A tecnologia, sobretudo a inteligência artificial, tem provocado uma grande transformação nas formas de trabalho e de interação profissional. Setores como a comunicação, o comércio e os investimentos têm sido impactados por essa mudança, que também desperta o interesse de muitas pessoas em aprender sobre finanças por meio da internet e dos seus diversos algoritmos.
Porém, a inteligência artificial, apesar de inovadora em vários aspectos, também apresenta limitações em outros, especialmente por ser uma ferramenta programada, que não reproduz características humanas fundamentais como o julgamento crítico, a criatividade e a empatia, tão importantes para enfrentar situações complexas e imprevisíveis do cotidiano.
No planejamento financeiro, não se trata apenas de números e dados, por exemplo, mas também de valores, sonhos e emoções. Um consultor financeiro não é somente um especialista que sabe fazer contas e recomendar produtos, mas também um parceiro que acompanha o cliente ao longo de sua trajetória, compreendendo suas necessidades, expectativas e desafios.
Segundo a sócia da HCI Invest e planejadora financeira certificada pela Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro), Paula Bento, o ChatGPT, ou outras ferramentas de inteligência artificial, por mais avançados que sejam, não podem oferecer esse tipo de serviço personalizado e humanizado. “Esses recursos podem responder a perguntas específicas, mas não conseguem entender o contexto, a motivação e o propósito por trás”.
Ela também afirma que a habilidade de recursos tecnológicos de produzir informações precisas sobre o mercado de capitais deve ser vista com cautela, principalmente quando se trata de recomendações de investimentos ou avaliações de valor. “Até mesmo questões aparentemente simples como a escolha entre um CDB ou Tesouro Selic podem ser desafiadoras para quem não tem familiaridade”. Ela ainda destaca que, para isso, o investidor precisa levar em conta fatores como o prazo e as taxas de imposto de renda. “É preciso analisar cada situação”, aconselha.
Para Bento da HCI Invest, ainda há um grande desafio na tecnologia de IA. Segundo a especialista, a inteligência artificial é rápida, precisa, mas sem emoção, enquanto os humanos são lentos, imprecisos, mas excelentes em termos de execução. “Acho que a internet ajuda muito na difusão de informação sobre o mercado financeiro. Porém, ao mesmo tempo, simplifica demais os investidores”, observa.
O assessoramento financeiro, por outro lado, tem uma lógica difícil de ser substituída, porque é baseada na relação entre pessoas, que têm um conjunto diferente de responsabilidades e objetivos. Esse mesmo critério é ignorado no ChatGPT, por exemplo, que fornece respostas baseadas em uma metodologia de solução única para todos. O aconselhamento requer uma análise cuidadosa e personalizada da situação financeira, dos riscos, das oportunidades e das preferências de cada pessoa.
Por fim, Bento acredita que por envolver uma relação de confiança e comunicação entre o consultor e o cliente, a assessoria de investimentos não pode ser substituída por um bot de resposta. “Existem ferramentas úteis para obter conhecimento geral, mas que não servem como uma fonte para decisões de investimento de longo prazo”.
(Enviado pela Tamer/Adriano Santos)