Abramilho
Foto: Abimaq/Divulgação

O mercado espera uma safra recorde de grãos, com previsões da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) de alta de 5,5% na safra de milho, para 122 milhões de toneladas.

Porém, mesmo em meio a esse cenário de otimismo, o presidente da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo), Paulo Antonio Bertolini, afirma que o país poderia estar produzindo mais.

“O Brasil já produziu mais de 130 milhões de toneladas de milho, na safra 2022/23. E a gente tem potencial pra produzir muito mais que isso”, comenta Bertolini. Para ele o país pode maximizar a produção utilizando tecnologia e aproveitar grandes oportunidades, como o desenvolvimento das usinas de etanol de milho.

“O Brasil tem um potencial pra produção de milho em todos os municípios do país, em todos os níveis tecnológicos, em qualquer tamanho de propriedade”, destaca.

O dirigente destaca, também, que as tarifas dos EUA à China podem ser uma grande oportunidade para o milho brasileiro, uma vez que o país asiático deve fazer retaliações às taxas buscando fornecedores do grão fora dos EUA.

Confira a entrevista

Pode falar um pouco da sua trajetória e como chegou à presidência da Abramilho?

Bom, na verdade, eu sou agricultor. A nossa família lida com Agro a vida inteira. Eu sou a quarta geração no Brasil, desde que meu bisavô veio da Itália, trabalhando com a agricultura. E, em 2007, eu fui um dos sócios-fundadores da Abramilho.

E, ao longo desse período, eu fui presidente também da Maizall, que é a Aliança Internacional do Milho, que reúne o Brasil, os Estados Unidos e a Argentina. Esses três países são responsáveis por 50% da produção mundial de milho e 80% do comércio internacional. E eu fui o presidente dessa aliança de produtores. E agora, desde o ano passado, presidente da Abramilho.

Então foi mais ou menos assim a minha vida inteira. De gerações ligadas ao Agro, e sempre envolvido com as temáticas que acabam interferindo no dia a dia do Agro. A Abramilho trabalha na defesa dos agricultores brasileiros. E essa defesa é por acesso a novas tecnologias, em especial biotecnologia, a defensivos modernos. Na defesa também ao direito de propriedade, ao direito do uso da terra e também com pautas que envolvem mercado internacional.

Quando a gente participa da Maizall, dessa aliança, a gente também está focado junto com esses países, trabalhando pelo livre mercado internacional, sem obstáculos comerciais.

E quais foram as principais atividades da Abramilho no último ano?

Na verdade, a gente tem trabalhado muito na defesa. Porque a gente tem percebido uma ação contrária ao Agro por parte de setores do governo, em ataque, em desestabilização ao Agro. Então a gente tem defendido os avanços que a gente conseguiu nos últimos anos.

Como você avalia o desempenho do país na última safra de milho e sorgo?

A safra do ano passado passou uma frustração em função de questões de clima. O Brasil já produziu mais de 130 milhões de toneladas de milho, na safra 2022/23. A gente tem potencial pra produzir muito mais que isso.

Tem espaço pra crescer no milho e isso pode ser alcançado tanto por um aumento na área plantada quanto pelo uso de tecnologia. Com a tecnologia, o produtor começa a produzir mais milho na mesma área.

Existe, por exemplo, um programa chamado Prospera, no Nordeste Brasileiro, que leva tecnologia pra agricultores de subsistência. Uma vez que eles aderem a essa tecnologia, usando sementes melhoradas e produzidas através de biotecnologia; a adubação correta; a mecanização adequada… Eles multiplicam a capacidade de produção deles.

Então, temos dados aí, são mais de 6 mil produtores integrados nesse programa, saindo em torno de 900 a mil quilos de produtividade por hectare pra 8, 9 mil quilos de produtividade em apenas dois anos. Isto em áreas bastante arenosas, de pouquíssima chuva. Áreas com 300, 400 milímetros de chuva no período do plantio.

Mas com essa biotecnologia, com essas variedades adequadas, o manejo, a técnica ensinada a esses produtores de subsistência, eles passaram a ter uma sustentabilidade maior. Eles passaram a ter uma sustentabilidade ambiental. Então, isso mostra que o Brasil tem um potencial pra produção de milho em todos os municípios do país, em todos os níveis tecnológicos, em qualquer tamanho de propriedade.

Outro fator que tem sido muito importante para o crescimento do milho, e que dá para o milho um potencial de crescimento muito grande, ao ponto de a gente afirmar que o Brasil vai ser conhecido como o país do milho no futuro, e vai se produzir mais milho do que soja, em termos de volume, é o fato da construção das usinas de etanol a partir de milho. E sorgo também, algumas delas também processam sorgo.

Essas usinas de etanol revolucionam a agricultura, porque o milho precisa de uma logística bastante eficiente para ele ser viável. Então, aquele consumidor de milho, no local que tem deficiência de infraestrutura, ele acaba tornando aquele milho viável de ser produzido.

E a usina de etanol também traz modelos de comercialização de milho e liquidez para esse milho, diferente do que quando elas não existiam.

O post Abramilho: mesmo com projeção de alta, safra poderia ser maior apareceu primeiro em BPMoney.

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