Adotar medidas imediatas de adaptação climática ou mitigar os efeitos das emissões de gases de efeito estufa? A escolha dos gestores de capitais nordestinas recai sobre a primeira alternativa, elegendo investimentos em saneamento e drenagem para se diminuir os impactos de enchentes. Paralelamente, os prefeitos da região constroem grandes e vistosas barreiras, com rochas, para impedir o avanço das águas sobre as paradisíacas praias do Nordeste brasileiro. A segunda opção, menos visível mas igualmente importante, seria a diminuição das emissões de gases (proposta considerada um dos pontos altos da COP26, estabelecendo regras e procedimentos ao mercado de carbono, vide o famoso artigo 6º do Acordo de Paris) mas isto ficará para depois…
A conclusão é parte de um trabalho conjunto entre a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade de Campinas (Unicamp), de SP, intitulado “Pensando no hoje e no futuro: iniciativas de mudanças climáticas nas capitais do Nordeste do Brasil”e assinado pelo pesquisador Rylanneive Teixeira. Ele, que foi entrevistado pelo Jornal da USP, diz que a escolha desse recorte regional deve-se à alta vulnerabilidade climática e condições socioeconômicas da região Nordeste.
De acordo com a pesquisa, dos municípios analisados, Maceió (AL) é o que apresenta as piores condições com notória escassez de políticas públicas com vistas a questão climática. Já Salvador (BA), Recife (PE) e Fortaleza (CE) são as cidades mais avançadas, com as questões do clima contempladas nas agendas de governo e, por consequência, maior número de iniciativas implementadas.
Ainda no texto apresentado – com participação de outros pesquisadores – é destacada uma certa limitação dos municípios no quesito emissão de gases, porque ações mitigadoras passam, obrigatoriamente, pela matriz energética – definida por políticas estaduais e federal. Entretanto, frisa o “paper”, o Poder Público Municipal tem autoridade para intervir de forma mais direta, como estimular a eficiência energética junto à cadeia de consumidores, bem como incentivar prosaicas trocas de lâmpadas e aparelhos por versões mais atuais, com menos consumo de energia. É factível, e também desejável, criar-se mecanismos de proteção à biodiversidade, hortas urbanas e planos de gestão integrada para os resíduos sólidos.
Fica aí a orientação acadêmica para os prefeitos mão-na-massa não só do Nordeste, mas de todo o país.
ATERRO ZERO
A (complicada) questão dos chamados aterros sanitários não é nova, mas dia a dia o cerco se fecha e é preciso resolver isto “para ontem”. De acordo com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, a coleta seletiva no Brasil é inexpressiva. Apenas 22,5% dos 5.568 municípios têm algum tipo de coleta, 40,6% não têm e o restante sequer apresenta alguma informação a respeito.
Resumindo, de cada 10 quilos descartados, somente 470 gramas seguem para a coleta seletiva, além do que estima-se que o governo brasileiro gaste aproximadamente R$ 1,5 bi/anual com doenças relacionadas à destinação incorreta de resíduos.
CIRCULAR
Ainda sobre aterro zero, o grupo Polar anuncia nova estratégia com vistas a intensificar a gestão de resíduos, através de produtos refrigerantes para transporte de insumos que requerem tempo e temperatura controlados. O gelo-espuma, por exemplo, cria condições para aumentar o final de ciclo de produtos, coincidindo com o início de uma cadeia produtiva dentro da economia circular.
É esta uma forma de colaborar com empresas que visam a meta do aterro zero, explica a companhia, que aposta forte em uma nova área, batizada de socioecoeficiência.
CIRCULAR 2
Já imaginou se embalagens recicláveis, que seriam descartadas, pudessem ser revertidas em recarga de vale transporte e celular pré-pago, bônus na fatura de energia elétrica ou desconto em livrarias? Para responder a pergunta, pragmaticamente, a Ambev e a Triciclo-Ambipar instalam 10 máquinas na cidade de São Paulo para troca de embalagens por serviços e créditos.
Participar do programa é simples. Basta criar uma conta digital, gratuita, pelo site www.triciclo.eco.br ou pelo aplicativo Triciclo (iOS e Android). Depois, basta depositar as embalagens na máquina para começar a pontuar e receber tricoins, os pontos de troca dos benefícios. A Retorna Machine recolhe todos os tipos de materiais recicláveis como plástico, vidro, alumínio, aço e embalagens longa vida. As máquinas estão dispostas, entre outros lugares, no Terminal Metropolitano do Jabaquara e Estação República do Metrô.
GESTÃO
A Ambipar Environmental Latam (antiga Disal), controlada do grupo brasileiro Ambipar e que opera no Chile, anuncia a construção do Projeto GIRI na capital, Santiago. Trata-se de uma planta de classificação, pré-tratamento e preparação para reciclagem e valorização de resíduos com capacidade de 60.000 toneladas/ano.
De acordo com a empresa, o faturamento líquido é estimado em USD 8 milhões e margem EBITDA potencial de 70% a.a. O investimento total do projeto será de USD 18 milhões e a entrada em operação está prevista para o início de janeiro de 2023.
