Tudo azul nos mercados na sessão de hoje, pelo menos até aqui. Mas ontem não foi assim, com mercados no mundo novamente mostrando quedas, em mais um dia de dificuldades. Nos EUA, o Senado pela segunda vez não conseguiu aprovar pacote de medidas para combater os efeitos do coronavírus, e a expansão do vírus pelo mundo continuou a assustar os habitantes e, claro, os investidores. A Bovespa encerrou com queda de 5,22% (no ano a queda já é de 45,05%), aos 63.569 pontos e o Dow Jones com perdas de 3,04% e Nasdaq com -0,27%.
Hoje mercados no mundo tentam buscar forte recuperação e na Ásia os destaques couberam para Seul com +8,60% e Tóquio com +7,13%. A Europa acelera valorização nesse início de manhã (Frankfurt com +6,54%) e futuros dos EUA com valorizações acima de 5%. Aqui, certamente temos muito espaço para recuperações, principalmente depois de o governo anunciar medidas de salvação para Estados e Municípios.
O presidente Donald Trump em rede social declarou que o Senado americano está próximo de um acordo (não tem jeito de não acontecer) e que pode chegar a até US$ 2,5 trilhões. Trump também elogiou o presidente do FED Jerome Powell pela presteza de ação na política monetária e o “cheque em branco” para recomprar treasuries e títulos com lastro em hipotecas.
Na Coreia do Sul, o governo dobrou o aporte de recursos para reduzir o impacto do coronavírus sobre as empresas para US$ 78,6 bilhões. Já na China já ocorre alívio com a quarentena na região de Hubei, exceto na província de Wuhan. Lá tiveram mais sete mortes nessa noite e 78 novos casos.
O dia também está sendo de anúncio de indicadores PMI de março para a atividade industrial e de serviços em diferentes países, todos em desaceleração, mas com melhor performance do setor industrial do que estava sendo previsto. No Japão, o índice composto (indústria e serviços) caiu para 35,8 pontos, vindo de 47 pontos. Na Alemanha, o da indústria caiu para 45,7 pontos, de previsão de ficar em 39,0 pontos. Na zona do euro, o industrial em queda para 44,8 pontos, de previsão de 40 pontos. No Reino Unido, queda para 48, de projetado em 45 pontos. Lá, o primeiro-ministro Boris Johnson deve ter que adiar o Brexit em função do coronavírus.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava forte recuperação de 7,06%, com o barril em US$ 25,01, e isso deve proporcionar melhor performance das ações de Petrobras. O euro era transacionado em US$ 1,087 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,81%, em queda. O ouro e a prata mantinham fortes altas na Comex e commodities agrícolas com viés de alta na Bolsa de Chicago.
No Brasil, o governo vai reeditar a MP que Bolsonaro mandou suspender por erros e o pacote de medidas de ajuda de Estados e Municípios parece bem recebido e encerra polêmica com governadores (pelo menos agora). São R$ 88,2 bilhões, sendo que R$ 32,6 bilhões em suspensão e securitização de dívidas, além de negociações de dívidas envolvendo R$ 9,6 bilhões e transferência de fundos.
No mercado, o dia deve ser de recuperação da Bovespa, dólar um pouco mais fraco (depende ainda da atuação do Bacen) e juros em alta. Porém, são mantidas as expectativas de que o Copom pode baixar a taxa Selic até (ou na) a reunião de maio.
Na agenda, as vendas no varejo de fevereiro e a confiança do consumidor de março e no exterior a reunião de ministros das finanças da zona do euro sobre ajudas e nos EUA as vendas de casas novas de fevereiro.
Bom dia e bons negócios, ressaltando o cuidado com operações curtas e alavancadas.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado