo. Assim, o Instituto Ethos realizou sua segunda pesquisa e descobriu que 47,7% das empresas (de um total de 199) monitoram a relação entre o maior salário e a média dos demais empregados.
METAS
A pesquisa Ethos, em parceria com uma revista de circulação nacional, apurou que 32,6% das entrevistadas têm metas para equilibrar a proporção de negros e brancos conforme o perfil demográfico regional. Na sistematização do trabalho, 75,9% afirmam eliminar a diferença injustificada entre brancos e negros.
No aspecto homem-mulher, 66,3% das empresas afirmam buscar a redução de diferenças entre gêneros quando exercem a mesma função. Além disso, 43,2% das pesquisadas garantem priorizar mulheres nos planos de sucessão das áreas fundamentais do negócio. Nas respostas, 53,3% informam ter fixado metas para que mulheres ocupem o mínimo de 30% dos cargos até 2030.
FAMILIAR
Ainda sobre Diversidade & Inclusão, o advogado, conselheiro de administração e colunista deste Portal, Robert Juenemann fará a palestra “A Visibilidade do Invisível: Diversidade e Inclusão na Empresa Familiar”, no dia 1º de junho próximo.
Ele participará do 16º Encontro Nacional de Famílias Empresárias, da FBN (The Family Business Network), que acontecerá nos dias 30 e 31 deste mês e 1º de junho, em São Paulo (https://lets.events/e/xvi-encontro-nacional/).
MARKETING
A ESPM, escola de negócios, realizará no dia 24 deste mês a primeira edição do Marketing SquAD–marketing e diversidade com o tema “O Marketing e o seu papel na responsabilidade social do mercado”.
Proposta é levar pequenos grupos (squads) para discutir temas relevantes do mercado, com a participação de gestores de grandes marcas, conectando diferentes grupos, consideradas as particularidades de cada um.
“A diversidade deixou de ser apenas um recurso de marketing que busca melhorar a imagem de uma marca, de acordo com nichos específicos; ela hoje entende cada vez mais os clientes e seu mundo”, sintetiza o professor Diego Oliveira.
RECICLAGEM
A 3ª edição do Vidrado – projeto que promove o descarte correto das embalagens de vidro – coletou 36 toneladas de materiais durante o último verão em Caraíva, paraíso turístico no sul da Bahia. A iniciativa, promovida pela Solos, startup de impacto socioambiental, e pelas empresas Inner e cervejaria Heineken®, investe na conscientização de turistas e moradores (inclusas comunidades indígenas), na implantação de coletores sinalizados e na coleta porta a porta.
Garrafas de vidro de bebidas como cervejas, destilados e vinhos, potes de conserva e copos quebrados são alguns dos tipos de materiais que o projeto coleta, tendo 95% de adesão de residentes e empreendimentos locais. Os resíduos são coletados de quadriciclo, único veículo motorizado permitido a trafegar pela região.
Desde 2020, o Vidrado já arrecadou mais de 80 toneladas de resíduos de vidro, produzindo mais de 266 mil novas garrafas e contribuiu, somente neste ano, para a redução de 115 MWh de consumo energético, o suficiente para abastecer uma casa por dois anos.
LATAS
No último 17 foi celebrado o “Dia Internacional da Reciclagem”, data que destaca a importância da gestão adequada dos resíduos sólidos e sua transformação em recursos. E o Brasil é campeão no assunto, quando se trata da reciclagem de latinhas de alumínio.
Segundo dados da Recicla Latas, entidade responsável pelo programa de aperfeiçoamento da reciclagem, o país reciclou 98,7% das unidades disponíveis no mercado em 2021, ou seja, 33 bilhões de latas de alumínio para bebidas. Na ponta do lápis, a reciclagem de uma tonelada de alumínio economiza 95% de energia elétrica e evita a extração de 5 toneladas de bauxita, matéria-prima para a obtenção de alumínio.
CAPTURA CO2
Qual o potencial da captura e armazenamento de CO2? Este foi o título do texto de abertura da coluna anterior (https://acionista.com.br/qual-o-potencial-da-captura-e-armazenamento-de-carbono/) e, nesta, o estudo inédito da CCS Brasil – organização sem fins lucrativos que visa estimular as atividades ligadas à Captura e Armazenamento de Carbono – responde.
O Brasil possui um potencial de captura de CO2 que pode chegar a quase 200 milhões de toneladas/ano, representando cerca de 12% do total de emissões de carbono no Brasil anualmente.
“Se o país conseguir, de fato, colocar esses projetos de descarbonização em prática, isso nos colocaria entre os líderes mundiais na captura de carbono e no combate ao aquecimento global”, explica Nathalia Weber, engenheira e cofundadora da CCS Brasil. Estes e outros dados são parte do 1º Relatório Anual da CCS no Brasil.