VALORIZAÇÃO
No encerramento da semana, de 17 a 22, a Bolsa brasileira apurou ganho de 1,88%. A este resultado soma-se a performance da semana anterior, de 10 a 15, com valorização de 4,1%. Nada mal em um período de tantas indefinições internas (orçamento da União, variante da Covid, eleições) e externas (juros do FED, da China, tensão na Ucrânia, preço do petróleo etc).
ENERGIA
A B3 já oferece aos agentes do mercado livre de energia a Boleta da B3, plataforma online para a formalização de contratos das contrapartes de forma 100% digital.
Por meio dessa plataforma, após fecharem os parâmetros de negociação, uma das partes envolvidas na operação insere tais dados, de forma confidencial, as contrapartes assinam digitalmente um contrato padrão de forma rápida, segura e sem burocracias.
Até aqui um grande volume de contratos do mercado de balcão ainda é negociado por telefone.
EQUITY
Os aportes dos fundos de Private Equity e Venture Capital em empresas brasileiras alcançaram R$ 53,8 bilhões em 2021. Informação é extraída de pesquisa conjunta realizada pela KPMG e Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP). O número é 128% maior sobre os R$ 23,6 bilhões investidos em 2020.
Do total desses investimentos em 2021, R$ 46,5 BI destinaram-se a startups brasileiras. Registre-se uma participação crescente (+219%) neste segmento, já que em 2020 foram R$ 14,6 BI.
“Os números mostram que seguimos impulsionando o empreendedorismo brasileiro. O Venture Capital tem se destacado diante de uma enorme onda de inovação iniciada pela geração mais empreendedora da nossa história”, enfatiza Piero Minardi, presidente da ABVCAP.
PRIVATIZAÇÃO
A Eletrobras convocou Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para deliberar sobre a privatização da companhia. Evento está marcado para o dia 22 de fevereiro, no formato digital.
Como o Carnaval está adiado para o feriado de 21 de abril (data de Tiradentes), em razão da pandemia, há folga para as companhias trabalharem em fevereiro e março próximos.
BOND
Pra quem perdeu a notícia: o Bradesco fez sua primeira emissão de Sustainable Bond, atrelado a critérios socioambientais, no valor de US$ 500 milhões. A captação, internacional, tem prazo de 60 meses e cupom de 4,375% a.a.
SILÊNCIO
A propósito, o Bradesco entra em período de silêncio a partir desta segunda, 24, seguindo assim até o dia 08 de fevereiro, quando divulgará os resultados do 4T21, logo após o fechamento de mercado.
GUARDA
Já se especulam nomes no mercado, mas nenhum ainda confirmado para assumir a Comissão de Valores Mobiliários a partir do segundo semestre. O presidente Marcelo Barbosa, no cargo desde 2017, fica até julho, para a troca de guarda na rua Sete de Setembro, centro do Rio.
Do ponto de vista administrativo, o sucessor vai encontrar “uma bucha”: gerir o orçamento (encurtado) de R$ 12,7 Milhões para este ano, com um crescente volume de trabalho.
PETROTAXA
Criar um Fundo, para formar um “colchão” na volatilidade, ou uma estonteante Taxa de Exportação para o Petróleo? Este é um dos dilemas do governo, cujos debates ainda deverão render muitas conversas – e testes! – neste 2022.
O certo é que em ano eleitoral o presidente quer baixar o preço da gasolina, flutuando ao sabor do mercado internacional do petróleo, mas ainda não encontrou a fórmula.
INFLAÇÃO
A pandemia, como todos sabemos, desorganizou a economia em todo o mundo. A taxa de inflação é um dos bichos feios criados pelo vírus da Covid-19.
Para quantificar essa feiúra toda, o professor/consultor do mercado de capitais Oscar Malvessi fez uma continha rápida. Somente no último ano, o Brasil teve aumento de 123 % (passando de 4,52% para 10,06%), enquanto nos Estados Unidos esse crescimento foi de 486% (saindo de 1,20% para 7,04%).
MAR
Está dada a largada: a partir de agora empresas que oferecem o serviço de cabotagem poderão entrar firme na briga do transporte de cargas pelo País. O presidente da República sancionou a lei 14.301/22 estimulando o programa batizado de “BR do Mar”, que prevê mais facilidades para a navegação entre os portos brasileiros.
Com custo na maioria das vezes menor (a depender da distância), o transporte marítimo apresenta-se como real opção aos empresários nacionais e pela nova lei agora os estrangeiros poderão entrar no negócio, de forma progressiva. Neste primeiro ano serão permitidos dois navios gringos – destaca a Agência Brasil de notícias –; já no segundo ano de vigência serão três navios estrangeiros; no terceiro ano poderão operar quatro navios e, daí por diante, a quantidade será livre.
EMPLOYERS
Pelo quarto ano consecutivo, a B3 recebeu a certificação internacional Top Employers Brasil 2022 por suas políticas e práticas de gestão de pessoas. Temas como atração, contratação e engajamento dos funcionários, desenvolvimento de carreira, treinamentos, diversidade e inclusão, sustentabilidade, ética e integridade estão entre os 20 itens avaliados pelo Top Employers Institute para a concessão do certificado.
No total, as empresas inscritas respondem sobre 600 práticas e todas precisam ser comprovadas. O processo inclui ainda auditoria independente.