A desaceleração da China e a queda do minério de ferro têm afetado o setor de mineradoras e siderúrgicas, dadas as perspectivas de um ambiente macroeconômico desafiador.

Com esse cenário, companhias como a Vale (VALE3) acumulam uma queda de -8,6% desde o pico em março até o valor de fechamento de terça-feira, 6. No ano, a redução é de -5,13%.

Do lado das siderúrgicas, vemos que a ação da CSN (CSNA3) acumula queda de -33,5% no ano, enquanto a CSN Mineração (CMIN3) registra perdas de -30,5%.

Desaceleração na China

Fabiano Vaz, analista de ações da Nord Research, diz que “a queda dos preços do minério de ferro tem relação com a desaceleração da economia chinesa, prejudicada pelos bloqueios chineses para conter a Covid-19 e pela crise imobiliária, que estourou no ano passado com a Evergrande, o que reduziu a demanda de siderúrgicas chinesas pelo minério de ferro”.

Preços do minério de ferro

Com preocupações com bloqueios na China impactando a demanda por metais, segundo dados do Trading View e Operadore, os contratos futuros do minério de ferro em Cingapura variaram -1,94%, cotado a US$ 106,10 por tonelada nesta quarta-feira, 7. Na Bolsa de Dalian, o minério fechou em baixa de -1,92%, a US$ 109,59.

Por que isso é relevante?  

Para as mineradoras, a demanda chinesa é a grande responsável pela movimentação dos preços dos minérios. No caso das siderúrgicas, a dinâmica é diferente, uma vez que o grande comprador de metais (especialmente aço e alumínio) dessas indústrias é o mercado brasileiro.

Vale ressaltar que, por se tratar de uma commodity, os preços praticados no Brasil são baseados nos preços internacionais.

Como acompanhar o setor

Os dados de atividade chinesa são termômetro para o desempenho das ações do setor de mineração e de siderurgia.

“Na China, o setor de construção é o grande consumidor das commodities metálicas. Por isso, o investidor deve estar muito atento a alguns indicadores, como: (i) estoque de minério e aço; (ii) dados do setor chinês de infraestrutura e imobiliário e (iii) investimentos em ativos fixos e produção industrial. Assim, é possível entender a dinâmica de resultados de curto e médio prazo. Para o longo prazo, recomendamos entender: (i) o crescimento da economia chinesa; (ii) a atuação do Estado na economia e suas políticas sociais e (iii) o comportamento da “nova” classe média chinesa”, disse o analista.

O que mais afeta o mercado?

Apesar de a China ser o principal driver para as commodities metálicas, o investidor também precisa se preocupar com o cenário global, pondera Vaz. 

“No passado recente, poderíamos dizer com mais tranquilidade que a China conseguiria sustentar o crescimento do mundo sozinha, hoje provavelmente não. Estar atento a aspectos globais também é relevante, por exemplo, monitorar os impactos provocados de um lado pela pandemia da Covid-19 e de outro pela guerra na Ucrânia [que causou um choque de logística e escassez nas produções]”, conclui.

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