O relatório da Unica, divulgado na semana passada, contribuiu para a tendência de inversão dos spreads mais próximos N23/V23 e V23/H24, trazendo mais um forte resultado quinzenal. Também na semana passada, o mercado começou a considerar a ideia de que o TCH poderia se recuperar mais do que o esperado.
“Claro, ainda temos previsão de chuvas para o segundo semestre de 2023, o que pode limitar o ritmo de moagem, mas qualquer boato de maior disponibilidade de cana da força a tendência baixista no curto prazo”, diz Lívea Coda, analista de açúcar e etanol da hEDGEpoint Global Markets.
A analisa ressalta que não apenas isso, mas a valorização do BRL em relação ao USD, combinada com uma queda geral no quadro de commodities na quarta-feira, contribuiu para o fortalecimento desta tendência.
O volume entregue referente ao vencimento do contrato de julho foi de 412kt. Como foi inferior a expectativa de alguns agentes do mercado, a entrega tem dado suporte ao contrato outubro.
“No entanto, devemos lembrar que a inversão entre outubro e março deve durar um pouco mais. Embora o clima indiano tenha melhorado na semana passada, o mercado ainda aguarda os resultados de julho – o principal mês para o desenvolvimento da cana na região. Além disso, também já discutimos há algum tempo que seus estoques estão baixos e os preços domésticos sustentados, levando a exportação a ser uma decisão política”, diz.
De acordo com a analista, a Índia não é o único país do Hemisfério Norte a ser monitorado. Tailândia, França, Alemanha, México e muitos outros oferecem notas de incerteza em termos de disponibilidade do adoçante. Enquanto isso, o Brasil deve manter o bom ritmo de moagem em julho. As previsões do tempo parecem boas e as usinas aproveitarão a oportunidade, suavizando os fluxos comerciais até que o produto do Hemisfério Norte seja solicitado pelo mercado.
“A combinação dessas duas tendências, incerteza do Hemisfério Norte e Brasil acelerando a moagem, é a combinação perfeita para pressionar o spread outubro 2023/março 2024”, afirma.