Pouca gente sabe que o termo win-win, tão usado hoje no mundo dos negócios, foi primeiro descrito por Mary Parker Follet em seu livro “Creative Experience” de 1924, para explicar o conceito de colaboração onde todos ganham na resolução de conflitos.

Quase 100 anos depois, esbarro em várias mulheres apressadas nas ruas de NY a caminho de um Climate Summit, no Fórum da Universidade de Columbia. Já na abertura, Luciana Ribeiro, uma das organizadoras do evento, abre o dia falando sobre soluções que desconstroem o paradoxo da competição X colaboração, propondo termos como “colaboração competitiva” ou “competição colaborativa”. Para mim, soou como uma atualização do win-win de Mary Parker.

Na sacola de pano do evento estava escrito “Brasil role in the net zero race” a corrida foi um termo apropriado ao que se espera de todos os stakeholders reunidos dia 13/09 para discutir o contexto climático, dada a morosidade com que andam sendo colocadas em prática as ações prometidas no Acordo de Paris em 2015.

O Brazil Climate Summit 2023, realizado por ex-alunos e alunos brasileiros da Columbia, me impressionou positivamente pela organização fora e dentro do palco. A começar pelo app completo com a agenda e a audiência do evento para network, seguido por painéis diversos em temas e de maioria feminina. Foram convidadas personalidades como a Head de Finanças Sustentáveis do Bank of America, Karen Fang; a Diretora de Clima e Sustentabilidade do Grupo Eurasia, Shari Friedman; além de Paula Caballero, Gerente Regional Latam The Nature Conservancy. Os dois outros convidados do painel eram um professor e um moderador.

E assim seguiu o evento, inspirando a audiência feminina não só pelas opiniões relevantes e profissionais sobre soluções para a crise climática, mas também por nos sentirmos representadas nas áreas mais diversas, por talentos femininos e referências em seus temas. O Brasil é visto como protagonista das soluções pela sua matriz energética com 92% de energias renováveis, agora com um governo mais participativo e comprometido com a sustentabilidade.

Aprendemos sobre mercado de carbono (e a necessidade urgente de sua regulação no país), sobre o modelo de conservação NBS (Nature Based Solution), sobre acrescentar agroflorestas em pastagens para diminuir emissões e capturar carbono no solo, Biocombustíveis para a produção de SAF (Sustainable Aviation Fuels), o que pode fazer dos nossos grandes aeroportos os maiores hubs de neutralização de carbono para grandes companhias aéreas, sem custo de transformação das aeronaves (como bem explicou Paula Kovarsky, da Raízen).

Projetos verdes e COP-30

Luciana Costa, Diretora de Infraestrutura, Energia, Transição e Clima do BNDES contou sobre novos projetos industriais verdes como produção brasileira de fertilizantes e hidrogênio verde, novas tecnologias de estocagem de carbono em plataformas da Petrobrás e sobre o momento especial do Brasil ao sediar a COP-30 no Pará, no ano de 2025.

Mas se estamos quase na last mile para a COP, muito ainda precisa ser feito em termos de compensação e equidade para comunidades que não se beneficiam dessas oportunidades. A agenda social ganhou voz e vez com representantes do setor público e privado ecoando a importância da Amazônia em pé, com o Instituto Arapyaú, Fundação Certi, Fundação Rede, Just Climate, Converge Capital Conference, Creators Academy, Instituto Oyá, Instituto Igarapé e Perifa Sustentável.

E adivinhem o que todas essas organizações tinham em comum? Mulheres talentosas e porta-vozes de suas causas no palco do evento. Com destaque para Kamila Camillo e Amanda da Cruz Costa, jovens ativistas negras, potentes, inspiradoras e mobilizadoras da nova geração. Amanda brilhou no painel com o governador do Pará Helder Barbalho, o Ministro de Relações Internacionais André Corrêa do Lago e o editor do Financial Times Michael Stott.

Como diz o ditado, “the market moves where the money goes”. Então, que nosso Green Deal brasileiro traga parcerias trans disciplinares, exponenciando soluções nativas, assinando políticas públicas inclusivas (empresas diversas vendem 35% mais), valorizando os resíduos como na produção de biomassa, e (o mais importante) seja sempre focado em pessoas, porque são elas que têm o potencial transformador.

De que lado eu quero estar na criação e divulgação de soluções climáticas? Do lado da Floresta, das histórias de transformação, da colaboração, do coletivo. Como disse Rachel Maia no evento seguinte do Pacto Global na UN, a gente quer a vela em cima da mesa para que “alumie” tudo. Que nessa maratona colaborativa competitiva, estejamos todas nós.

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Por Janine Bitencourt, escritora, publicitária, empreendedora, sócia da Sincronicidade Comunicação e Diretora de Marketing da La Naturelle e da Souvie Orgânica.

(Artigo enviado por Pina/Beatriz Xavier)

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